sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Joana leu: Memória de minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Marquez

Joana leu: Memória de minhas putas tristes, de Gabriel Garcia Marquez
Memória de minhas putas tristes
Gabriel Garcia Marquez
Editora Record
127 páginas
"No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei de Rosa Casablancas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar aos seus bons clientes quando tinha alguma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma de suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza de meus princípios. Também a moral é uma questão de tempo, dizia com sorriso maligno, você vai ver."

Essa citação feita na contracapa do livro não poderia resumir melhor essa história de amor e perdas, que fala sobre o sentimento que pode nos abater no final da vida, aquela sensação de não ter feito nada direito, ou de não ter realizado nossos sonhos.

Um jornalista que está para fazer 90 anos de idade é o narrador da história, que nos leva a uma reflexão profunda sobre os valores das coisas, mas principalmente, o valor da vida. Ele escreve crônicas sem graça para um jornal da cidade, e dá aulas de gramática para alguns jovens. Nunca se casou, e nunca se apaixonou por nenhuma das mulheres com quem se envolveu sexualmente, sempre prostitutas. Mora na mesma casa desde sempre, sozinho, e tem apenas uma empregada doméstica, que cuida de suas coisas.

Quando ele começa a sentir que sua vida está chegando ao fim, ele resolve se dar de presente uma noite com uma virgem, como a dona do bordel sempre lhe oferecia, mas que ele sempre recusava. Rosa Casablancas encontra uma jovem para ele e tudo fica acertado. 

Ao chegar no quarto, ele se depara com uma jovem belíssima, nua, porém num sono profundo. Então o jornalista decide não acordá-la, já que ele acredita que já não seria capaz de fazer sexo, devido a sua idade avançada, e passa a noite inteira admirando seu corpo nu e sua juventude. Ao amanhecer, ele volta para casa, deixando a quantia combinada com a cafetina.

Mas qual não foi a surpresa do nosso narrador ao descobrir que a jovem se sentiu rejeitada por ele, e queria devolver o dinheiro, por não ter realizado o trabalho contratado. Ele então marca novamente com ela, no mesmo lugar, para concretizar o ato sexual, e, mais uma vez, a encontra dormindo. Ele repete o que fizera na noite anterior, mas aproveita para falar com a moça enquanto ela dorme.

Assim, noite após noite, ele vai ao encontro dela, ela continua dormindo, e ele vai se apegando cada vez mais àquela bela jovem, que lhe faz companhia e ouve suas lamentações, ainda que esteja sempre dormindo. O velho passa a decorar o quarto, mobiliá-lo, enfeitá-lo e tenta deixá-lo bonito, imaginando que a menina iria gostar e se sentir mais a vontade quando estivesse acordada. A questão é que ele nunca encontra com ela desperta, sempre sai do quarto enquanto ela ainda está dormindo, mas se sente feliz e realizado assim.

Depois de muitas noites em claro ao lado da garota, ele se dá conta de que, enfim, está apaixonado por alguém, justo agora, quando está dando adeus aos prazeres da vida, e pensa que morrerá a qualquer momento. Em meio a essa descoberta, surge o conflito entre viver essa paixão plenamente ou apenas esperar a  morte. O escritor já não consegue ficar longe da sua jovem misteriosa, e decide ir atrás de seu amor.

O mais importante nesse livro é a reflexão do protagonista acerca da morte, suas conclusões sobre a velhice, e a conclusão de que ele não viveu a vida da forma como gostaria de ter vivido.

Garcia Marquez escreve de forma encantadora; ele conduz a narrativa com a destreza de um cirurgião, usando da mesma técnica que Saramago para a construção dos parágrafos, sem uma pontuação que indique o início dos diálogos ou dos pensamentos do jornalista, mas durante a leitura isso fica muito claro, definido pelo ritmo de sua escrita.

É impossível ler esse livro e não fazer um balanço da própria vida, analisar nossas atitudes e pensar em como será nosso futuro. Para quem, como eu, não gostaria de envelhecer, é uma boa oportunidade para rever seus conceitos e descobrir que a idade é apenas uma medida de tempo, e não um relógio que determina como devemos agir, ou o que devemos fazer com nossos dias, nossos sonhos e nossos amores.

