Estava
muito ansiosa pra ouvir o álbum novo do Arctic Monkeys, que foi lançado na
última semana. Eu já sabia que ia ser algo diferente de tudo aquilo que eles haviam
feito e saber que uma de suas bandas preferidas está vivendo uma fase de
mudanças sempre dá um frio na barriga. Mudar dá um frio na barriga, ponto. Tem
horas que a gente não quer, mas a vida sempre se encarrega de entregar uma
novidade, porque o universo nunca para por mais que a gente peça.
Alex Turner por EB Leung, um dos maiores compositores da minha geração |
Chega a ser
curioso escrever um texto sobre mudanças, eu que sou a maior fã da zona de
conforto que esse universo já conheceu. Todas as coisas que fazem parte de quem eu sou foram criadas no conforto e na vontade de não mudar. Tem horas que me
surpreendo comigo mesma por ter encarado um intercâmbio e passado tanto tempo
fora de casa, um lugar que nem sei mais onde é. O que eu vou dizer não é fácil pra
mim também, mas zona de conforto não nos leva a lugar algum a não ser onde já
estamos. O que pra mim é sempre um pensamento de ótimo, só que não é bem isso
que o nosso eu do futuro está esperando da gente.
Completar 27 anos mudou algo em mim. Na verdade, entrei numa crise de idade que não
havia tido na vida até então. Pela primeira vez comecei a achar meio ridículo
não ter vivido algumas experiências a esta altura do campeonato e ter passado
tantos anos gostando e fazendo as mesmas coisas. Bom, antes que você comece a concordar
com essa frase minha, já vou dizer que ela é absurda.
Eu sei que a sociedade nos coloca certas ansiedades e cobranças sobre como
nossa vida deve ser vivida, mas as coisas não são bem assim. As nossas decisões em certos períodos podem não fazer muito sentido agora, mas era isso que você tinha naquele momento e é importante saber entender e respeitar as nossas fases.
Você já imaginou ter parado sua transformação na adolescência? Então por quê esperamos sempre ser os mesmos só porque a zona de conforto é maravilhosa? Ainda que
eu esteja com dificuldades de me reconhecer nas coisas de que sempre gostei, eu
sei que esses momentos de reflexão sobre a nossa identidade existem pra encontrarmos uma nova versão de nós mesmos. Pra que a gente seja um
álbum novo de uma banda antiga e pra descobrir qual é o próximo
sonho que vai nos mover.
Pode ser
que de início não tenhamos gostado das músicas novas por buscar aquela zona de
conforto que aquece o coração, só que no final é um disco pra quem a gente é agora. Nós vamos sempre carregar Fluorescent
adolescent, que vai estar pronto pra quando precisarmos revisitar o passado, mas nós somos um
novo alguém e com uma nova trilha sonora.
Sandy Quintans
@sandyquintans
Sim, se reinventar é a coqueluche da alma.
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