quarta-feira, 26 de abril de 2017

Cinematura - Girlboss

Cinematura - Girlboss
Conheci a Sophia Amoruso há alguns anos em clube do livro, quando a leitura do mês era o famoso Girl Boss. Eu lembro de ter ficado bastante animada com a história da Nasty Gal, apesar de nunca ter me importado com a marca – eu não sou uma pessoa de marcas, vamos ser sinceros. Por isso também, estava bem animada com a produção da Netflix pra uma série baseado no livro dela, que foi lançada na última semana. Assim, não só vamos começar o primeiro Cinematura do ano, como também vamos realizar o primeiro que não é baseado em um filme, mas em uma série. Os tempos mudaram, não é mesmo?


Bom, pra quem não conhece a Sophia ou a Nasty Gal, ela é criadora da marca e uma das mulheres mais poderosas do mundo. Quando estava completamente sem esperanças na vida adulta, um dia ela percebeu que tinha talento pra produção e garimpo de peças e começou a vender roupas vintage repaginadas por um bom preço no Ebay. Isso foi quando a internet estava começando a virar negócio e muita gente ainda não acreditava nas profissões online, pois encarávamos a internet só como ferramenta e não como um modo de realmente ganhar dinheiro.


Depois daquele clube do livro, lembro de ter chamado a Helen no Whatsapp e falado sobre o quanto tinha adorado várias coisas, por existir uma identificação com o que ela tinha feito. Eu dizia que via muito da Sophia nas nossas loucuras de blogs, de garimpar coisas, fazer ensaios malucos, sem recurso algum pelo amor por uma ideia, que é o P! É claro que a diferença crucial entre nós e ela, é que ela é uma das pessoas mais ricas desse planeta, mas não precisamos falar disso, rs. Além disso, a amizade da Sophia com a Anne é muito próxima da nossa, por ser uma coisa de parceria e de abraçar as ideias uma da outra, mesmo por mais maluca que pareça.


Já a série, apesar de ser baseada no livro e por existir as histórias que vemos lá, é muito diferente em proposta. Enquanto que a versão escrita tem uma pegada mais motivacional e inspiradora de como gerar um negócio na internet e toda essa coisa de empreendimento que está na nossa geração, a versão da Netflix é algo mais romantizado e voltado pra outros detalhes da história da Sophia. Por isso mesmo, que em muitos momentos achei ela meio chata, forçada demais e meio mimada – mas talvez seja isso mesmo que ela seja, não é?. Mas ao mesmo tempo, a série não se propõe a contar a história do livro como ela é, pois estamos falando de um formato novo.  


Na série também temos a oportunidade de conhecer mais os personagens que fizeram parte da construção da Nasty Gal, além de entender um pouco sobre as questões mais pessoais que a colocam em determinada posição. Tirando o excesso de loucuras da Sophia, essa versão também tem pontos positivos. Gostei muito do ritmo da série, que é bem dinâmica e não perde muito tempo, além de ter um figurino maravilhoso e uma trilha sonora animadíssima (aproveita pra dar o play aí embaixo).


No final, é uma adaptação interessante e com uma proposta diferente do livro. E mesmo que não seja uma história que vá mudar a sua vida, não deixa de ser uma série pra aquele momento que estiver querendo assistir algo mais leve e dar umas risadas. Por que, afinal de contas, nem tudo precisa ser sério na vida, né?

Sandy Quintans
@sandyquintans

Cinematura é a coluna que falo sobre livros que viraram filmes (e no caso de hoje, que viraram séries). Há vezes que amo mais a história escrita e outras que acho que a versão pro cinema ficou melhor. Mas uma coisa sempre é certa: eu adoro conhecer duas versões de uma mesma história. Para ver outras edições, só clicar aqui

domingo, 23 de abril de 2017

Os meus 6 livros preferidos da vida

Os meus 6 livros preferidos da vida
Desde que cheguei aqui na Irlanda em janeiro, confesso que não tenho conseguido ler muito. A única coisa que li nesse período, foi a autobiografia da Rita Lee, que é uma coisa maravilhosa do universo. Mesmo assim, gostaria de não ter perdido o ritmo de leitura e inclusive, trouxe algumas coisas pendentes na minha mala, além do meu Kindle. Acho que por tudo ser muito novo, minha mente não tem conseguido focar num texto por muito tempo, é como se quisesse viver tudo o que está acontecendo comigo de uma vez, sabe? Então, resolvi reunir em uma lista os meus livros preferidos da vida, pra encontrar um incentivo nas histórias que mais gosto. 