Joana Masen
@joana_masen

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Pronto, usei! no Tardes de Verão

Pronto, usei! no Tardes de Verão
Antes de qualquer coisa: já iremos pedir desculpas por deixa-los sem playlist hoje. Mas garantimos que é por uma boa causa, já que estamos trabalhando bastante essa semana (além das nossas funções habituais).  O motivo de tanto trabalho é que nós estaremos na quinta temporada da festa Tardes de Verão, que vai rolar no próximo sábado (01/02).  Dessa vez, nós vamos vender headbands e tiaras de flores em um stand só nosso.
Além do nosso lindo stand florido, vai rolar uma porção de coisas legais, com comida, drinks, petiscos, música boa e moda, tudo na beira do rio. Perfeito pra aproveitar uma tarde de verão apropriadamente. Por isso, esperamos vocês lá, pra usar nossas headbands e também aproveitar a festa.

Entrada: R$ 10 dilmas Mulher/ R$ 15 dilmas Homem
Cartões de debito e crédito, estacionamento com segurança e bombeiro para possíveis emergências. (PROIBIDO ENTRAR NO RIO)
Endereço: Rodovia Dom Pedro KM 118 (Mapa do local trajeto saindo do centro de campinas)

P.S.: Apesar de não termos playlist hoje, clicando aqui dá pra ouvir todas as outras que já fizemos ♥

Sandy Quintans
@sandyquintans

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Joana leu: Como salvar um vampiro apaixonado, de Beth Fantaskey

Joana leu: Como salvar um vampiro apaixonado, de Beth Fantaskey
Como salvar um vampiro apaixonado
Beth Fantaskey
editora Arqueiro
264 páginas
"Quando Jessica Packwood descobriu que era uma princesa vampira romena, sua pacata vida de adolescente virou de pernas para o ar. Ela precisou fazer as pazes com seu passado e vencer muitos obstáculos para ficar com seu belo príncipe, Lucius Vladescu. Depois de se casarem na Romênia, agora Jessica e Lucius devem unir os clãs mais poderosos dos vampiros e estabelecer a paz de uma vez por todas. Mas primeiro ela vai ter que convencer uma nação inteira de vampiros ardilosos de que tem plenas condições de se tornar rainha. Tudo se complica quando Lucius é acusado de assassinar um vampiro ancião, condenado à masmorra e Jessica se vê sozinha para tentar inocentar o marido enquanto aprende como governar e se fazer respeitada pelos demais vampiros."

Essa é a continuação de "Como se livrar de um vampiro apaixonado", que já foi resenhado aqui.  Jessica aceitou sua nova condição de vampira e princesa romena, casou-se com Lucius e agora vive com ele em seu castelo, onde ambos tentam governar uma nação de vampiros que antes eram dois clãs rivais e agora são apenas um, devido ao seu casamento.

Depois que chegou ao castelo e começou a aprender o funcionamento de tudo por ali, Jessica só teve contato com seu tio Dorin e sua prima Ylenia, sempre muito gentil e solícita, e até parecida fisicamente com Jessica. Talvez pela falta de amigos, Jessica está sempre mantendo contato com sua melhor amiga, Mindy, que esteve em seu casamento, mas voltou para os Estados Unidos.

 Quando um dos vampiros anciões é misteriosamente assassinado, Lucius decide seguir todas as leis à risca, a fim de descobrir quem cometeu o crime e condená-lo, mas, como uma ironia do destino, ele acaba sendo o principal suspeito de matar Claudiu e todas as provas estão contra ele, já que sua estaca foi encontrada suja com o sangue do morto e ele não tem como explicar por quê.

Então Jessica se vê obrigada a prender o próprio marido numa masmorra e mantê-lo sob um regime severo sem se alimentar de sangue até que seja julgado, mesmo sabendo que isso iria enfraquecê-lo e quase levá-lo a loucura. Enquanto ela sofre com o distanciamento de Lucius e tenta a todo custo encontrar alguma coisa que possa inocentá-lo das acusações, ainda tem que se fortalecer para que os anciões a respeitem como a princesa que é, e consolar a amiga Mindy, que veio ficar com ela, e está vivendo um impasse: apaixonada pelo vampiro Raniero, ao mesmo tempo que gosta e quer muito ficar com ele, luta contra esse sentimento pois o rapaz é o contrário de tudo aquilo que ela sempre esperou encontrar num amor.

