quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Joana leu: Dois garotos se beijando, de David Levithan

Dois garotos se beijando
David Levithan
editora Galera Record
224 páginas
"Os dois meninos se beijando são Craig e Harry. E esse não é um beijo qualquer: eles estão tentando quebrar o recorde mundial do beijo mais longo. É preciso muita coragem, pois estão do lado de fora da escola, ao ar livre, rodeados por câmeras e por uma multidão, que em part apoia e em parte repudia o que estão fazendo. Craig e Harry não são um casal, mas já foram um dia. Além deles, outros meninos têm suas histórias narradas nesse livro de David Levithan, que tem como tema central, acima de qualquer coisa, o amor. E, através dele, a coragem para lutar por um mundo onde esse sentimento nunca seja sinônimo de tabu."

E David Levithan conseguiu mais uma vez: me fisgou com sua estória delicada e cheia de significados. A princípio achei a narrativa muito confusa, e muito séria, com algumas frases que pareciam fazer parte de um manifesto. Mas aos poucos foi ficando mais leve e próxima do estilo do autor nos outros livros.

A base da estória é o ex-casal Harry e Craig, que decidem se beijar por 32 horas, 12 minutos e 10 segundos, para quebrar o recorde anterior de dois garotos se beijando, a fim de mostrar ao mundo que não há nada demais em dois meninos se beijarem, ou duas meninas, um menino e uma menina. E esse beijo vai sendo contado aos poucos, com todas as implicações que ele exige, ao longo de todo o livro.


Em paralelo, e acredito que mais importante que o próprio beijo, correm as estórias de outros garotos gays, e as diversas maneiras como encaram sua sexualidade, e como são aceitos pelas outras pessoas. E com essa estórias que o autor consegue conquistar a atenção do leitor, mostrando alguns que têm sorte por conseguir assumir quem realmente são, enquanto outros meninos precisam se esconder da própria família para continuar vivendo bem.

Neil e Peter são namorados há algum tempo, e apesar de serem assumidos, sofrem com a rejeição de algumas pessoas; Cooper nunca disse a ninguém que é gay, e prefere se esconder atrás de perfis falsos na internet para bater papo com outros caras e ver ponografia; Tariq foi brutalmente agredido por um grupo de pessoas preconceituosas e intolerantes, e desde então, vive com medo; Ryan, o menino de cabelos azuis e Avery com cabelos pintados de rosa se conhecem e encontram um ao outro, sentindo-se bem e se aceitando como são.


"- Eu sou gay. Sempre fui gay. Sempre serei gay. Vocês precisam entender isso, e precisam entender que não somos uma família de verdade até vocês entenderem isso." (página 148)


Há vários momentos emocionantes ao longo do livro, e com sutileza eles nos fazem pensar em como seria se fossemos um desses meninos, ou seus pais, ou seus amigos e professores. Como agiríamos? Será que somos capazes de aceitar e conviver uma pessoa do jeito que ela realmente é? Sem julgar e sem descriminar? Essa é a mensagem principal que o autor quis passar, e consegue fazê-lo com competência.

Essa é uma leitura indicada para todos: pessoas que querem conhecer um pouco mais dos dramas e conflitos enfrentados pelos homossexuais, ou que simplesmente querem conhecer a história do recorde do beijo. Mas atenção, abram suas mentes antes de ler, encarem a estória com carinho, despidos de preconceitos e desapegados de religião. Assim, a experiência será completa, e com certeza vocês vão se emocionar e aprender com a narrativa de Levithan.

Joana Masen
@joana_masen

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