domingo, 31 de agosto de 2014

Passeios - A Bienal do Livro

Passeios - A Bienal do Livro
No último sábado fomos conferir de perto a Bienal de Livro de São Paulo deste ano e tivemos um dia ótimo e repleto de coisas interessantes. Com pouca grana no bolso, fomos com a intenção de aproveitar promoções, os debates, palestras, autógrafos e apresentações que estavam na programação e mal vimos o dia passar. Até parece que com todo o nosso amor pelos livros nós perderíamos essa, né?



Pra começar fizemos um passeio geral pra ver o que estava rolando.  E de cara já caímos numa promoção de livros de arte, todos por R$ 5. Nem conseguíamos escolher qual queríamos mais (a Helen então, nem se fale!). Depois seguimos em frente no nosso garimpo de promoções e caímos no stand do SESC. Foi aí que  a coisa que ficou feia, porque encontramos tantos livros baratos que não conseguimos nem carregar. Aliás, fica a dica, leve carrinhos de feira ou uma mala com rodinhas pra poder carregar tudo, pois nós tivemos que pagar o guarda-volumes (que custa R$15) pra dar conta do recado. Na próxima edição, prometemos solenemente não cometer o mesmo erro. 


Uma de nossas prioridades pro evento, era pegar um autógrafo do Ziraldo, que estaria no stand da Melhoramentos a partir  das 15h30. Pra isso, decidimos pegar nossas edições que líamos quando éramos criança. A Helen levou a primeira edição de "Flicts" e a Sandy levou "Uma Professora Muito Maluquinha". Depois de 2h30 de fila, enfim a recompensa, ganhamos nossos autógrafos nas nossas edições do coração e fotos pra guardar de recordação <3.

Nossa reação ao ver o autógrafo de ~zoeira~ do Ziraldo no livro da Sandy.
E o Flicts da Helen recebendo a marca registrada do autor <3

Depois da maratona atrás de Ziraldo, saímos bem em tempo de pegar o debate que estava rolando em um dos espaços do evento, com os autores Maria Adelaide Amaral ("Anjo Mau" e a "A Casa das Sete Mulheres"), Marçal Aquino ("O Cheiro do Ralo" e " Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios") e George Moura ("Amores Roubados" e "O Canto da Sereia"). Eles falaram de um tema que nós interessamos muito,  sobre adaptação literária para roteiros de cinema e TV. O encontro foi muito produtivo, em que cada um contou sobre suas dificuldades e um pouco de seus trabalhos fantásticos.


Pra fechar com chave de ouro, tivemos um pequeno impasse de horários, em que teríamos de decidir entre ver a palestra com o fantástico fotógrafo Sebastião Salgado e o show de Lirinha. Optamos pela segunda opção e não nos arrependemos. Conhecemos o trabalho de Lirinha há um tempão e depois do fim de Cordel do Fogo Encantado, ainda não tínhamos tido a oportunidade de conhecer o trabalho solo. Ficamos encantadas e muito felizes com o show (apesar de a iluminação do show quase ter nos cegado, hahaha).


Sem dúvidas vivemos o dia intensamente. Mal podemos esperar pela próxima edição para ter mais experiências fantásticas como essa <3.

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

Obs.: Com exceção das fotos do Ziraldo, todas as imagens são do site oficial da 23ª Bienal do Livro de São Paulo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Desimpedida: O P! está Fechado com o Aranha

Desimpedida: O P! está Fechado com o Aranha
Não dá para acreditar que em pleno 2014, onde acabamos de sediar uma linda Copa do Mundo, ainda aconteça episódios deste tipo. Preconceito é mais do que crime, é feio, é ignorante, não faz sentido algum e só mancha a história do futebol.

Durante um mês de Copa do Mundo foi lindo ver todas as torcidas unidas, os país, gente de todas as crenças, idades e raças juntos, vibrando, gritando, torcendo e mais do que isso, se divertindo muito no estádio de futebol. Mas agora diante de campeonatos nacionais, vemos cenas assim: um time perdendo em casa e com uma parte da torcida completamente descontrolada. 

O mais triste disso tudo é saber que não foi a primeira vez que parte da torcida do Grêmio se mostrou ignorante. Não tenho nada contra aos amigos "Imortais", mas no último GreNal, com um péssimo gosto, a mesma parte da torcida resolveu fazer piada da morte do Fernandão - ídolo da torcida Colorada que morreu há alguns meses em um acidente aéreo. Triste. 

