quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Joana leu: O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde

O retrato de Dorian Gray
Oscar Wilde 
Editora Abril
283 páginas
"Versão de Oscar Wilde para o mito faustiano da perda da alma em troca dos prazeres mundanos, esse livro é um retrato da decadência moral e punição, exemplo do humor cáustico e refinado de seu autor." 

Dorian Gray é um belíssimo rapaz, muito ingênuo, que se deixa ser retratado pelo amigo artista Basil Hallward em uma pintura. O pintor se vê tão atraído pela perfeição da beleza de Dorian, que acaba fazendo dele uma inspiração para muitos outros quadros, um deles, inclusive, é considerado por Basil sua obra-prima, e ele não quer exibi-la em público pois acredita que expôs ali muito de si mesmo, e acaba por entregar a Dorian o retrato tão esmerado. Um dia, no estúdio do pintor, Gray conhece Lord  Henry Wotton, amigo de Basil, um aristocrata que é a personificação do cinismo. Ele também se interessa pela beleza de Dorian e começa a influenciar psicologicamente o garoto, que se mostra muito frágil e pouco conhecedor do poder que seu belo rosto exerce sob as outras pessoas. Dorian é facilmente influenciado pela conversa do Lord, que prega a busca do prazer pelo prazer, e que acredita que nada é mais importante que manter a beleza e a juventude.

Então, já muito seduzido pelos prazeres apresentados pelo novo amigo, Dorian está crente de que sua beleza está acima de qualquer pessoa ou sentimento e que com ela pode conseguir o que quiser. Certo dia, ao admirar sua face impecável no retrato pintado por Basil, Dorian sugere que daria qualquer coisa para manter-se sempre jovem e lindo e nunca perder a aparência que tem naquele momento. O tempo vai passando e o jovem rapaz se entrega a boemia incansavelmente, mas, por anos a fio, ele permanece igual e não envelhece. 

Enquanto Gray esbanja vitalidade e explora tudo o que a juventude e o dinheiro podem lhe proporcionar, ele percebe que o quadro está envelhecendo. Não, não é a pintura que está ficando velha, e sim, sua imagem retratada, que está ficando com um aspecto horrível, cheia de rugas e com  a cara de uma pessoa idosa. Dorian, praticamente enlouquece ao se dar conta disso e tranca o retrato num quarto abandonado da casa.

Numa tentativa desesperada de se livrar do quadro, ele recorre ao amigo pintor, que, ao ver a situação da sua pintura não acredita que aquilo possa estar acontecendo, e discute com o jovem Gray, que o ataca e acaba por matá-lo.

A partir dai, Dorian segue tentando se livrar da maldição da juventude eterna, e o autor, como grande questionador que era, passa a criticar através da estória a sociedade em que vivia, utilizando Lord Henry como seu porta-voz. Ele tenta mostrar também que não vale a pena perder a própria alma em troca de ganhar o mundo. Dorian tem seus momentos bons, onde tenta agir corretamente, e em outros age como se quisesse apenas enaltecer seu ego cada vez mais, e assim tudo o que ele toca vai se degradando a olhos vistos.

A obra de Oscar Wilde foi muito mal vista na época, além de ter despertado na maioria dos críticos a desconfiança de que o autor era homossexual. Mas deixando tudo isso de lado, o livro é um passeio ao âmago da luxúria, e nos mostra tudo o que uma pessoa pode fazer em nome da vaidade e do prazer imediato. Gray vive o momento, sem se preocupar com o futuro, e acaba pagando por isso com a própria sanidade, descobrindo que é impossível viver em paz quando se deixa seus valores de lado. 

A leitura foi um pouco difícil em alguns momentos, ficou cansativa enquanto o autor narrava as diversas aventuras hedonísticas do personagem, mas nada que tire o valor da obra em si, nem que diminua sua importância enquanto clássico da literatura. E essa edição que comprei na Bienal do Livro é uma graça, com capa revestida em tecido, que dá um charme todo especial ao livro, fazendo com que ele fique com cara de antigo.

Joana Masen
@joana_masen

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