quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Joana leu: Para sempre sua, de Sylvia Day


"Para sempre sua"
Sylvia Day
editora Paralela
312 páginas

"Eva e Gideon decidem enfrentar os demônios de seu passado, mas quais serão as consequências de seus obsessivos desejos?" 

Cansaço resume esse livro: ele é curto, mas a leitura não rende, o enredo é pouco interessante e, no final não temos um final. A escritora achou legal escrever uma trilogia de 5 livros, estilo Douglas Adams. Desde o início da minha leitura eu estava desanimada, mas era uma questão de honra terminar essa estória.

Continuando a tempestuosa relação entre Eva e Gideon, esse livro mostra mais um pouquinho da evolução do namoro deles, e como eles vão acertando os ponteiros, apesar de seus traumas e seus medos. No segundo volume, Gideon tomou uma atitude muito radical para proteger Eva, e as consequências disso vão surgindo agora, prejudicando um pouco o entendimento deles.

Agora o casal está mais junto que nunca, e passam quase todo o tempo juntos, apesar de terem que esconder o namoro das outras pessoas enquanto Gideon é investigado pela polícia. Para diminuir um pouco a distância entre eles, Cross ocupa um apartamento ao lado do de Eva, e assim eles podem ficar tranquilos sem ter que fingir que estão separados, como fazem em público.

Para tentar atrapalhar o namoro dos dois, além de Corinne, uma antiga amante de Gideon, surgem uma repórter, que também teve um caso com ele e agora quer vingança por ter sido chutada, e o antigo namorado de Eva, Brett, vocalista de uma banda de rock em ascenção que é contratada da gravadora de Gideon. Eles estão sempre por perto, querendo reatar com Eva e Gideon, e fazem qualquer coisa para conseguir isso e apesar de parecer um obstáculo, a aproximação dessas pessoas serve para fortalecer ainda mais o amor que sentem um pelo outro.

Os personagens secundários aparecem bastante, como o amigo de Eva, Cary, que traz uma nova problemática para o enredo, e a mãe dela, que continua super hiper mega protetora e obcecada por dinheiro - pode ser que no próximo livro haja uma explicação para isso, pois aqui a autora começou a inserir alguns questionamentos sobre o assunto.

Se de um lado Eva se abre totalmente para o amor de Gideon, do jeito que ele vier, de outro o milionário bonitão continua se fechando com seus problemas, no intuito de poupar a moça de mais sofrimentos, e isso tem o efeito totalmente contrário, já que ela se sente enganada e excluída da vida dele toda vez que isso acontece. É nesses ocasiões que percebemos um amadurecimento da personagem, já que ela, ao invés de dar escândalo e exigir que Gideon mude totalmente seu modo de agir, ela vai aos poucos tentando contornar a situação, compreendendo porque ele é tão fechado e individualista, e aceitando que a mudança dele só acontecerá aos poucos e com a ajuda dela. Assim, a relação dos dois vai ficando cada vez mais sólida, baseada na confiança mútua.

As cenas de sexo acontecem praticamente a cada 5 páginas, e são um exagero. Fica a impressão de que a autora forçou um pouco a barra, substituindo o que poderia ser uma boa trama por inúmeras transas do casal, narradas em mínimos detalhes, sendo, por diversas vezes, desnecessárias, na minha opinião, além de serrem bastante repetitivas, com Eva usando inúmeras vezes as mesmas frases e expressões para descrever o órgão sexual de seu parceiro.

O estilo de narrativa continua o mesmo: fluido, com acontecimentos que se desenrolam rapidamente, dando lugar a outros conflitos que vão enriquecendo a trama e abrindo caminho para o próximo livro. Apesar de ser uma leitura fácil, ela é cansativa, e, mesmo tendo uma dinâmica boa, parece que o leitor patina no mesmo lugar o tempo todo, sem conseguir visualizar o desfecho da estória.

Como aconteceu com "Toda sua" e "Profundamente sua", não consegui me envolver de verdade com a estória, tanto que nem queria terminar de ler a trilogia. Nessa (quase) última parte, ficou bem claro o motivo de tanto desânimo: o enredo tem seus momentos bons, tinha tudo para ser um chick-lit com uma pegada de mistério, mas não conseguiu, e acabou sendo apenas um reflexo de livros anteriores que fizeram a cabeça das leitoras. É impossível não comparar os personagens principais de Sylvia Day com os criados por E. L. James, apesar de Eva ser bem mais madura que Ana e Gideon não explicitar tanto seus instintos dominadores. Numa reflexão mais demorada, é fácil verificar que até mesmo os personagens secundários são parecidíssimos com os de "Cinquenta tons de cinza", e eu não  fiquei o tempo todo fazendo comparações enquanto lia, mas isso é bem evidente.

Num geral, a leitura é dispensável, e, para quem como eu se sentiu desanimado a continuar a trilogia, acredito que não mudará nada se simplesmente desistir dessa empreitada. Pude verificar em resenhas do "Skoob" que muitas leitoras tiveram essa impressão que eu tive, o que é uma pena, já que essa estória era bem promissora no primeiro volume.

Joana Masen
@joana_masen

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