Ontem, o jogador Aranha fez mais do que certo e foi muito mais inteligente do que meia duzia de torcedores: não se rebaixou, pediu para que aquilo fosse gravado, para não passar impune mais uma vez. Porque afinal, todos os dias - infelizmente - acontecem insultos desse tipo no campo de futebol. O câmera para quem ele pediu, me parece não ter atendido o goleiro, mas as câmeras da ESPN flagraram o momento em que uma gremista gritava em alto e bom som: MACACO. 

Já vi e revi essa imagem inúmeras vezes e não me conformo. Não me conformo porque a "torcedora fanática" naquele instante acabou com o brilho e encanto de uma partida de futebol. Com toda a alegria e com certeza não machucou apenas o coração do Aranha, machucou a nação de muitos outros negros, outras famílias e amantes deste espetáculo. 

Esse é o assunto do dia no Brasil, país do futebol, lembra ? Já me deparei com várias opinião, respeito todas, mas com certeza discordo de várias. Como por exemplo, outros torcedores gremistas apoiando a atitude da garota. Na minha opinião: errado. 

Também me deparei com muita gente dizendo que foi uma "brincadeira". Mais uma vez: errado: Não dá para aceitar que seja levado na brincadeira. Se a pessoa não gostou, aliás, se é considerado crime, a tal brincadeira não deveria nem existir.

As pessoas também me disseram que talvez fosse "coisa do momento", errado mais uma vez. Já está circulando pela internet várias imagens que mostram que realmente ouve maldade na "brincadeira". Imagens com a própria torcedora que ao que pude ver, até agora não apareceu nem para pedir desculpas. 

Muita gente também disse que esse tipo de coisa deve ser ignorado. Errado. Talvez por ser tão ignorado, chegou onde chegou. E sim, eu acho que algo tem que ser feito. Não me venha com aquela ladainha de que "nada funciona por aqui", eu acredito no Brasil. E se a mudança não vem de cima, tem que partir de nós.

E ainda tem o lado dos clubes. O caso com o Aranha, a gente sabe que infelizmente não é o primeiro e como disse Robinho, não será o último, mas os clubes precisam se mexer. Enquanto não houver intervenção, as coisas não vão mudar. Os torcedores vão continuar achando que mandam nos clubes e que podem tudo. Me desculpem os amantes do futebol, assim como eu, mas é a própria torcida que está destruindo tudo. 

Não dá para generalizar, porque realmente não é todo mundo que faz o que alguns fazem. Não é todo mundo que sai de casa pra brigar, quebrar tudo. Não é todo mundo que sai de casa apenas para xingar o time adversário. E às vezes, a ignorância é tanta, que tem que gente que sai de casa para xingar o próprio time, quebrar a própria casa - como gostamos de chamar. 

Me lembro bem que disse que iria trazer assuntos legais e divertidos, mas precisei falar sobre isso esta semana. Eu vou à estádio, vou em Arena ver basquete e vôlei e, se me convidar, vou até na pelada no bairro e por isso não dá pra aceitar. As punições cabem aos clubes, à Justiça e principalmente ao Ministério Público, a nós que estamos aqui indignados, cabe a mudança.

Nós temos grandes nomes negros envolvidos no esporte, não vale a pena destruir por tudo isso. Temos: Pelé, Robinho, Daiane dos Santos, Serena Willians, Usain Bolt, Michael Jordan, Aranha, Tinga, Gil entre tantos outros... E todos esses saem ou saíram de casa algum dia para fazer aquilo que gostam, que ganharam o dom, pra trazer alegria. Não vale de jeito nenhum deixar com que eles voltem para casa tristes, chateados e com um coração completamente machucado. 

O P! adere a campanha #FechadoComOAranha e vale lembrar: não precisa ser do esporte, qualquer pessoa independente de classe social, religião, opção sexual, tamanho, peso e zás, merecem nosso respeito e o P! abraça a causa nacional contra o preconceito e fecha com todos eles! Tamo junto? 