Seguindo a mesma linha do primeiro livro, a inseriu vários momentos engraçados ao longo da estória, sem deixar infantil demais. O livro continua muito voltado ao público teen, apesar de abordar alguns assuntos mais pesados que no anterior, como morte e traição, só que de uma forma quase descontraída, e muito inteligente.

O romance é sim capaz de envolver o leitor, que, mesmo que venha a desvendar a trama antes do final do livro, como aconteceu comigo, ainda pode se divertir com os e-mails trocados entre Lucius e Raniero, ou com as dúvidas e indecisões de Mindy e sua paixão pelas revistas femininas.

Tem um mistério envolvendo a história de Raniero que vai sendo desvendado aos poucos, e do outro lado as descobertas feitas por Jessica que vão contribuindo para seu crescimento como pessoa, enquanto ela aprende que não pode confiar em todas as pessoas que se dizem suas amigas.

Assim, como o primeiro, eu adorei esse livro, e quando a leitura acabou, fiquei novamente com vontade de saber mais sobre a vida de Lucius e Jessica, e senti falta deles por vários dias. Será que rola uma continuação?

Joana Masen
@joana_masen

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Playlist do P! - Trilhas Sonoras que Amamos, Parte 2

Playlist do P! - Trilhas Sonoras que Amamos, Parte 2
No post de retrospectiva contamos que nosso post mais acessado de 2013 foi a nossa playlist de trilhas sonoras. E já que havíamos prometido, chegou o momento de fazermos a parte 2 e relembrar mais temas de filmes. Assim como dissemos no outro post, essas músicas representam a trilha, mas o melhor mesmo é ouvi-las completas ♥. Vem dar, play com a gente:
1. Submarine ( Alex Turner - Stuck On The Puzzle ) – Alex Turner usou todo o charme pra produzir a trilha sonora que embala o romance de Jordana e Oliver. Sem contar, que as canções completam as cenas e a fotografia do filme. 
2. O Grande Gatsby (Lana Del Rey - Young and Beautiful) – Esse é um daqueles filmes que a trilha sonora faz o maior sucesso antes mesmo do filme ser lançado. E também pudera, a maioria das canções foram feitas especialmente para o filme. Escolhemos a de Lana Del Rey por traduzir perfeitamente com o espírito que o filme nos passa. Puro luxo.
3. Billy Elliot (T. Rex - Cosmic Dancer) – T.Rex é a cara da trilha, já que a maioria das canções do filme é da banda. Essa é a primeira canção que toca e que nos faz pensar “começou bem!”. Sem dúvida, uma das melhores trilhas do universo. 
4. Hora de Voltar (The Shins - New Slang) – Essa trilha é cheia de música boa, que inclusive é um dos atrativos do filme que traz o charme de Natalie Portman. E claro, pra quem assistiu sabe que a melhor canção pra representar esse longa só poderia ser The Shins. 
5. Um Beijo Roubado (Norah Jones - The Story) – Norah Jones protagonizou o seu primeiro filme ao lado do lindo Jude Law. No final das filmagens ela escreveu a canção que virou tema de Um beijo roubado e entregou ao diretor. O resultado é uma canção linda e que ainda nos faz se apaixonar. 
6. Uma Lição de Amor (The Wallflowers - I'm Looking Through You) – Uma trilha sonora só com regravações dos Beatles é puro amor. Sem contar que ver Sean Penn e Dakota Fanning lutando para ficarem juntos é perfeito. Todas as pessoas do mundo deveriam ouvir essa trilha. 
7. A Vida Secreta de Walter Mitty (David Bowie - Space Oddity) – O filme estreou no fim de 2013 e já entrou pra lista de trilhas sonoras lindas. Ele conta a história de Walter Mitty, que de tanto sonhar acordado é chamado de Major Tom, igualzinho na canção de Bowie. 
8. Um Lugar Chamado Notting Hill ( Elvis Costello  - She) – O filme de Julia Roberts e Hugh Grant é um clássico do romance. Mesmo tendo deixado de fora da Playlist de Temas Inesquecíveis, “She” de Elvis Costello é definitivamente um tema inesquecível. 
9. P.S. Eu te amo (Chuck Prophet- No Other Love) – Esse é um daqueles filmes que a gente fica com a cara inchada de tanto chorar e sem querer sair do sofá (ou do cinema). A música de Chuck Prophet é linda de doer e ainda nos faz chorar mais um pouco. Excelente para momentos de fossa.
10. Quem Quer Ser um Milionário (Paper Planes - M.I.A.) – Essa trilha é uma das nossas preferidas. Além de ser excelente ainda foi escolhida a dedo pra cada cena do filme. 

