Eu sou a última sobrevivente. Além de mim, só existe o vazio. Eu sou o vazio.
Eu poderia ser livre, mas não existe nenhuma prisão. Não
existe ninguém para que eu possa odiar, ninguém para que eu possa amar.
Eu sou apenas uma lembrança. A poeira daquilo que um dia existiu. Meu único inimigo é o meu coração e nenhuma arma vai me proteger. A natureza devorou a saudade.
Não existe mais tempo, eu sou passado, presente e futuro. Nada se move.
Não existe pecado ou perdão. O sofrimento se tornou inútil e a alegria, irreal.
Não existe poesia quando a métrica é a repetição infinita.
Eu sou apenas uma fração de segundo, mas a minha respiração parece eterna.
A eternidade é luz e sombra.
A beleza é inútil.
Eu sou a última sobrevivente. Além de mim, só existe o vazio. Eu sou o vazio.
Fotos:
Helen Quintans
Texto:
Flávio Carnielli
Modelo:
Renata Cirigliano
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