segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Cinematura - O Grande Gatsby

Cinematura - O Grande Gatsby
No ano passado fiz um texto aqui falando sobre a minha experiência em assistir O Grande Gatsby, a versão de Baz Luhrmann, sem conhecer a adaptação anterior e sem ter lido o clássico livro de F. Scott Fitzgerald. Hoje a minha proposta é diferente, agora que já li o livro, quis retomar o assunto pra trazer minhas impressões também depois de conhecer o original.

O Grande Gatsby não é clássico em vão. Tem uma história muito interessante, do jovem rapaz que faz de tudo para enriquecer e reconquistar a mulher da sua vida. Mas também é carregada de críticas aquela sociedade da década de 20, apaixonada pela riqueza, o jazz e a beleza. (Aliás, nada muito diferente de agora, não é?

A adaptação de Baz Luhrmann é bastante fiel a história original. Inclusive muitos diálogos do filme são reproduções fiel do livro. Os cenários descritos na obra de Fitzgerald, desde os mínimos detalhes,  os jardins, a representativa luz verde, até os famosos olhos do Doutor T.J. Eckleburg: está tudo ali na versão cinematográfica. 

Foi uma adaptação muito bem realizada, que ainda contou com os recursos tecnológicos para recriar o mundo escrito por Fitzgerald à risca. Porém com uma diferença muito importante entre as duas obras: no livro todo o luxo descrito e as famigeradas festas dada por Gatsby vem como crítica, enquanto no filme de Luhrmann todo o circo armado existe para ser cultuado. 

Depois de ter lido o livro que deu origem a obra, não me senti enganada em nenhum momento, já que o longa capta de forma brilhante a trama. Mas parar pra ler a forma como foi construído um dos personagens mais intrigantes da literatura foi uma experiência mágica, que fez valer a pena toda a minha curiosidade com a obra. Principalmente por entender melhor a profundidade do enigma por trás de Gatsby, assim como a dos personagens. 

Sandy Quintans
@sandyquintans

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Joana leu: Para sempre sua, de Sylvia Day

Joana leu: Para sempre sua, de Sylvia Day

"Para sempre sua"
Sylvia Day
editora Paralela
312 páginas

"Eva e Gideon decidem enfrentar os demônios de seu passado, mas quais serão as consequências de seus obsessivos desejos?" 

Cansaço resume esse livro: ele é curto, mas a leitura não rende, o enredo é pouco interessante e, no final não temos um final. A escritora achou legal escrever uma trilogia de 5 livros, estilo Douglas Adams. Desde o início da minha leitura eu estava desanimada, mas era uma questão de honra terminar essa estória.

Continuando a tempestuosa relação entre Eva e Gideon, esse livro mostra mais um pouquinho da evolução do namoro deles, e como eles vão acertando os ponteiros, apesar de seus traumas e seus medos. No segundo volume, Gideon tomou uma atitude muito radical para proteger Eva, e as consequências disso vão surgindo agora, prejudicando um pouco o entendimento deles.

Agora o casal está mais junto que nunca, e passam quase todo o tempo juntos, apesar de terem que esconder o namoro das outras pessoas enquanto Gideon é investigado pela polícia. Para diminuir um pouco a distância entre eles, Cross ocupa um apartamento ao lado do de Eva, e assim eles podem ficar tranquilos sem ter que fingir que estão separados, como fazem em público.

Para tentar atrapalhar o namoro dos dois, além de Corinne, uma antiga amante de Gideon, surgem uma repórter, que também teve um caso com ele e agora quer vingança por ter sido chutada, e o antigo namorado de Eva, Brett, vocalista de uma banda de rock em ascenção que é contratada da gravadora de Gideon. Eles estão sempre por perto, querendo reatar com Eva e Gideon, e fazem qualquer coisa para conseguir isso e apesar de parecer um obstáculo, a aproximação dessas pessoas serve para fortalecer ainda mais o amor que sentem um pelo outro.

Os personagens secundários aparecem bastante, como o amigo de Eva, Cary, que traz uma nova problemática para o enredo, e a mãe dela, que continua super hiper mega protetora e obcecada por dinheiro - pode ser que no próximo livro haja uma explicação para isso, pois aqui a autora começou a inserir alguns questionamentos sobre o assunto.

Se de um lado Eva se abre totalmente para o amor de Gideon, do jeito que ele vier, de outro o milionário bonitão continua se fechando com seus problemas, no intuito de poupar a moça de mais sofrimentos, e isso tem o efeito totalmente contrário, já que ela se sente enganada e excluída da vida dele toda vez que isso acontece. É nesses ocasiões que percebemos um amadurecimento da personagem, já que ela, ao invés de dar escândalo e exigir que Gideon mude totalmente seu modo de agir, ela vai aos poucos tentando contornar a situação, compreendendo porque ele é tão fechado e individualista, e aceitando que a mudança dele só acontecerá aos poucos e com a ajuda dela. Assim, a relação dos dois vai ficando cada vez mais sólida, baseada na confiança mútua.