E pra fechar, decidimos colocar como faixa bônus a trilha de um filme que nem estreou por aqui, o Inside Llewyn Davis, mas que já estamos completamente apaixonadas e viciadas. 
Ah! E pra quem quiser a primeira parte da playlist, é só clicar aqui.

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

DIY - Amor em MDF e tecido

DIY - Amor em MDF e tecido
Esse é um daqueles DIY que abandonamos na câmera por séculos. Mas resolvemos tomar coragem, e dividir com vocês pelo simples motivo de ser amor demais. Nós estávamos em nossos passeios semanais pelo bazar, pensando qual seria a nossa próxima aquisição. Foi aí que encontramos esse Love implorando pra ir pra casa, mais especificamente para o quarto da Helen, e o colocamos no carrinho. De quebra, a moça ainda nos ensinou a técnica para deixar o tecido do tamanho certinho do MDF. 
Os materiais são muito simples e a maioria deles vocês tem em casa, temos certeza. Quanto ao MDF, existem diversas palavras diferentes nas lojinhas de artesanato.  
Nós pintamos o nosso Love de cor-de-rosa. Para pintar não tem muito segredo, é lixar e passar tinta. Depois de seco medimos o tecido do tamanho aproximado e riscamos no tecido (pelo avesso, óbvio), deixando uma pequena borda (1). Depois recortamos o nosso molde, sem recortar o miolo das palavras (2). Com um pouco de cola, é só colocar o tecido no lugar (3) e (4). Agora, lixamos as bordas do tecido pra ele ficar do tamanho certinho do MDF e não ficar com nenhuma sobra (5). Vocês irão reparar que conforme vão lixando, o tecido vai partindo. Pra fazer o miolo, é a mesma técnica, corta um pouco, e a sobra lixa. Por último, passamos cola por fora, pra deixar o tecido brilhante e bonito (6 e 7). Dá pra fazer também com Termolina.  Agora é só escolher o lugar mais bonito pra coloca-lo (9 e 10). 

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Os indicados ao Oscar 2014 de Melhor Figurino

Os indicados ao Oscar 2014 de Melhor Figurino
Chegou aquela época do ano em que eu e a Helen ficamos confinadas assistindo a todos os filmes pro Oscar. Obviamente, nossa categoria preferida é a de melhor figurino. E como todos os anos, chegou a hora de conferirmos quais são os indicados de 2014.


Esse é um dos queridinhos da edição. É um filme sobre máfia, no melhor estilo de Hollywood, que se passa na década de 70. O figuro é de Michael Wilkinson, que é bastante experiente e já fez filmes como 300 e Watchmen.



O filme é de um diretor muito preocupado com os detalhes, Kar Wai Wong, que fez o lindíssimo "Um Beijo Roubado", por isso é muito bom vê-lo entre os indicados. O figurinista é William Chang Suk Ping que trabalhou junto com o diretor em "Um beijo roubado" e a "Amor à flor da pele" (e na maioria dos filmes dele). Quanto ao filme, ele conta a história do mestre de artes marciais, Ip Man, que foi o mestre de Bruce Lee e já teve diversas adaptações de sua trajetória do cinema. O filme se passa entre a segunda metade da década de 20 até década de 50, e foi bastante elogiado pela riqueza de detalhes. 


