quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Joana leu: 1984, de George Orwell

1984
George Orwell
editora Cia. das Letras
416 páginas
"1984 não é apenas mais um livro sobre política, mas uma metáfora do mundo que estamos inexoravelmente construindo. Invasão de privacidade, avanços tecnológicos que propiciam o controle total dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos e guerras para assegurar a paz já fazem parte da realidade. Se essa realidade caminhar par o cenário antevisto em 1984, o indivíduo não terá qualquer defesa. Aí reside a importância de se ler Orwell, porque seus escritos são capazes de alertar as gerações presentes e futuras do perigo que correm e de mobilizá-las pela humanização do mundo."

Ok, eu não sou fã de clássicos, e sempre deixo isso bem claro. Tanto que ainda não tinha lido esse livro por achar que não era o momento. Mas, de repente, o momento chegou, e eu resolvi encarar o desafio, e o fiz com a mente aberta, sem nenhum tipo de preconceito ou má vontade com a estória de George Orwell. E no início eu até gostei do livro, parecia que ia ficar interessante, com um personagem principal cheio de dúvidas, mas com muita vontade de romper barreiras e lutar contra um sistema totalmente opressor. Infelizmente, não continuei gostando tanto assim.

A maioria das pessoas já deve ter ouvido as comparações que são feitas entre esse livro o reality show "Big Brother", e eles têm lá seus pontos em comum, mas o programa tem um toque de entretenimento que o livro não possui, além de ser bem mais moderno.

Winston, o protagonista, perdeu a mãe precocemente, perdeu a esposa, mora sozinho, e trabalha para o Partido, que controla tudo. Sua atividade consiste em alterar informações de jornais, revistas, livros e qualquer tipo de registro escrito, de acordo com a vontade do Grande Irmão, para que as notícias sejam sempre positivas, ou seja, a história é mudada conforme os interesses do Partido, e assim eles vão manipulando as pessoas, impedindo-as de pensar por si mesmas, e de consultar arquivos que lhes mostrem o passado para que não coloquem em dúvida o que o Partido determina.

Num mundo onde as pessoas são impedidas de pensar, o Partido controla todo e qualquer passo das pessoas através de teletelas instaladas por todos os lugares, inclusive, dentro das casas da população, e, ao menor sinal de rebeldia ou de atitudes que sejam contrárias à ideologia do Partido a pessoa é castigada, simplesmente desaparece, sem deixar rastros, e sua existência é apagada da história. Então, as pessoas vão vivendo vigiadas, aceitando a vida que o Grande Irmão lhes proporciona, sem discutir ou questionar.

Mas sempre existem aqueles que não se conformam com a situação e tentam mudar o mundo. Nesse caso, é Winston quem tem ideias revolucionárias, desejo de mudança, mas não sabe como começar a colocá-los em prática, até que conhece Júlia, uma jovem muito atraente e que pensa mais ou menos como ele, a diferença é que ela quer desafiar o Partido apenas para benefício próprio: ela quer viver sua vida à sua maneira e nada mais importa.

E é a partir daqui que as coisas começam a ficar muito lentas: eu realmente achei que o casal iria viver um romance que resultaria  em algum tipo de luta contra o Partido, que eles iriam descobrir outras pessoas que tivessem os mesmo ideais e que o Grande Irmão seria minimamente desafiado. Mas não: Júlia se mostra chata e sem graça, as vezes até dorme enquanto Winston está falando com ela, o que me levou a pensar que ela poderia ser uma espiã do Partido.

A certa altura, Winston começa a ler um livro de uma suposta Fraternidade, que lutaria contra o regime, onde estaria escrito tudo o que ele precisaria saber para lutar contra o Partido, mas o livro é MUITO CHATO! São muitas páginas descrevendo os detalhes de como seria o mundo sem o domínio do Grande Irmão, e a leitura não rende. Pensei em desistir várias vezes, mas como já tinha abandonado esse livro há algum tempo atrás, persisti na leitura, acreditando que a estória melhoraria. Mais uma vez, me enganei.

Nada de interessante acontece, nem mesmo quando Winston acaba sendo preso e a armadilha preparada para ele pelo Partido aparece. Uma vez que caiu nas garras do Partido, o personagem sofre as piores humilhações e torturas, passa muito tempo sem comer, beber ou dormir, e é castigado com eletrochoque para que mude seu modo de pensar e seja fiel aos princípios do Partido. Ele luta por muito tempo, tentando manter sua opinião, mas o sofrimento fica insuportável a ponto dele desejar a própria morte.

Enfim, mesmo não podendo revelar aqui o desfecho decepcionante da estória, tenho que dizer que não gostei do livro. Não só porque envolve muita política, mas porque me decepcionei com o rumo que ele tomou: eu esperava um final épico, com pessoas se rebelando e desafiando o regime ditatorial em que viviam e não apenas um casal que planejava mudar o mundo mas acaba pensando apenas em seu próprio prazer (final de quem é acostumado a ler muito romance).

No início eu achei que Winston era um personagem bem construído, e que, com o cenário apresentado, ele iria crescer dentro da estória e se tornar um herói clássico. Mesmo o enredo tendo potencial para se desenvolver de maneira mais contundente e deixando a possibilidade de acontecerem situações de conflito que fizessem o leitor pensar nos rumos que o nosso mundo está tomando, eu não me afeiçoei a ele, talvez por não ser fã de política. "1984" faz jus aos comentários que eu já tinha ouvido sobre ele,  com toda a crítica que faz à sociedade e a forma lúdica que ele apresenta situações de conflito e opressão, para fazer o leitor questionar, pensar, refletir, conhecer seus governantes para saber como cobrá-los quando achar que está sendo enganado.

Recomendo a leitura sim, pois acho que um livro nunca é ruim de todo; se eu não me identifiquei com ele, muitas pessoas gostaram, e acho que muitas outras ainda podem gostar. Se você quem já leu, por favor, deixe suas opiniões nos comentários, gostaria de saber seu ponto de vista.

Joana Masen
@joana_masen

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Copyright © 2017 Pronto, usei!