1. Não me abandone jamais, de Kazuo Ishiguro – Vocês vão perceber que grande parte do conteúdo dessa lista já virou um Cinematura em algum período aqui no blog e com o meu livro preferido da vida não foi diferente. Eu havia ficado fascinada com o filme e desde que assisti e não parava de procurar o livro. Foi aí que a Helen me deu de presente no meu aniversário e eu estava certa em querer lê-lo a qualquer custo. A história é sobre a amizade de Kathy, Tommy e Ruth, que à principio são apenas crianças criadas em um orfanato na Inglaterra, na década de 1960, até a gente perceber que, na verdade, são clones criados para a doação de órgãos. Eu tenho um fascínio com ficções que são criadas para falar de humanidade (como o indicado ao Oscar desse ano, A Chegada) e essa foi a primeira história assim que tive um contato. É maravilhoso. 


2. Só Garotos, da Patti Smith – Eu falo tanto desse livro, mas nunca escrevi sobre aqui no blog. Fui ler por mera curiosidade, pois via várias pessoas falando sobre. Quando terminei estava encantada com uma história de amor à arte tão linda como a dela. O livro é uma autobriografia que fala sobre a amizade entre a Patti e Robert Mapplethorpe, em uma época de inocência em Nova York. É tão inspirador a forma como ela enxerga a arte, que agora fico achando ela uma das pessoas mais incríveis do planeta. Recentemente, ela também publicou o Linha M, que é também um biografia, em que Patti Smith fala mais sobre envelhecimento, morte, em uma fase completamente diferente do outro livro. É tão bom quanto. 


3. Precisamos Falar Sobre Kevin, de Lionel Shriver – Epa, mais um Cinematura aqui, rs. É engraçado, que eu comecei a ler essa história porque tinha adorado o filme e me deparei com algo completamente diferente da versão cinematográfica. Eu achava que estava lendo sobre uma história desses crimes tipo o de Columbine, mas na verdade era sobre maternidade e as dificuldades de ser mulher nesse planeta maravilhoso chamado terra. Outro ponto forte, é que Lionel é uma escritora maravilhosa, que não apenas te narra algo, mas que destrincha uma história de todos os pontos possíveis. Virei fã mesmo. 


4. Livre, de Cheryl Strayed – Esse também já foi um Cinematura, mas eu não li o livro por causa do filme. Eu fui acompanhar porque tenho esse fascínio por jornadas de auto descoberta e achava uma loucura uma pessoa que decidia largar a vida pra realizar a Pacific Crest Trail (PCT), uma trilha tão longa que começa na fronteira Estados Unidos/México e vai ter a divisa com o Canadá! (dá uma olhadinha num mapa, ). Eu acho que esperava algo meio "Na Natureza Selvagem", mas a verdade é que estávamos em frente algo muito mais profundo do que o desejo de largar a sociedade. A autobiografia da história de Cheryl Strayed nos contava sobre uma mulher que viu tudo desmoronar e que precisa em encontrar o seu caminho pra vida. Pode parecer clichê, mas esse é um livro transformador. 


5. Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie – Confesso que senti uma preguiça de ler esse quando me deparei com o preço do livro, mas meu sexto sentido me dizia que era melhor insistir nisso. Chimamanda é nigeriana e é uma das escritoras mais brilhantes que existem em na nossa geração. No caso de Americanah trata-se de um romance sobre Ifemelu  e Obinze, que se conhecem ainda adolescentes e enfrentam tempos complicados em uma Nigéria em pleno governo militar. Além disso, é uma história incrível sobre feminismo negro, que mostrou certas coisas que até então não havia entendido ou notado, que me fez olhar as coisas de um jeito completamente novo. Mas não é só feminismo, é algo sobre um povo muito similar ao brasileiro, que em vários momentos senti uma identificação incrível os nigerianos. Eu diria que é um livro obrigatório pra vida. 


6. Extremamente Alto & Incrivemente Perto, de Jonathan Safran Foer – Um dia estava fuçando na banca de liquidação da Fnac, como sempre faço, em busca da maior barganha e me deparei com esse livro por apenas R$ 1,90. Comprei e ganhei a oportunidade de conhecer uma das histórias mais lindas que eu já li, que também teve adaptação pro cinema e virou Cinematura aqui no blog. O livro conta sobre a história de Oskar, um menino de 11 anos que perde seu pai  na tragédia de 11 de setembro, no World Trade Center. Oskar é uma criança extremamente criativa e que tem dificuldades de relacionamento, por isso que seu pai sempre o estava incentivando a conviver com outras pessoas e desvendar mistérios. Quando ele morre, o menino encontra uma chave e decide saber o que ela abre, destrinchando Nova York enquanto lida com a morte de seu melhor amigo. Jonathan é um escritor muito criativo, que não tem medo de usar recursos literários a seu favor e é isso que torna o livro tão especial. 


