segunda-feira, 28 de março de 2016

Cinematura - Meio Sol Amarelo

A Chimamanda Ngozi Adichie é uma dessas autoras que transforma nossas vidas com palavras. Quando li Americanah, por mera curiosidade, terminei achando que minha cabeça fosse explodir com aquele romance. Era fantástico descobrir coisas sobre o feminismo - que nunca tinham me ocorrido, mesmo vivenciando todos os dias - , ou as semelhanças entre o Brasil e a Nigéria. É curioso pensar que nossa cultura é extremamente ligada com a África, mas só ficamos exaltando nossas influências europeias, né? Essas foram algumas das coisas que aprendi com ela.


Foi assim que não pensei duas vezes antes de ler Meio Sol Amarelo, que fala sobre um período muito importante na história da Nigéria, uma guerra civil. Na década de 1960, o país se dividiu em dois, em que foi criado a estado independente de Biafra. Pra contar essa história, a Chimamanda relata com três pontos de vista, do Ugwu, da Olanna e do Richard. 

Ugwu é o primeiro personagem que conhecemos no livro, que é o empregado da casa de Odenigbo, namorado de Olanna. Ele é um menino pobre, que com a convivência com os intelectuais da cidade de Nsukka e por incentivo do patrão, começa aprender a ler e escrever. Logo, ele se torna parte daquele ambiente, bem diferente da realidade em que vivia com  família em um vilarejo pobre. 


Apesar de só descobrirmos depois, Olanna é a personagem principal do livro. Ela é filha de uma das famílias mais ricas da Nigéria, foi educada na Inglaterra, mas prefere abdicar de todo o conforto do seu estilo de vida e se muda de Lagos para Nsukka pra viver com seu grande amor, Odenigbo, e lecionar na Universidade. Olanna é muito bonita e é considerada a preferida entre ela e sua irmã gêmea, Kainene, que possui o dom de tocar os negócios da família. 

Já o Richard, é um inglês fascinado com a cultura africana, que se muda para Lagos para escrever um romance. Assim, ele conhece Kainene, por quem se apaixona perdidamente. Assim, ele fica cada dia mais envolvido com a cultura, aprende seus idiomas e ama o lugar como nunca teria amado a Inglaterra. 


As diferenças entre os personagens que narram a história é extremamente importante pra obra, por ter um retrato incrível das transformações que a guerra faz com essas pessoas. Você termina o livro acreditando que aquelas pessoas são reais, apesar de ser uma história de ficção baseado em um conflito real. 

Justamente por ser um romance tão completo e complexo, o filme não consegue atingir a grandeza da história. É um filme interessante, mas que não dá pra comparar com a versão original. Por ser uma obra construída em detalhes, a versão para o cinema acaba ficando um pouco rasa, o que era de se esperar.



A verdade é que poderia passar horas falando sobre a grandeza de Meio Sol Amarelo, mas nunca conseguiria descrevê-lo apropriadamente. É algo que quando você termina de ler, parece ter passado eras desde o começo da história, de tanta informação e de tão completa que são as obras da Chimamanda.

Sandy Quintans
@sandyquintans

Cinematura é a coluna que falo sobre livros que viraram filmes. Há vezes que amo mais a história escrita e outras que acho que a versão pro cinema ficou melhor. Mas uma coisa sempre é certa: eu adoro conhecer duas versões de uma mesma história. Para ver outras edições, só clicar aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Copyright © 2017 Pronto, usei!