Virgínia Alves
@VirginiaB_Alves 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Joana leu: Como (quase) namorei Robert Pattinson, de Carol Sabar

Joana leu: Como (quase) namorei Robert Pattinson, de Carol Sabar
"Como (quase) namorei Robert Pattinson"
Carol Sabar
editora Jangada
464 páginas

"Aos 19 anos, Duda é literalmente viciada na saga Crepúsculo. Já perdeu a conta de quantas vezes leu os livros da série e assistiu aos filmes. Através de um perfil secreto na internet, ela se comunica com outras fãs que, assim como ela, estão totalmente convencidas de que não há garoto no mundo que valha um dente canino do vampiro Edward Cullen. Sua obsessão ganha fôlego com uma temporada de estudos em Nova York, onde ela faz planos mirabolantes para conhecer pessoalmente Robert Pattinson, o ator que interpreta o vampiro nos cinemas."
Esse livro é muito divertido! Mas não um divertido bobo, sem conteúdo, forçado: a autora Carol Sabar conseguiu usar um tema que estava super na moda - vampiros de Crepúsculo - para escrever uma estória cheia de momentos cômicos, mas com personagens quase reais, que em alguns momentos nos fazem até esquecer que a base para tudo foi a criação de Stephenie Meyer.
Como não poderia deixar de ser, a protagonista é uma adolescente, que está deslumbrada pelas criaturas de "Crepúsculo", em especial pelo ator que vive Edward nos filmes, Robert Pattinson, que ela considera o homem mais lindo do universo. Para alegria de Duda, ela vai passar alguns meses estudando em Nova York, e quer dar um jeito de conhecer seu ídolo nesse período.

Ela vai morar em Manhattan com a irmã e algumas meninas mais velhas que ela, que não entendem sua fixação pela saga. Então ela leva seus livros de estimação (sim, de estimação, já que ela os trata como se fossem a coisa mais importante do mundo) escondidos na bagagem, para continuar lendo e relendo sua estória preferida.

Eis que ela acaba trancando os livros no armário do apartamento, e não sabe a senha para abri-lo. Duda fica muito nervosa e quer pegar seus livros de volta, mas não pode contar para ninguém que eles estão ali. A partir desse acidente algumas situações a levam a conhecer seu vizinho, um menino lindo e maravilhoso que é a cara do Pattinson. Imaginem a cabeça da pobre Duda quando se vê frente a frente com seu suposto ídolo!

Miguel é lindo, rico, misterioso e, para ajudar, tem um Volvo prata igualzinho ao do Edward, mas parece não saber dessa coincidência incrível. Duda vai se envolvendo com o menino e ele se torna uma obsessão para ela, uma pessoa mais inalcançável que o próprio Pattinson, já que Miguel se mostra um tanto quanto complicado e confuso, ora querendo ficar o mais longe possível de Duda, ora lhe dando uma pontinha de esperança de também sente alguma coisa por ela.

Tudo isso rende momentos muito divertidos e as risadas são garantidas. Duda tem um ótimo humor e usa muito sarcasmo em suas frases, e as meninas que dividem o apartamento com ela também se mostram muito espirituosas. Com muitas referências a cinema, música e a cultura em geral, Carol Sabar cria bons diálogos, cheios de humor, choques de realidade e sonhos de uma jovem que, no fundo, só quer ver seu amor correspondido.

Pouco antes do final do livro acontece uma reviravolta surpreendente e Duda protagoniza cenas hilárias, numa aventura que me pegou de surpresa, já que eu acreditava que àquela altura do livro nada mais aconteceria de relevante, e era só esperar o final feliz dos personagens principais. A menina se mete numa pequena confusão, mas que acaba valendo a pena pois deixa mais perto de a realizar seu grande sonho.

O livro é consideravelmente grande, mas a leitura é tão leve e divertida que dá pra terminar rapidinho e ainda se divertir muito com as peripécias de Duda. A estória tem vários momentos que merecem destaque, mas nada é mais impagável que a Crepuscólica em ação: Duda mantém um perfil secreto numa rede social onde compartilha com outras meninas seu amor por "Crepúsculo", tão exageradamente quanto qualquer menina que viveu essa fase de verdade. Eu ri muito e até me identifiquei um pouco com Duda, e sei que se eu tivesse 15 anos na época do lançamento dos livros, com certeza também seria como ela.

O livro é bom demais, e eu super recomendo: esqueça o preconceito contra a saga, já que aqui o foco é a Duda, e não os vampiros. "Como quase namorei Robert Pattinson" é interessante desde a capa, e a narrativa divertidíssima também pode te pegar de surpresa. A escrita de Carol Sabar é impecável e ela usa de um humor tão inteligente que diverte o leitor, fazendo o livro cumprir seu papel, que é entreter. Apesar de ser voltado para um público juvenil, qualquer pessoa pode ler e se divertir com cada trapalhada de Duda em busca de seu grande ídolo.

