quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Joana leu: Cinquenta tons de cinza - de E. L. James

Cinquenta tons de cinza
E. L. James
455 páginas
Editora Intrínseca
"Quando  Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana. Grey admite que também a deseja - mas em seus próprios termos. Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso - os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família -, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos..."

Aproveitando a proximidade do início das filmagens da adaptação para os cinemas da primeira parte da trilogia erótica de E. L. James, que conquistou milhares de fãs pelo mundo - e na mesma proporção desagradou outras tantas pessoas - falarei um pouco de "Cinquenta tons de cinza". Quando li esse livro, fiquei totalmente envolvida com a estória de Christian e Ana, principalmente pela intensidade de Grey (e de seus olhos cinzentos), seu autoritarismo e instabilidade emocional. Por outro lado, ele também tem a sua porção carinhosa e romântica, que aflora de repente, transformando aquele monstro insensível e inabalável num príncipe encantado dos sonhos das mulheres. Eu, que adoro romances, tive que reler o livro imediatamente após terminar a última página, e assim conhecer melhor cada detalhe dos personagens: Christian é lindo, maravilhoso, rico, misterioso e com um coração grande o suficiente para usar parte de sua fortuna para tentar acabar com a fome no mundo. Já Anastasia, para mim, não passa de um placebo. Isso mesmo, um daqueles remédios sem o princípio ativo que as pessoas tomam em testes, mas não servem para nada: ela é sem graça, confusa e insegura. Mesmo depois de Grey ter dado a ela todos os sinais de que estava totalmente apaixonado, ela ainda coloca em dúvida esse sentimento, por causa de seus costumes sexuais incomuns e sua busca do prazer através da dor. Apesar disso, e de toda a inexperiência de Ana em relacionamentos, ela decide se jogar de cabeça nessa relação e tentar conhecer o mundo novo que Christian lhe apresenta, totalmente avesso a tudo o que já tinha vivido (que era quase nada).

Depois descobrir que a autora desse livro é fã da série "Crepúsculo" e que se inspirou um pouco nela para criar sua trilogia, começando por fanfics e depois evoluindo para uma estória inédita, cheguei à conclusão de que isso é bastante óbvio desde os primeiros capítulos, já que seus personagens são bem parecidos com Bella e Edward. Muitos detalhes aqui remetem a alguma coisa de lá, e fica difícil ler "Cinquenta tons" sem fazer algumas comparações entre um e outro. Com o passar da estória as comparações vão ficando em segundo plano e a personagem Anastasia meio que se desliga de Bella - apesar de as duas serem extremamente apáticas e acreditarem que o mundo gira em torno de suas vontades. Algumas coisas em Ana são melhores, como por exemplo seu senso de humor que a ajuda driblar algumas situações complicadas com Christian, e suas frases de efeito que mostram alguma inteligência.

O livro de James foi batizado como "pornô para mamães" por causa do alarde feito em torno do tema BDSM e o burburinho em torno de cenas tórridas de sexo capazes de deixar algumas leitoras ruborizadas, ainda que estejam lendo sozinhas num quarto fechado. Na verdade, o livro não é tudo isso: os detalhes de cada relação sexual "baunilha", como gosta de dizer Christian, são realmente explícitos, mas qualquer pessoa no mundo conhece o mecanismo sexual o suficiente para não se escandalizar com essas partes, tendo ou não praticado o ato. Eu que cresci na época em que Madonna escandalizou a sociedade com suas atitudes revolucionárias e com o livro "Sex" e suas fotos provocantes, inclusive com práticas de lesbianismo e BDSM, esperava muito mais escândalo no livro. Na verdade, a propaganda é mais forte que o conteúdo do livro, pois o sadomasoquismo aqui é um pano de fundo para uma estória de amor, e não o foco principal do enredo.

Claro que eles transam em todos os lugares possíveis e imagináveis, mas não é nada demais. A autora descreve mesmo alguns instrumentos, procedimentos e regras usados pelos adeptos da prática de dominação-submissão, mas o livro não deixa o leitor de cabelo em pé. Até quando os personagens estão no quarto vermelho da dor, onde Christian é dominador, existe um pequeno traço de romance entre eles, deixando as cenas menos chocantes do que eu imagino que seja na realidade.

Na verdade a autora foi muito esperta escrevendo uma estória de amor impossível entre um homem muito poderoso e uma garota confusa e inocente, utilizando como chamariz uma prática sexual que causa curiosidade na maioria das pessoas, logo após o grande sucesso alcançado pela série de Meyer, com um romance impossível entre uma humana e um vampiro, mas de uma castidade imaculada. "Cinquenta tons" faz uma reviravolta nesse universo romântico e o deixa muito mais lascivo, conquistando todo tipo de leitora, desde a adolescente até a mamãe recatada que nunca leu um livro na vida.

Para mim, acima de todo o sexo do livro, o que valeu a pena na leitura foi o romance, que me lembrou aqueles de banca de jornal que eu lia quando era criança, mas com um up grade de recursos modernos, como a troca de e-mail entre o casal, que rende momentos engraçados e fofos, e que me fez pensar se hoje é realmente assim que acontece a paquera...

A narrativa é bem simples e proporciona rapidez à leitura, com uma linguagem atual, mas tenho algumas críticas a fazer: a autora repete muitas vezes a mesma coisa, o que cansa um pouco, e também criou a tal da deusa interior de Anastasia, que é quase como uma consciência da personagem, aparecendo do nada e com personalidade própria. Ainda assim, o livro fez muito sucesso e abriu as portas para o gênero agora conhecido como chick-lit, que é exatamente essa literatura com apelo erótico, que existe há muito tempo, mas foi bem mais difundida por causa da trilogia de E. L. James.

Joana Masen
@joana_masen

2 comentários:

  1. Seus comentários e criticas são bem reais e tem fundamento!! Não posso dizer nada ainda pq não terminei o livro
    Mas concordo com você, E. L. James conseguiu interessar adolescentes e mamães recatadas!!!
    Adorei seus comentários!!!

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    Respostas
    1. Quando terminar a leitura, volte aqui pra contar pra gente o que vc achou *.*
      Obrigada pelo comentário Yasmin, bjos!

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