Esse é um figurino lindíssimo e, dentre os indicados, é o que mais gosto (lembra que falamos do filme aqui?). A figurinista aqui é Catherine Martin, que já fez diversas parcerias com o diretor, Baz Luhrmann, como em "Moulin Rouge", "Australia" e o lindo "Romeu + Julieta". O figurino foi tão bem falado, que rendeu diversos editoriais com o tema (inclusive um lindo pra Vogue, que comentamos aqui). 

Esse filme traz uma história muito antiga, que se passa em 1830 e 1850, e conta a história do romance de Charles Dickens e Nelly Ternan. O figurino é de Michael O’Connor, que fez figurinos lindos, em que eu sou apaixonada como "A Duquesa" e "Jane Eyre", que inclusive recebeu indicações também. Estou bem ansiosa pra ver esse figurino em cena (e também porque eu amo filmes nesse estilo).

Outro filme que está badaladíssimo na edição, traz uma história de 1841 em que conta a trajetória de um negro livre que é confundido e levado por traficantes de escravos. É uma história bastante emocionante, que tem um elenco impecável e um figurino da veterana Patricia Norris, responsável por trabalhos como "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford " e "Scarface".

E então, quais os seus favoritos?

Sandy Quintans
@sandyquintans

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Joana leu: O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde

Joana leu: O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde
O retrato de Dorian Gray
Oscar Wilde 
Editora Abril
283 páginas
"Versão de Oscar Wilde para o mito faustiano da perda da alma em troca dos prazeres mundanos, esse livro é um retrato da decadência moral e punição, exemplo do humor cáustico e refinado de seu autor." 

Dorian Gray é um belíssimo rapaz, muito ingênuo, que se deixa ser retratado pelo amigo artista Basil Hallward em uma pintura. O pintor se vê tão atraído pela perfeição da beleza de Dorian, que acaba fazendo dele uma inspiração para muitos outros quadros, um deles, inclusive, é considerado por Basil sua obra-prima, e ele não quer exibi-la em público pois acredita que expôs ali muito de si mesmo, e acaba por entregar a Dorian o retrato tão esmerado. Um dia, no estúdio do pintor, Gray conhece Lord  Henry Wotton, amigo de Basil, um aristocrata que é a personificação do cinismo. Ele também se interessa pela beleza de Dorian e começa a influenciar psicologicamente o garoto, que se mostra muito frágil e pouco conhecedor do poder que seu belo rosto exerce sob as outras pessoas. Dorian é facilmente influenciado pela conversa do Lord, que prega a busca do prazer pelo prazer, e que acredita que nada é mais importante que manter a beleza e a juventude.

Então, já muito seduzido pelos prazeres apresentados pelo novo amigo, Dorian está crente de que sua beleza está acima de qualquer pessoa ou sentimento e que com ela pode conseguir o que quiser. Certo dia, ao admirar sua face impecável no retrato pintado por Basil, Dorian sugere que daria qualquer coisa para manter-se sempre jovem e lindo e nunca perder a aparência que tem naquele momento. O tempo vai passando e o jovem rapaz se entrega a boemia incansavelmente, mas, por anos a fio, ele permanece igual e não envelhece. 

Enquanto Gray esbanja vitalidade e explora tudo o que a juventude e o dinheiro podem lhe proporcionar, ele percebe que o quadro está envelhecendo. Não, não é a pintura que está ficando velha, e sim, sua imagem retratada, que está ficando com um aspecto horrível, cheia de rugas e com  a cara de uma pessoa idosa. Dorian, praticamente enlouquece ao se dar conta disso e tranca o retrato num quarto abandonado da casa.

Numa tentativa desesperada de se livrar do quadro, ele recorre ao amigo pintor, que, ao ver a situação da sua pintura não acredita que aquilo possa estar acontecendo, e discute com o jovem Gray, que o ataca e acaba por matá-lo.

A partir dai, Dorian segue tentando se livrar da maldição da juventude eterna, e o autor, como grande questionador que era, passa a criticar através da estória a sociedade em que vivia, utilizando Lord Henry como seu porta-voz. Ele tenta mostrar também que não vale a pena perder a própria alma em troca de ganhar o mundo. Dorian tem seus momentos bons, onde tenta agir corretamente, e em outros age como se quisesse apenas enaltecer seu ego cada vez mais, e assim tudo o que ele toca vai se degradando a olhos vistos.