Joana Masen
@joana_masen

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Cinematura – Extremamente alto & Incrivelmente perto

Cinematura – Extremamente alto & Incrivelmente perto
Lembro que há alguns anos atrás estava assistindo ao Oscar e me deparei com alguns comentários sobre Tão Forte e Tão Perto, de que o filme com Sandra Bullock e Tom Hanks não era grande coisa. Esse é o tipo de comentário que me faz querer assistir a um filme. Confesso que não tinha achado grande coisa também, até achar o livro que deu origem ao filme, o Extremamente Alto, Incrivelmente Perto, no saldão por R$ 3,90. Adoro comprar livros baratos, mas confesso ter um pé meio atrás quando a esmola é demais.

Li com certa relutância e esse se tornou um dos meus livros preferidos. Parte dessa adoração se deve ao autor, o Jonathan Safran Foer (que também escreveu Tudo Está Iluminado). Ele criou uma narrativa interessante, com duas histórias paralelas, que no final se encontram e dá todo o sentido.

O filme conta a história de Oskar, um garotinho de 9 anos que perde seu pai no acidente de World Trade Center. Acostumado a desvendar mistérios com a ajuda do pai, Oskar um dia encontra uma chave nos pertences dele e decide descobrir o que ela abre. Para ele, o pai armou tudo só para que ele encontrasse.

Oskar é uma criança extremamente cativante, em que se descreve como desenhista de joias, astrofísico, estudante de francês, tocador de pandeiro, ator shakespeareano, inventor e pacifista. Isso é porque ele é uma espécie de gênio, que sofre com distúrbios de ansiedade e possui dificuldade pra se relacionar com desconhecidos. Por isso, a perda do pai é tão difícil de enfrentar, já que são melhores amigos.

Por se tratar de uma obra tão complexa, é que talvez o filme não tenha conseguido captar as angústias de Oskar e a história que é contada paralelamente. Mas não deixa de ser uma boa pedida, principalmente pelo ator que o interpreta, o lindinho Thomas Horn. De fato, Tom Hanks e Sandra Bullock acaba ficando de lado com o carisma do jovem ator. Também não é um daqueles roteiros fiéis a obra original, mas que nesse caso é um ponto positivo. Dezenas de coisas não funcionariam na grande tela.

Esta é uma história sobre perdas, separações e perspectivas. É uma aventura bem contada e emocionante, que eu recomendo de coração aberto.

Sandy Quintans
@sandyquintans

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Playlist do P! - Destinos

Playlist do P! - Destinos
Boa parte dos músicos passam a vida viajando e com o pé na estrada.Talvez por isso é que temos tantas músicas que falam de lugares, bons e ruins, e que nos faz querer viajar. Na playlist dessa semana. resolvemos escolher dez destinos em forma de canções. Do Brasil ao mundo, reunimos todos os tipos de lugares, desde destinos pra pensar, até os que não nos farão perder a festa. Aperta o play aí e conheça alguns lugares que adoraríamos visitar ao som de uma boa música.
  1. Almir Sater - Milhões de Estrelas
  2. Damien Jurado - Ohio
  3. Simon & Garfunkel - The Only Living Boy in New York
  4. Elba Ramalho e Geraldo Azevedo - Petrolina-Juazeiro
  5. The Avett Brothers - The Once And Future Carpenter
  6. Lynyrd Skynyrd - Sweet Home Alabama
  7. Leandro & Leonardo - Rumo a Goiânia
  8. The Beatles - The Ballad of John and Yoko
  9. Johnny Cash & June Carter - Jackson
  10. Chitãozinho & Xororó - 60 Dias Apaixonado
Sandy e Helen Quintans
@prontousei

sábado, 23 de agosto de 2014

A Newsletter do P!

A Newsletter do P!
Hoje é dia de novidades e adoramos contar coisas novas. Quem acompanha nosso blog, sabe muito bem que sempre nos esforçamos pra trazer assuntos que tenham a ver com a nossa cara. Além de sempre querer trazer conteúdo próprio e dicas legais. Nós sempre divulgamos nosso conteúdo pelas redes sociais e a página no Facebook sempre foi nossa maior aliada. Até que o querido Mark Zuckerberg tem se esforçado muito pra a gente divulgue nosso trabalho com anúncios, coisa inviável para quem produz conteúdo por prazer. Para nós, é incabível pagar por anúncios, quando já temos outros gastos com o blog, pra sempre deixar ele lindão pra vocês e pra gente também. 

