quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

The end of the f***ing world e o resgate do universo indie

The end of the f***ing  world e o resgate do universo indie
Mesmo que eu seja uma defensora dos filmes, nem mesmo eu consigo negar que estamos vivendo tempos brilhantes no quesito séries. Deve ser exatamente por isso que tenho assistido tantas ultimamente. Acho que nunca antes tivemos tantas produções interessantes e temas importantes abordando coisas que, ás vezes, os longas metragens não conseguem alcançar. Em meio a tudo isso, sempre surgem produções que são mais despretensiosas que acabam aparecendo ali pra acompanhar num dia que você esteja procurando algo diferente, sabe? 


The end of the f***ing world, da Netflix, é uma dessas séries curtinhas, bem produzidas pra você assistir de uma só vez. Ela não é feita pra ser a melhor coisa que você já viu na vida e não tem a menor pretensão de ser. Acredito que, justamente, por isso é que ela se dá liberdade de tentar coisas mais incomuns, combinando um mix de indie-rock com country americano, com uma temática super estadunidense e um humor bem britânico. 

James é um garoto que tem certeza que é psicopata e ele sente que está pronto pra encarar o próximo passo, que é matar uma pessoa. Já Alyssa é uma menina que se sente incompreendida e acha o mundo o saco, o que a acaba atraindo a fazer amizade com James, a única pessoa que parece ser um pouco fora da caixinha que ela conhece. Dessa aproximação, acaba surgindo o plano de fugir juntos e viver um pouco, enquanto que pra James essa parece ser chance ideal pra matar Alyssa. 


O que eu gosto muito dessa sinopse é que é uma produção em que a gente espera que seja americana, mas como a série é britânica, dá um toque esquisito pra como ela é contada. Inclusive, essa é uma brincadeira do roteiro, tanto com a trilha sonora, com a estética da fotografia e também dos próprios diálogos. A própria Alyssa comenta que “isso não é um filme, porque se fosse, estaríamos nos Estados Unidos”. Outro ponto positivo da série fica por conta da edição que torna tudo muito dinâmico e traz um humor bem sutil para as coisas. 

Tenho uma queda por histórias que usam dos roteiros surreais pra falar de coisas muito humanas. O comportamento bizarro desses adolescentes, na verdade, é mais uma oportunidade pra falar sobre traumas e depressão. Afinal, eles não chegam até essa fase de desesperança sem algo que os levasse até esse momento, situações que vamos descobrindo ao longo dos episódios e só por fim nos faz sentir empatia por esses personagens, que nada mais são que anti-heróis. 


The end of the f***ing world é uma série pra quem gosta de humor mais dark, mas também é uma boa pedida pra aquela tarde que você tá meio entediado e afim de ver uma coisa diferente, porque no mínimo será interessante. Ah! e a série já está confirmada para a segunda temporada.



Sandy Quintans
@sandyquintans

sábado, 20 de janeiro de 2018

Como é manter um blog em 2018?

Como é manter um blog em 2018?
Houve um tempo em que a internet era cercada de blogs e cada internauta seguia pelo menos uns quatro, cinco assiduamente. E depois a gente foi tendo que se despedir desses cantinhos pouco a pouco. Eu acho que blogar sempre foi uma das minhas coisas preferidas no universo, porque acabou sendo a melhor maneira de expressar meus sentimentos e compartilhar com alguém uma coisa interessante ou até mesmo uma reflexão. 

Ilustração da Betany Baker

Vocês se lembram como o mundo era há dez anos? Sabe, eu lembro, mesmo. Nós estávamos naquele frenesi de criar a profissão que hoje a gente credita como criador de conteúdo ou influenciador, com os blogs bem famosos e vários de look do dia. Hoje, nós encaramos a noticia de que o Petiscos está se aposentando, um blog, meio portal que ajudou a gente a moldar como é trabalhar na internet. 

A verdade, verdade mesmo, é que estamos em um tempo em que manter um blog é quase que um ato de resistência enorme, porque vai indo contra a corrente de tudo que está sendo criado pra internet, afinal, nós amamos uma rede social, não é mesmo? (eu amo mesmo, apesar de ter virado o jogo total pra pequenos criadores de conteúdo). Mas ainda bem que tá cheio de gente resistindo e escrevendo e sendo relevante, a gente só precisa de uma forcinha pra chegar até eles. 

Assim como a gente também precisa fazer uma força danada pra produzir conteúdo. Assim como se concentrar em uma leitura ficou cada vez mais difícil com toda a distração que o mundo moderno nos fornece, parar pra se dedicar a criar um texto, um ensaio ou qualquer coisa que merece ser compartilhada nunca foi tão difícil – mesmo que tenhamos acesso a tecnologia nunca antes vista pra auxiliar todos os processos. 

GIF incrível da Maori Sakai
Apesar disso, nunca amei tanto o conteúdo que passamos a produzir e acho, sim, que até aqui os últimos tempos foram os melhores em qualidade pro nosso canto. O futuro do P! eu realmente não sei qual é, mas esse é de longe o projeto do qual eu me orgulho mais, não só por ser algo que concretiza a irmandade de Sandy+Helen, mas por cada aventura que tudo isso nos proporcionou e por tudo que descobrimos sermos capazes de criar. 

Sandy Quintans
@sandyquintans
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