A obra de Oscar Wilde foi muito mal vista na época, além de ter despertado na maioria dos críticos a desconfiança de que o autor era homossexual. Mas deixando tudo isso de lado, o livro é um passeio ao âmago da luxúria, e nos mostra tudo o que uma pessoa pode fazer em nome da vaidade e do prazer imediato. Gray vive o momento, sem se preocupar com o futuro, e acaba pagando por isso com a própria sanidade, descobrindo que é impossível viver em paz quando se deixa seus valores de lado. 

A leitura foi um pouco difícil em alguns momentos, ficou cansativa enquanto o autor narrava as diversas aventuras hedonísticas do personagem, mas nada que tire o valor da obra em si, nem que diminua sua importância enquanto clássico da literatura. E essa edição que comprei na Bienal do Livro é uma graça, com capa revestida em tecido, que dá um charme todo especial ao livro, fazendo com que ele fique com cara de antigo.

Joana Masen
@joana_masen

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Playlist do P! - Folks do coração

Playlist do P! - Folks do coração
Bem vindos a primeira playlist de 2014. E devemos dizer, foi a playlist mais fácil que já fizemos, sem dúvida. Quando começamos a discutir qual seria o tema da nossa lista de hoje, as duas tiveram a mesma resposta: bandas folk. Isso é que é entrosamento. Na hora de escolher, apesar de ter deixado muitas coisas que gostamos de lado, também sabíamos exatamente o que queríamos colocar. No fim, ficamos com uma playlist cheia de coisas antigas, de coisas novas e, principalmente, de coisas que amamos. 
1. The Avett Brothers - Live and Die
2. Beirut - Elephant Gun
3. Mumford & Sons - Little Lion Man
4. Johnny Cash - You Are My Sunshine
5. First Aid Kit - Waltz For Richard
6. Peter, Paul & Mary - If I Had A Hammer
7. Mallu - You Ain't Gonna Lose Me
8. The Head and The Heart - Honey Come Home
9. Billie Joe Armstrong And Norah Jones - Silver Haired Daddy Of Mine
10. Simon & Garfunkel - America
E agora vocês nos perguntam: cadê o Bob Dylan? E a gente responde: claro que ele não poderia faltar. E pra mostrar o quanto nos o amamos, vamos coloca-lo no bônus track de hoje. Não é um amor?

Bob Dylan - Subterranean Homesick Blues - HQ from Noisefield on Vimeo.

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

P.S.: não se esqueçam que está rolando um sorteio lindo no blog. Pra participar, clica aqui :)

domingo, 12 de janeiro de 2014

Passam Anjos.

Passam Anjos.
Eu sei, gente, fotografo demais a Renata. Mas não dá pra evitar, eu gosto de produzir, ela gosta de posar. E é sempre bem divertido quando ela vem. E ó, nem venham me dizer que vocês não gostam de ver fotos dela. Ainda mais agora que está toda ruiva...
Quinta-feira, fomos na minha pracinha mágica e a fotografei com um vestido verde que combinou perfeitamente com seu novo cabelo. O livro que ela lê é o Vaga Música, de Cecília Meireles e uma de suas poesias batiza o ensaio. Espero que gostem.




 "Passam anjos desenrolando tempo,
   tempo sem fim. 
Tempo de seres tu para sempre
 e não seres mais nada para mim."


Modelo: Renata Cirigliano
Todo o resto ( haha! ): Helen Quintans



Helen Quintans

sábado, 11 de janeiro de 2014

Sorteio de Férias "Kit da Preguiça".