E foi assim que surgiu a ideia de montar uma newsletter, que chamamos carinhosamente de "Quentinhas do P!", para trazer as últimas postagens do blog, junto com conteúdo exclusivo. Prometemos que não iremos encher sua caixa de emails, já que vamos mandar uma edição por semana, que você vai poder guardar pra ler quando quiser. A primeira edição irá sair neste domingo (24), e se eu fosse você correria assinar pra não perder mais nenhuma novidade. Basta clicar aqui e seguir as instruções.

Agora se você não é muito fã de emails e não quiser receber as Quentinhas do P! (eu sinto muito que irá ficar de fora dessa e perder conteúdo exclusivo) pode adicionar a nossa página na sua lista de interesses e selecionar pra receber notificações. Assim também não perderá nenhum conteúdo do nosso blog.

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Joana leu: Espíritos de gelo, de Raphael Draccon

Joana leu: Espíritos de gelo, de Raphael Draccon
Espíritos de gelo
Raphael Draccon
editora Leya
176 páginas
"Um homem acorda acorrentado, com os braços para cima, em uma sala escura, com dois torturadores vestidos com detalhes masoquistas ao lado e um interrogador baixinho, vestido com roupas sociais e uma camisa surrada do Black Sabbath. Eles o informam que ele acordou em uma banheira sem um rim e sofreu um choque amnésico, que o impede de lembrar os detalhes. Assim sendo, eles partem do princípio de que  outros choques traumáticos podem desbloquear essas memórias, se necessários. E se iniciam as piores partes. O livro faz referências à lenda urbana da banheira de gelo, às lendas ao redor da história do rock'n'roll e até às motivações e psicologia ao redor da criação das lendas urbanas."

Esse foi o primeiro livro do Draccon que li e já me encantei! A escrita dele é moderna e a leitura flui muito bem.

Sem nenhuma explicação, um homem acorda num lugar estranho, amarrado, e com três pessoas que ele nunca viu, uma lhe fazendo perguntas e as outras duas lhe espancando a cada resposta que eles julgam incompleta ou irônica. O torturador quer que ele conte o desfecho de uma história da qual ele não consegue se lembrar, e usa as mais diversas formar de causar dor, dizendo que isso o ajudará a recordar tudo o que aconteceu. Eles estão numa sala escura, quente, abafada, fedida e com chão úmido, que me lembrou bastante o quarto de torturas do livro "1984".

"Lá dentro daquela sala se escutavam gritos que vinham de fora e, por mais longe que as outras salas estivessem, pareciam vir de dentro; porque pareciam vir de nós mesmos."

Aos poucos o método realmente vai fazendo efeito e o homem preso começa a narrar sua história desde que conheceu uma linda mulher chamada Mariana Slaviero até o momento em que foi encontrado numa banheira cheia de gelo com apenas um rim. Não é spoiler dizer que o protagonista se lembra de como acabou naquela situação, já que a história narrada por ele é muito mais intrincada do que podemos imaginar.

Nosso protagonista se envolve com Mariana e descobre que a moça faz parte de um tipo de seita, para onde ela quer levá-lo também: o grupo de participantes, guiados por um guru esquisito, se encontra no templo em busca de prazer sexual profundo, além do normal alcançado pelas pessoas. Ali praticam sexo transcendental e esperam atingir um nível de satisfação quase espiritual. Quase todo o foco da trama está nas atividades desse grupo, e é ali que acontece o fato principal que leva o protagonista a perder um rim e não se lembrar de como aconteceu.

É interessante a forma como o autor conduz a narrativa, usando como linha temporal os lugares onde cada fato aconteceu (cativeiro, mansão, motel, ponte etc), deixando implícito para o leitor quando a cena está acontecendo no tempo presente e quando o narrador está contando algo do passado.

Além disso, o livro é muito atual, cheio de citações de filmes, livros e, principalmente, bandas de rock contemporâneas; diferente de outros autores, Raphael Draccon fala claramente sobre essas referências, e não as usa de forma metafórica, exigindo que o leitor as decifre pelo contexto da estória. Ele cita Neil Gaiman, Irmãos Grimm, O Senhor do Anéis, Eu sei o que vocês fizeram no verão passado, Rolling Stones, Black Sabbath, Rain Man, Beatles, Sr. Miyaghi e até Edward Cullen, e essas referências não ficam forçadas. Elas se encaixam no enredo de forma natural e, muitas vezes, dão um toque descontraído à narrativa.

Alguns dos diálogos entre o protagonista e seu torturador são muito interessantes, quando eles debatem de forma divertida temas sérios e profundos, e isso contribui para que a leitura seja dinâmica e prazerosa.