As cenas de sexo acontecem praticamente a cada 5 páginas, e são um exagero. Fica a impressão de que a autora forçou um pouco a barra, substituindo o que poderia ser uma boa trama por inúmeras transas do casal, narradas em mínimos detalhes, sendo, por diversas vezes, desnecessárias, na minha opinião, além de serrem bastante repetitivas, com Eva usando inúmeras vezes as mesmas frases e expressões para descrever o órgão sexual de seu parceiro.

O estilo de narrativa continua o mesmo: fluido, com acontecimentos que se desenrolam rapidamente, dando lugar a outros conflitos que vão enriquecendo a trama e abrindo caminho para o próximo livro. Apesar de ser uma leitura fácil, ela é cansativa, e, mesmo tendo uma dinâmica boa, parece que o leitor patina no mesmo lugar o tempo todo, sem conseguir visualizar o desfecho da estória.

Como aconteceu com "Toda sua" e "Profundamente sua", não consegui me envolver de verdade com a estória, tanto que nem queria terminar de ler a trilogia. Nessa (quase) última parte, ficou bem claro o motivo de tanto desânimo: o enredo tem seus momentos bons, tinha tudo para ser um chick-lit com uma pegada de mistério, mas não conseguiu, e acabou sendo apenas um reflexo de livros anteriores que fizeram a cabeça das leitoras. É impossível não comparar os personagens principais de Sylvia Day com os criados por E. L. James, apesar de Eva ser bem mais madura que Ana e Gideon não explicitar tanto seus instintos dominadores. Numa reflexão mais demorada, é fácil verificar que até mesmo os personagens secundários são parecidíssimos com os de "Cinquenta tons de cinza", e eu não  fiquei o tempo todo fazendo comparações enquanto lia, mas isso é bem evidente.

Num geral, a leitura é dispensável, e, para quem como eu se sentiu desanimado a continuar a trilogia, acredito que não mudará nada se simplesmente desistir dessa empreitada. Pude verificar em resenhas do "Skoob" que muitas leitoras tiveram essa impressão que eu tive, o que é uma pena, já que essa estória era bem promissora no primeiro volume.

Joana Masen
@joana_masen

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Toda a graça de God Help the Girl

Toda a graça de God Help the Girl
Se alguém me perguntasse por que eu gosto tanto de Belle & Sebastian, eu responderia “God Help the Girl”. Seria uma resposta estranha, confesso, mas é a mais pura verdade. Quando terminei de assistir (depois de algumas lindas indicações <3), a impressão de que me deu foi de ter assistido tudo que a banda representa pra mim. 

A resposta poderia ser estranha, mas faz total sentido, pois além de ter sido inspirado no álbum com o mesmo título, também foi escrito e dirigido pelo líder da banda, Stuart Murdoch, como também é uma espécie de autobiografia.  Você enxerga Belle & Sebastian em cada cantinho do filme, nas canções (obviamente), no figurino, no roteiro, nas locações. 
O filme conta a história de Eve, uma jovem garota que sofre de depressão, mas que vê na música uma saída para expressar suas tristezas e para fazer confissões. Em meio a sua busca para se encontrar decide gravar uma fita cassete com suas canções que compôs durante seu período de internação e é quando sua aventura musical começa. Murdoch, o diretor, passou por um período parecido ao de Eve, em que encontrou na música não apenas uma saída para seu diagnóstico de síndrome de fadiga crônica, mas a profissão que o tornaria famoso. 

Não vou mais comentar detalhes da história (alô, spoiler), mas inevitavelmente o filme vira musical. Não teria como ser diferente, já que como disse no começo Belle & Sebastian estão enfiados na história até o pescoço. Portanto, a trilha sonora é quase que obrigatória, além de ser uma graça sem fim (mas vale lembrar que faz muito mais sentido depois que você assistir o filme).


O figurino também é belíssimo, de todos os personagens. É tudo muito indie, cheio de inspiração e de ideias pra gente usar por aí. Tem aquela carinha dos anos 1960, típico dos filmes de Wes Anderson (mas não tão impecáveis, confesso).
God Help the Girl é um daqueles filmes que tinha certeza que iria adorar, mas sem dúvidas foi uma das gracinhas do ano. É tão rico em referências, mas também trabalha de forma leve uma temática bastante séria, além de trazer mais uma vez o quanto a música pode salvar uma vida.


Sandy Quintans
@sandyquintans
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