Bônus – As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky – Apesar de não ter muitos livros do tipo aqui na lista, eu gosto muito de YA (Young Adult) e pra mim esse é o melhor de todos. É um livro bem curto e à princípio escrito de forma tão simples, que nos faz duvidar do quando ele é poderoso e pode nos contar tanto. Eu gosto de pensar que essa é a história que gostaria de ter lido durante a minha adolescência, porque de certa forma me ajudou a entender tanta coisa desse período. Mas também é um livro pesado (mais que o filme), meio como 13 Reasons Why. Eu não acho que precise explicar mais coisas sobre ele, mas se você quiser saber mais sobre a história de Charlie, tem um Cinematura inteirinho sobre, aqui


Agora que você conhece meus livros preferidos, que tal me indicar os seus?

Sandy Quintans
@sandyquintans

terça-feira, 18 de abril de 2017

O final de Girls e uma história sobre amadurecimento

O final de Girls e uma história sobre amadurecimento
Eu lembro perfeitamente quando estava escrevendo um texto recomendando Girls, da HBO, aqui no blog, lá em 2013, quando vivíamos a segunda temporada. No último domingo (16) chegou o dia de dizer adeus pra série, depois de seis temporadas de muita loucura. Mas não estávamos prontos pra isso. O curioso foi que várias vezes ao longo dessa jornada eu pude imaginar que ali poderia ser um final, mas quando ele aconteceu eu não me senti pronta.


Essa é a coisa mais legal que Girls nos deu nesses últimos anos: aquilo que você não quer. Não é uma série que vai entregar o caminho mais fácil e por muitas vezes a vida de Hannah, Marnie, Jessa e Shoshana beira o surrealismo. Mas no final nós entendemos que a história dessas mulheres era uma sobre amadurecimento, o que não é fácil e nem simples. Nunca foi a pretensão de Lena Dunham entregar algo que fosse óbvio, mas sim o de contar a louca jornada é que pertencer a essa geração e esse sentimento de que estamos todos perdidos, por saber que podemos fazer muito mais do que os nossos pais puderam. E isso também foi o que plantou o sentimento da dúvida: que legal que temos a oportunidade de fazer tudo isso, mas o que eu faço agora?


Eu também escrevi que Girls não é uma série pra todo e acho que não é nada que ninguém tenha a obrigação de assistir ou gostar (não vai mudar a sua vida). E acho que todas as críticas que recebeu ao longo desses anos é completamente válida, como por exemplo, por ser uma história de feminismo branco. Além disso, as personagens são difíceis de digerir e vira e mexe você aprende a lidar com o ódio em relação a uma pessoa diferente na história. Não é uma jornada tranquila. Eu mesma confesso: quis abandonar por diversas vezes e sempre me perguntava qual a razão pra encarar a bizarrice que ela pode ter algumas vezes. Porém, Girls abriu portas pra diversas discussões e pra produções que tinham o propósito de sair do lugar comum. Além de ser mais uma oportunidade pra falar sobre as nossas histórias, as das mulheres.

O curioso foi que quando a série estava em seus primeiros passos, comparávamos com uma versão moderna de Sex And The City e hoje essa afirmação nunca esteve tão longe da verdade. No início, o que era uma coisa meio comédia da vida pós-faculdade, tem uma mudança incrível de perfil da história na terceira temporada e um auge na quarta – seguida por questões importantes na quinta e sexta – foi quando eu comecei a realmente entender a razão da importância da série.


Girls veio nessas últimas seis temporadas propor a liberdade e quebrar ideias pré-concebidas de amor e amizade que queríamos carregar quando aquilo já não fazia mais sentido. É sobre aceitação e a ideia de que as coisas não são do que jeito que nós queremos, vamos aprender a lidar com esse fato. E a melhor mensagem de todos: estamos todos meio que sem saber o que fazer com as nossas vidas, porque a vida adulta é o maior conto de fadas que nos contam na infância, mas não há nenhum problema em tentar descobrir a resposta pra essa pergunta. Mesmo que algumas vezes a gente tenha que desistir de algumas coisas. 

E agora que entendemos tudo isso, pode ser que tenha sido um bom momento pra dizer adeus pra Hannah Horvath. 