O final do livro é muito bacana: além de fechar a estória com acontecimentos totalmente plausíveis, o autor ainda disserta sobre lendas urbanas e a forma como elas se espalham. E também dá para tirar uma lição do desfecho da trama.

Draccon conseguiu me convencer com sua escrita atual e sua forma inteligente de contar uma boa estória. Em alguns momentos seu estilo me lembrou um pouco o de Tony Bellotto, e isso me fez gostar ainda mais da leitura. O ponto forte da narrativa com certeza são as referências, mas a estória como um todo é muito boa, e é totalmente possível terminar a leitura em apenas um ou dois dias, já que o enredo prende a atenção do leitor, que fica, a cada capítulo, esperando descobrir como se resolve o mistério que nem o próprio protagonista consegue lembrar.

Joana Masen
@joana_masen

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Cinematura - Derby Girl

Cinematura - Derby Girl
Roller Derby é o que dá pra se considerar um esporte rock'n roll: enérgico, eletrizante e verdadeiro. Quando assisti ao primeiro filme dirigido por Drew Barrymore, Whip It, não fazia muita ideia do que poderia ser esse esporte e foi meio paixão à primeira vista. Agora corta pra 2014, quando eu estava garimpando livros em uma liquidação e encontrei o "Derby Girl", o livro que deu origem ao filme.

Se você não sabe nada sobre o esporte, precisa entender algumas coisas básicas. É um jogo de contato, apenas para meninas (corajosas) de patins. É um clássico "quem chegar primeiro ganha", tirando o fato de que aqui é permitido bloquear e derrubar a coleguinha no chão pra ela não chegar primeiro. Entendendo esta parte, fica fácil entender a razão de tantos hematomas e da paixão avassaladora que a Bliss sentiu a primeira vez que assistiu a uma partida.


Bliss mora numa cidade pequena do Texas, pacata, que ela julga sem graça e que sente que nada ali serve para ela. O grande sonho dela é viver em Austin, a cidade movimentada e que tem tudo o que ela sonha. Principalmente: longe da mãe louca por concursos de beleza. Em um golpe de sorte ela consegue ir pra Austin em uma festa e descobre o esporte.

A adaptação não trouxe grandes mudanças ao roteiro e em grande parte é bastante fiel. Apesar de ser uma defensora dos livros, prefiro a Bliss de Ellen Page e aos clima criado por Barrymore. O foco se dá muito mais à equipe de Roller Derby e aos jogos do que o livro. Além de ter amado a trilha sonora (que dá pra ouvir nesta playlist do Spotify)


Depois que eu li a história original, não senti que contribuiu muito depois de já ter assistido ao filme. Senti que faltou Roller Derby ali, mas ainda assim é uma leitura muito divertida. Principalmente, porque a Bliss é muito criativa, amante da música e uma estrela do jogo.


Sandy Quintans
@sandyquintans

Pra ver as edições anteriores de Cinematura, clique aqui

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Os looks da Kiana

Os looks da Kiana
Em minhas últimas pesquisas de blogs legais pelo mundo afora eu estava procurando algo que fosse diferente de tudo que eu já tivesse mostrado no blog. Mas a minha paixão pelo vintage e pela década de 1960, me fez trazer uma blogueira muito parecida com os outros blogs que já mostrei, mas ao mesmo tempo com um estilo muito próprio. Kiana vive na Califórnia mantém o Finch & Faw. Fiquei muito encantada com suas fotos e composições, o que me fez sentir que não poderia deixar de compartilhar com vocês.

Sandy Quintans
@sandyquintans

terça-feira, 19 de agosto de 2014

DIY - Customizando Cervo em MDF

DIY - Customizando Cervo em MDF
Sempre víamos na internet essas peças que imitavam taxidermia e ficamos loucas para ter as nossas, já que combinava demais com o tipo de decoração que adoramos. Então resolvemos comprar um cru mesmo, de MDF, porque sai bem mais barato, pra depois customizar e deixar com a nossa cara. 

