terça-feira, 18 de abril de 2017

O final de Girls e uma história sobre amadurecimento

Eu lembro perfeitamente quando estava escrevendo um texto recomendando Girls, da HBO, aqui no blog, lá em 2013, quando vivíamos a segunda temporada. No último domingo (16) chegou o dia de dizer adeus pra série, depois de seis temporadas de muita loucura. Mas não estávamos prontos pra isso. O curioso foi que várias vezes ao longo dessa jornada eu pude imaginar que ali poderia ser um final, mas quando ele aconteceu eu não me senti pronta.


Essa é a coisa mais legal que Girls nos deu nesses últimos anos: aquilo que você não quer. Não é uma série que vai entregar o caminho mais fácil e por muitas vezes a vida de Hannah, Marnie, Jessa e Shoshana beira o surrealismo. Mas no final nós entendemos que a história dessas mulheres era uma sobre amadurecimento, o que não é fácil e nem simples. Nunca foi a pretensão de Lena Dunham entregar algo que fosse óbvio, mas sim o de contar a louca jornada é que pertencer a essa geração e esse sentimento de que estamos todos perdidos, por saber que podemos fazer muito mais do que os nossos pais puderam. E isso também foi o que plantou o sentimento da dúvida: que legal que temos a oportunidade de fazer tudo isso, mas o que eu faço agora?


Eu também escrevi que Girls não é uma série pra todo e acho que não é nada que ninguém tenha a obrigação de assistir ou gostar (não vai mudar a sua vida). E acho que todas as críticas que recebeu ao longo desses anos é completamente válida, como por exemplo, por ser uma história de feminismo branco. Além disso, as personagens são difíceis de digerir e vira e mexe você aprende a lidar com o ódio em relação a uma pessoa diferente na história. Não é uma jornada tranquila. Eu mesma confesso: quis abandonar por diversas vezes e sempre me perguntava qual a razão pra encarar a bizarrice que ela pode ter algumas vezes. Porém, Girls abriu portas pra diversas discussões e pra produções que tinham o propósito de sair do lugar comum. Além de ser mais uma oportunidade pra falar sobre as nossas histórias, as das mulheres.

O curioso foi que quando a série estava em seus primeiros passos, comparávamos com uma versão moderna de Sex And The City e hoje essa afirmação nunca esteve tão longe da verdade. No início, o que era uma coisa meio comédia da vida pós-faculdade, tem uma mudança incrível de perfil da história na terceira temporada e um auge na quarta – seguida por questões importantes na quinta e sexta – foi quando eu comecei a realmente entender a razão da importância da série.


Girls veio nessas últimas seis temporadas propor a liberdade e quebrar ideias pré-concebidas de amor e amizade que queríamos carregar quando aquilo já não fazia mais sentido. É sobre aceitação e a ideia de que as coisas não são do que jeito que nós queremos, vamos aprender a lidar com esse fato. E a melhor mensagem de todos: estamos todos meio que sem saber o que fazer com as nossas vidas, porque a vida adulta é o maior conto de fadas que nos contam na infância, mas não há nenhum problema em tentar descobrir a resposta pra essa pergunta. Mesmo que algumas vezes a gente tenha que desistir de algumas coisas. 

E agora que entendemos tudo isso, pode ser que tenha sido um bom momento pra dizer adeus pra Hannah Horvath. 


Sandy Quintans
@sandyquintans

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