sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Joana Leu: Métrica, de Colleen Hoover

Métrica
Colleen Hoover
editora Galera Record
304 páginas
"O romance de estreia de Colleen Hoover, autora que viria a figurar na lista de best sellers do New York Times, apresenta uma família devastada por uma morte repentina. Após a perda inesperada do pai, Layken, de 18 anos é obrigada a ser o suporte tanto da mãe quanto do irmão mais novo. Por fora, ela parece resiliente e tenaz, por dentro, entretanto, está perdendo as esperanças. Um rapaz transforma tudo isso: o vizinho de 21 anos, que se identifica com a realidade de Layken e parece entendê-la como ninguém. A atração entre os dois é inevitável, mas talvez o destino não esteja pronto para aceitar esse amor."

Como é bom se surpreender com um livro! Eu estava lendo comentários sobre "Métrica" no Twitter e em blogs de colegas, então fui procurar conhecê-lo. Ainda bem que não li nenhuma resenha a respeito dele, pois comecei a leitura achando que seria mais uma estória adulta, sensual e erótica - engano total. O livro é delicado e emocionante, tal qual "A culpa é das estrelas", e essa foi uma surpresa muito agradável.

Depois de perder o pai de repente, vítima de um infarto fulminante, Layken muda-se com sua mãe e irmão para uma pequena cidade, bem distante e diferente do Texas, onde ela cresceu. A princípio, ela luta contra essa mudança e não aceita a nova condição de sua família, tendo ficado responsável por ajudar a cuidar e entreter Kel, seu irmãozinho de 9 anos. A mãe passa a trabalhar como enfermeira no turno da noite, e Layken leva e busca Kel no colégio, além orientá-lo no dever de casa, alimentá-lo e lembrá-lo do banho.

Assim que chegam na nova casa, enquanto Layken ainda está dentro do caminhão de mudanças, uma rapaz se aproxima e começa a falar com ela. Claro que ele é lindo e maravilhoso, com um belo corpo e olhos incríveis, e isso faz com que a garota se interesse por ele de imediato. Will tem 21 anos e também tem um irmão pequeno, Caulden, com quem Kel fez amizade rapidamente. O novo vizinho se oferece para ajudar no que for necessário e a partir daí, Will e Lake parecem se conhecer a vida toda, eles se dão muito bem desde o primeiro momento e vão cada vez mais se identificando e descobrindo gostos em comum, como a banda The Avett Brothers.

Eles têm um primeiro encontro mágico, digno dos melhores romances, e isso me encantou (sabem que eu sou fã de romances né, rs). É gostoso acompanhar o desenvolvimento do relacionamento deles e como Lake vai aos poucos descobrindo o verdadeiro amor.

Como não poderia deixar de ser, nem tudo são flores, e Lake acaba descobrindo da pior maneira que o casal não poderá ficar junto. Não vou contar o motivo, para que vocês possam ter a mesma sensação que tive ao ler o livro, mas posso dizer que Will tem motivos muito fortes para deixar o amor um pouco de lado. Ele precisa ser responsável e manter a cabeça sempre no lugar para que não tenha problemas no trabalho nem prejudique seu irmão.

Em alguns momentos dá vontade de pegar Will e falar umas boas verdades para ele, mas, logo em seguida ele se redime do que tinha feito antes, apresentando suas razões para certas atitudes ou simplesmente se deixando levar pela paixão que sente por Lake, e se permitindo ficar com ela por alguns instantes. Aliás, Lake também não é fácil: talvez pela pouca idade ou pela grande perda que sofreu, ela tem dificuldade para entender a situação de Will e suas escolhas, se mostrando uma simples adolescente rebelde em algumas situações, tendo reações típicas de uma menina mimada.

No decorrer da estória, Layken encontra uma melhor amiga, Eddie, que é bem maluca e impetuosa. É ela quem se aproxima de Lake no primeiro dia de aula e já oferece número de celular, perfil em redes sociais e todos os meios possíveis da amiga encontrá-la quando precisar. Essa relação faz bem a Lake, que acaba precisando desabafar com Eddie sobre o drama que está vivendo com Will, e os conselhos da amiga lhe fazem muito bem. Para se ter uma noção do perfil de Eddie, ela foi vendida pela mãe, já passou por vários lares adotivos, mas, apesar da vida difícil, está sempre sorrindo e feliz com o que tem agora.

O mais bacana desse livro é que ele envolve poesia, e, como vocês já devem saber, eu escrevo poesia. Will faz parte de um grupo que se encontra uma vez por semana para declamar seus poemas, e ele leva Lake para conhecer esse lugar. 

Os poemas têm grande importância no desenvolvimento da estória, e acho que isso me fez gostar ainda mais do livro. Além disso, em cada início de capítulo há um pequeno trecho de uma música dos Avett Brothers, que eu não conhecia e fui ouvir. Gostei, e ambientou ainda mais o romance.

Esse livro é muito emocionante, e totalmente diferente do que eu imaginei: chorei muito, acho que mais do que quando li "A culpa é das estrelas", e não conseguia parar de ler: foi a primeira noite de sono que perdi com uma leitura. Ia lendo e chorando, e sorrindo, e me emocionando, e ficando triste por estar acabando. Essa mistura de sentimentos fez com que eu me apaixonasse pelo livro, depois, fiquei dias refletindo sobre a estória e seu conteúdo humano. Acima do romance, a autora passa uma mensagem (sem ser chata ou piegas) de que devemos aproveitar cada momento de nossa vida, seja ele bom ou ruim, pois ela pode mudar de repente e sem aviso.

Recomendo que todos leiam, mas preparem seus corações e seus lenços para enxugar as lágrimas, o livro é realmente uma lição de vida disfarçada de romance, mas esse romance é carregado de descobertas, renúncias, perdas, aprendizados e muita poesia. Já está entre os meus preferidos de todos os tempos e eu fico pensando nele o tempo todo, querendo voltar e reler as melhores partes (ou seja, tudo).

Joana Masen
@joana_masen

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