 O tutorial de hoje é uma novela. Tivemos de testar alguns materiais, sofrer muito, destruir algumas peças, até entender qual era o problema. A primeira ideia que tivemos foi revestir com tecido (quem acompanha nossos tutoriais, sabe que somos fãs número 1 do revestimento com tecido). Deu um trabalho danado e ficou lindo, mas hora de montar: caca da brava. Ficou muito grosso e as peças não encaixavam. Plano B: revestir com papel de presente, com uma estampa bem bonita e pintar outras partes com tinta para artesanato. O resultado ficou maravilhoso, mas o problema se manteve na hora de encaixar, e tivemos de ser persistentes. 
No fim das contas descobrimos que o defeito não estava nos nossos artesanatos, e sim, na peça que encomendamos. Apesar de ter vindo com defeito, nós já havíamos comprado outras peças deste vendedor (que encontramos no Mercado Livre e quem quiser a recomendação é só falar com a gente) e sempre veio muito certo. Desta vez foi um golpe do azar. A única coisa que você precisa lembrar é pedir para as peças  virem desmontadas, porque depois de coladas, não tem muito jeito pra customizar.
O passo a passo de hoje é bem simples, mas garantimos que o trabalho é grande. A primeira coisa a se fazer é escolher quais peça vai querer pintar e quais vai revestir em papel (1). Indicamos que é melhor pintar primeiro, assim a tinta já começa a secar. Depois de pintar, é hora de medir os papéis em cada peça de MDF, lembrando que é necessário fazer para a frente e o verso. Depois de colar, é hora de colocar o estilete pra trabalhar, retirando as rebarbas (2). Por último, é a hora de montar (3). Só não esqueça de arrumar uma maneira de sinalizar a ordem das peças, no nosso caso utilizamos uma fita crepe com a numeração. Uma última dica é impermeabilizar o papel com termolina leitosa ou com cola mesmo, para não sujar e juntar poeira.

Está certo que ele cru já era bem bonito, mas o revestimento deu um toque muito especial <3

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Joana leu: A segunda vez que te conheci, de Marcelo Rubens Paiva

Joana leu: A segunda vez que te conheci, de Marcelo Rubens Paiva
"A segunda vez que te conheci"
Marcelo Rubens Paiva
Editora Objetiva
192 páginas
"Depois de ver seu segundo casamento ruir e perder o emprego, Raul vai morar num flat, e no prédio conhece uma prostituta. Quando percebe, está gerenciando uma dezena de garotas de programa. Esse novo homem, porém, é colocado em xeque com o reaparecimento da sua primeira mulher."

A estória começa quando Ariela comunica a Raul que está saindo de casa e terminando o casamento. Sem maiores explicações, ela simplesmente diz que a relação não está mais funcionando, e deixa Raul perturbado, ora pensando que sua dedicação ao trabalho de jornalista foi o que acabou com o casamento, ora imaginando que sua esposa está se envolvendo com outro homem. A verdade é que Ariela saiu do apartamento, deixando para trás apenas alguns de seus livros de filosofia.

Em meio ao desespero pelo fim do casamento, Raul passa a conversar bastante com uma amiga de sua ex-esposa, Fabi, que parece compreendê-lo perfeitamente e sempre tem tempo para ouvir suas lamentações. Dessa convivência surge um forte desejo, de ambas as partes, e eles acabam ficando juntos. A ligação se fortalece tanto que Fabi se muda para o apartamento de Raul e eles passam a viver como um casal.

No fundo Raul nunca esqueceu Ariela, apesar de gostar muito de Fabi. Quando ela disse que queria terminar a relação, assim como fez sua primeira esposa, foi Raul quem saiu do apartamento, deixando toda uma vida para trás, e foi morar num flat emprestado por um amigo.

É a partir desse momento que sua vida começa a mudar radicalmente: com dois casamentos falidos e morando sozinho, Raul ainda é demitido da revista em que trabalhava há anos, ficando meio sem rumo. Então, em seus dias de ócio, a única coisa que ele encontrou para fazer foi ficar à beira da piscina do flat, aproveitando o sol. 

Desde a primeira vez em que esteve na piscina Raul percebeu a presença de várias meninas lindas, que, aos poucos, ele foi descobrindo serem garotas de programa. Inesperadamente, ele faz amizade com uma delas e começa a ser seu motorista, levando-a de um programa para outro e recebendo parte de seu pagamento por isso. A notícia se espalha e outras garotas pedem que ele faça o mesmo com elas.

Raul acaba gostando desse novo ofício, e começa a ganhar uma boa grana também, mas isso não lhe traz felicidade e ele continua sempre pensando em Ariela, desejando que ela volte e eles reatem o casamento.

Entre uma corrida e outra, o personagem Raul vai se aprofundando em filosofia, fazendo algumas reflexões interessantes sobre o ser ou não ser, sobre o agora e o ontem e sobre sua própria existência. De tanto pensar sobre o fim de seus casamentos, ele tenta criar poemas que expressem seus sentimentos, e esses são os momentos mais legais do livro. As frases do personagem são profundas, e ao mesmo tempo hilárias, mostrando toda a versatilidade do autor. 