Sorteio de Férias "Kit da Preguiça".
Ok, as festas acabaram e, ouvimos dizer por aí que o ano já começou. Como assim?! Estamos de férias! E para combinar com esses lazy days, temos um sorteio bonito pra vocês.
Como já sabem, a  Dixie Arte e Estilo é uma super parceira do blog e nos ajudou a montar esse kit delicioso e divertido. Como participar? Facinho. Olha só.
Curta as páginas do P! e da Dixie Arte, compartilhe a imagem do sorteio, através do app abaixo e pronto. Inclusive, os links para curtir as páginas e compartilhar, estão no aplicativo. Basta irem clicando em cada item para aparecer. Agora, é só torcer. Uma dica importante é que o aplicativo pede para colar o link do seu compartilhamento. Pra pegar esse link, você precisa clicar aonde marca o tempo que compartilhou. O sorteio é dia 27. 
a Rafflecopter giveaway
Pronto, usei!
@ProntoUsei

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Joana leu: Pausa, de Colleen Hoover

Joana leu: Pausa, de Colleen Hoover
"Pausa"
Colleen Hoover
editora Galera Record
304 páginas
"Destinados um ao outro, Layken e Will superaram os obstáculos que ameaçavam seu amor. Mas estão prestes a aprender, no entanto, que aquilo que os uniu pode se transformar, justamente, na razão de sua separação. O amor pode não ser o bastante. Depois de testado por tragédias, proibições e desencontros, o relacionamento de Layken e Will enfrenta novos desafios. Talvez a poesia desse casal acabe num verão solitário... Sem direito a rimas ou ritmo. A ex-namorada de Will retorna arrependida de ter deixado o rapaz e está disposta a tudo para reconquistá-lo. Insegura, Layken começa a ler novas reações no comportamento de Will e, na insistência para adiar a 'primeira vez' de ambos. Presos em uma ironia cruel do destino, eles precisam descobrir se o que sentem é verdadeiro ou fruto da extraordinária situação que os uniu. Será que é amor? Ou apenas compaixão?"

A continuação de "Métrica" traz um pouco menos de poesia do que eu esperava, mas isso é totalmente justificado; aqui o foco é mais no relacionamento de Layken e Will e em como eles têm que aprender a viver contando apenas com o apoio de um ao outro.

Depois de grandes perdas sofridas pelo casal, agora eles estão mais unidos que nunca e compartilham as alegrias e desventuras de ser responsável por uma criança, já que cada um tem um irmão mais novo que tem que cuidar.

Apesar de se amarem muito, agora esse amor é colocado à prova, pois Will reencontra sua ex-namorada na faculdade, e, aparentemente, ela quer reatar o namoro. Ele fala que está apaixonado por outra, mas a garota não desiste e acaba colocando Will numa situação complicada com Layken, que se afasta e não sabe mais se devem continuar juntos. 

Então Will tem mais uma vez que provar que a ama pelos motivos certos, e não apenas por compaixão devido a situação ímpar que os uniu, e ele lança mão de sua poesia para conquistar Layken definitivamente.

O mais bacana de "Pausa" é que a estória é narrada por Will e não por Layken, como foi no primeiro livro, mas não é a visão dele de "Métrica", mas sim, a continuação dele. E a autora também inseriu novos personagens que se encaixaram perfeitamente na trama, como a menina Kiersten, que tem a mesma idade que os meninos Kel e Caulden, mas parece infinitamente mais madura que eles, e a mãe dela, que é bem descolada e muito consciente.

Os amigos que apareceram no primeiro livro estão lá, com um pouco menos de destaque, mas com sua importância dentro do enredo, além da participação de um antigo amigo de Will, que se mostra não tão amigos assim.

O livro também tem a sua pitada de drama, como não poderia deixar de ser: mais uma perda repentina ameaça a relação de Will e Layken, mas as coisas são lentamente se resolvendo.

Também tem momentos emocionantes durante o slamm, que é a apresentação onde pessoas declamam seus poemas. Para quem quiser saber mais sobre poesia e slamm, acesse os posts da semana especial "Métrica" aqui.

Gostei muito dessa leitura, mesmo que não tenha chorado nem me emocionado tanto quanto no primeiro, mas também passei por alguns trechos em que fiquei com os olhos cheios d'água. Agora é só esperar o desfecho no terceiro volume.