Sandy Quintans
@sandyquintans

terça-feira, 4 de abril de 2017

Projeto Minha Calça Preferida - Semana 5

Venci os primeiros trinta dias do projeto! Tô me sentindo orgulhosa, porque já recomecei essa dieta umas cinco vezes e lá pela segunda semana eu escorregava e voltava pra estaca zero. 
Quando me falavam que depois de um tempo você se acostuma com as mudanças na alimentação eu não acreditava muito, mas percebi que é verdade.
Estou há um tempão sem comer lanches, bolachas, refrigerantes e posso dizer que já não sofro tanto. É claro que às vezes sinto vontade de comer um Big Tasty, mas quando penso em todo o meu progresso até aqui, a vontade vai embora rapidinho. 


via GIPHY
Acho que um dos grandes obstáculos em me manter em uma dieta é a ansiedade. Eu costumava ficar super ansiosa para me pesar ou tirar as medidas e me sentia muito culpada quando comia um pouco mais. Aos poucos fui percebendo que isso estava me atrapalhando e me fazendo sofrer, então resolvi parar de me cobrar tanto e deixar as coisas rolarem. Se um me der vontade de comer alguma coisa "proibida", vou comer. O mais importante é ter moderação. 

Quando me olho no espelho já consigo ver as mudanças no meu corpo. Aos poucos estou conseguindo vestir minhas antigas roupas e já me sinto bem melhor comigo mesma, o que é mais importante que entrar em qualquer calça. 

Helen Quintans
@helenquintans



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Precisamos falar sobre 13 Reasons Why

Precisamos falar sobre 13 Reasons Why
Não, a Netflix não me pagou pra escrever esse texto. Mas esse final de semana eu peguei uma gripe daquelas bem tensas e por isso fiquei em casa aproveitando minha assinatura e cai em "13 Reasons Why". Eu não sei como comecei a assistir a série, mas o que parecia uma história adolescente ia ganhando uma importância maior a cada episódio e percebi que algo relevante estava acontecendo ali, porque não se tratava de algo que era “apenas legal”, como Stranger Things (que amo), mas algo significante e necessário. Depois de conversar com a Helen sobre essa loucura de dois dias nas nossas vidas, resolvemos que queríamos falar sobre isso aqui no P!.


A série é sobre a Hannah Baker, uma adolescente comum dos Estados Unidos que decide cometer suicídio. Mas antes, ela resolve gravar treze fitas citando motivos e envolvendo pessoas que a levaram se sentir na obrigação de tirar a própria vida.  Em cada episódio, nós conhecemos um novo personagem e qual é a história por trás daquilo. A princípio cada pessoa que entra na soma acaba sendo um estereótipo daqueles de escolas americanas, que envolvem atletas, líderes de torcida e populares em geral, mas no desenrolar da coisa cada personagem ganha profundidade e acabam representando comportamentos que todos nós cometemos na sociedade, quase sempre sem perceber. Principalmente, se estivermos falando de distúrbios emocionais. 

Ainda existem pessoas que acreditam e que colocam esses problemas como frescura ou fraqueza, quando é algo grave que precisa de tratamento e acompanhamento – e isso é algo bastante discutindo na série. Há diversos comportamentos que continuamos reproduzindo, mesmo quando algo não faz o menor sentido, e como a Helen bem lembrou, acabamos minimizamos os sentimentos alheios. Não é por que você não sente determinada coisa que deve presumir que outra pessoa se sinta da mesma forma. É pra isso que sentimos empatia, pra nos colocar no lugar do outro e tentar entender.


Outra questão importantíssima colocada na série é a do machismo. Em diversos momentos do desenvolvimento da história são colocadas situações que mostram como as coisas são piores para as mulheres e como ainda continuamos culpando vítimas, apesar de todas as discussões. Acho que todos os episódios é um retrato tão verdadeiro de coisas que acontecem o tempo todo, que chega a ser um tapa na cara em nós como sociedade. 

Também é um reflexo interessante, por não colocar as pessoas como boas ou más, mas apenas como pessoas, que erram, que sofrem, que cometem coisas ruins, que causam coisas boas, com intenção ou sem. A questão toda levantada pela série (juro que não estou te dando spoilers) é que independente de quem somos, o que nos diferencia uns dos outros são as decisões que tomamos e como isso pode fazer diferença na vida de alguém. Inclusive, não fazer nada também pode tornar as coisas pior, simplesmente por recursarmos escutar algo importante ou algo sutil. 


Depois que a série foi lançada, as pessoas criaram uma campanha espontânea no twitter na hashtag #nãosejaumporquê pra falar sobre prevenção de suicídio e coisas que todos nós podemos fazer pra ajudar alguém. Depressão não é frescura. Bullying não é drama. Julgar alguém é inaceitável. Não vou dizer que vai ser fácil, mas assistam "13 Reasons Why"(e se quiserem também há o livro que inspirou a série, escrito por Jay Asher). É aquele tipo de história que vai te fazer remoer o que aconteceu, porque no fim a gente percebe que a Hannah é alguém que a gente conhece, alguém próximo, e que pode estar precisando de você.




Sandy Quintans
@sandyquintans

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