O estilo de narrativa de Marcelo Rubens Paiva é muito peculiar, dando uma velocidade boa à leitura e envolvendo o leitor com seu ritmo crescente. Os parágrafos são curtos e sem rodeios; mesmo nos momentos em que ele fala sobre filosofia, que é um assunto mais complexo, o ritmo da leitura é mantido e não diminui o interesse do leitor.

Apesar de envolver o dia a dia de garotas de programa, descrevendo minuciosamente algumas situações vividas por elas, o livro não foca apenas nesse assunto, e não é em nenhum momento vulgar ou apelativo. A narrativa nada mais é que um retrato da vida das profissionais do sexo, em paralelo aos dilemas de Raul, que começa como um homem comum, que trabalha e mantém em casamento feliz, mas que descobre que é possível ganhar dinheiro fácil explorando a satisfação alheia.

O final do livro é muito inteligente, misturando um momento trágico com uma solução feliz para o impasse sentimental de Raul, e confesso que fiquei satisfeita com o desfecho que o autor preparou para ele, principalmente com a maneira que Marcelo encontrou para revelar o final. Os últimos momentos da narrativa podem surpreender o leitor e ao mesmo tempo fazê-lo pensar que, na segunda vez, nada poderia ter sido diferente da primeira.

Joana Masen
@joana_masen

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Cinematura - Realmente, Precisamos Falar Sobre Kevin

Cinematura - Realmente, Precisamos Falar Sobre Kevin
As histórias de psicopatas me fascinam e sempre me pergunto como pode existir pessoas que não sentem como os outros. Assisti "Precisamos falar sobre Kevin" esperando entender um caso - fictício - de um destes garotos Columbine e me deparei com uma história muito mais complexa e interessante do que um caso de massacre (que já seria o suficiente para prender minha atenção).


Quando assisti ao filme, que traz o brilhante Ezra Miller e a maravilhosa Tilda Swinton, fiquei completamente impressionada com a forma como a narrativa é conduzida. O ponto crucial desta história está justamente por ter como foco os impactos que ações de Kevin na vida de sua mãe, a armênica Eva. Por este ponto curioso da vida de um sociopata é que fui levada até o livro de Lionel Shriver. Este é um dos melhores livros que já li na vida e garanto que o título não é pra menos. É profundamente bem escrito e faz o filme, que já é muito bom, parecer um simples conto, quando na realidade é algo bem complexo.

Eva é uma mulher extremamente bem sucedida financeiramente, é fundadora de uma empresa de guia de viagens e se casa com o homem da sua vida. Tudo é perfeito até o momento que se sente pressionada  - pela sociedade e por sua idade - a engravidar. No livro, fica claro que a maternidade nunca foi um sonho de Eva e sua vida desmorona no mesmo instante em que Kevin nasce. A vida de Kevin é provoca-la e aos poucos tem sua vida destruída, por um filho que ela não desejou.

Simone de Beauvoir já nos ensinava que a vida é muito mais dura com as mulheres, e de fato é. O que quer dizer que as consequências do massacre são piores para ela do que ao próprio Kevin, que é tratado como herói entre os delinquentes. E o mais importante: a sociedade a culpa como responsável pelos atos de seu filho. Pra mim, a coisa mais triste na história é que ela sofre tudo sozinha. Desde o nascimento de Kevin, Eva sabia da inteligência e capacidade de persuasão dele, além de ter certeza de que tudo o que ele aprontava era para atingi-la. Enquanto seu marido não desconfiava de nada, não importava o quanto ela o alertasse e explicasse, ela sempre terminava cada episódio como culpada ou lunática.


Os atores foram escolhidos de forma brilhante para seus respectivos papéis e até agora não consegui imaginar escolha melhor. O foco entre o livro e a adaptação é que são diferentes. O livro gira completamente em torno dos sentimentos de Eva, suas escolhas e sua vontade de encontrar seus erros. Já o filme, apesar de também se tratar da história dela, dá muito mais ênfase ao Kevin (o que não poderia ser diferente, quando se tem um Ezra Miller como o Kevin).

Comecei tentando entender uma história de sociopatia e terminei em uma história com narrativa feminista. Eva é uma personagem extremamente forte e com características que não estamos acostumadas a ver em muitas mocinhas por aí. Ponto forte que, talvez, a adaptação não tenha conseguido captar devidamente.


Sandy Quintans
@sandyquintans

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