Joana Masen
@joana_masen

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Joana leu: As esganadas, de Jô Sores

Joana leu: As esganadas, de Jô Sores
As esganadas
Jô Soares
264 páginas
Editora Cia. das Letras


"A cidade do Rio de Janeiro da década de 30, durante a era Vargas, é a cidade palco para esse novo romance de Jô Soares, onde um serial-killer ataca apenas as mulheres gordas. Formada por um delegado rabugento e seu assessor medroso (que está sempre trajando um terno branco impecável), e apoiados por um ex-inspetor português que conheceu o poeta Fernando Pessoa e uma linda repórter da revista "Cruzeiro", a trupe tenta, aos trancos e barrancos, desvendar os misteriosos assassinatos das mulheres gordas da cidade. O serial-killer, Caronte, dono da funerária mais conhecida da cidade, e cidadão acima de qualquer suspeita, age sempre da mesma forma: atrai as vítimas com uma variedade incrível de doces portugueses expostos no carro funerário disfarçado, e, após satisfazer sua gula, as leva para um barracão abandonado onde as mata com requintes de crueldade, utilizando algumas das receitas portuguesas preferidas de sua mãe, que também era gorda. É o suspense na tentativa de capturar o assassino que move o leitor pelas páginas do livro, e o prazer em acompanhar a narrativa do autor, que mescla seus profundos conhecimentos históricos com seu característico bom humor, sendo capaz de criar personagens marcantes e nos levando, inclusive, a torcer para que o culpado não seja pego no final."

Jô Soares sabe como ninguém conduzir uma boa trama policial carregada no humor. Ele abusa das piadas, mas isso não empobrece o enredo em nenhum momento, que, aliás, é recheado de fatos históricos contados com propriedade, já que o autor nasceu no ano em que se passa a história de Caronte, o protagonista da estória: um agente funerário que se sentia rejeitado pela própria mãe, mas que adorava saborear suas comidas e seus doces portugueses, só poderia acabar com Complexo de Édipo. Suas vítimas eram sempre mulheres gordas, assim como sua mãe, com quem ele sempre manteve uma relação de amor e ódio. Enquanto Caronte adorava sua progenitora, ela o tratava sempre como um inútil e o desprezava sempre que podia.

Apesar de tantos maltratos, Caronte adorava as guloseimas preparadas pela mãe, e acabou usando-as como arma para matar suas vítimas. Ele atraía as mulheres mais gordas e comilonas a um carro cheio de doces portueses deliciosos, porém carregados de sonífero, e, quando elas comiam, ele aproveitava para sequestrá-las e levá-las a um lugar escondido atrás de sua funerária. Lá ele as torturava usando muita comida até que eles morriam de tanto comer. Como todo serial killer, Caronte sentia prazer em matar essas mulheres e imaginava que estava matando a própria mãe. Além disso, ver as mulheres sofrendo até morrer o deixava excitado. 

Já na parte engraçada do livro temos o policial português, e inteligente, que vem ao Brasil para ajudar na elucidação desse caso, e que acaba virando piada pronta para o leitor. Ele jura que conheceu Fernando Pessoa e sempre faz alusões ao seu relacionamento com o poeta, tirando do sério o delegado responsável pelo caso. As peripécias do investigador e sua colega repórter em busca da identidade do assassino rendem boas risadas durante a leitura.
É com muita maestria que Jô nos conduz pelo enredo: enquanto a graça de ler uma trama policial, geralmente, é acompanhar o passo a passo até que se descubra o bandido, aqui o autor já deixa claro quem é o culpado no começo do livro, mas não deixa que o leitor perca o interesse na história, utilizando sua inteligência refinada e seu grande conhecimento histórico-cultural, que se encaixa perfeitamente na trama e enriquece a leitura. 

Sendo um bom criador de personagens, Jô os constrói aqui com graça e elegância, dando a cada um deles um perfil que passeia entre o cômico e o trágico, como é o caso do assessor do delegado, que está sempre pronto para tudo, muito bem vestido e alinhado, mas que no fundo é um grande covarde.


O autor pinta de forma engenhosa um retrato do Rio de Janeiro da época, e nos conquista com sua narrativa simples e direta. O livro é envolvente e é impossível para de ler antes do final. Não é a toa que ele esteve na lista dos mais vendidos por semanas logo após seu lançamento. 

Joana Masen
@joana_masen
Copyright © 2017 Pronto, usei!