quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Joana leu: O temor do sábio, de Patrick Rothfuss

"O temor do sábio: as crônicas do matador 
do rei - segundo dia"
Patrick Rothfuss
editora Arqueiro
960 páginas
"Quando é aconselhado a abandonar seus estudos na Universidade por um período, por causa de sua rivalidade com um membro da nobreza local, Kvothe é obrigado a tentar a vida em outras paragens. Em busca de um patrocinador para sua música, viaja mais de mil quilômetros até Vintas. Lá, é rapidamente envolvido na política da corte. Enquanto tenta cair nas graças de um nobre poderoso, Kvothe usa sua habilidade de arcanista para impedir que ele seja envenenado e lidera um grupo de mercenários pela floresta, a fim de combater um bando de ladrões perigosos. Ao longo do coaminho, tem um encontro fantásticos com Feluriana, uma criatura encantada à qual nenhum homem jamais pôde resistir ou sobreviver - até agora. Kvothe também conhece um guerreiro ademriano que o leva a sua terra, um lugar de costumes muito diferentes, onde vai aprender a lutar como poucos. Enquando persiste em sua busca de respostas sobre o Chandriano, o grupo de criaturas demoníacas responsável pela morte de seus pais, Kvothe percebe como a vida pode ser difícil quando um homem se torna uma lenda de seu próprio tempo."

Depois de passar um mês e meio lendo esse livro, Kvothe já era quase parte da minha família, e foi difícil me desligar dele. O segundo dia começa exatamente onde terminou o primeiro, e, quem olha o tamanho desse livro e acha que vai ser só enrolação na maior parte do tempo, se engana completamente.

É impressionante como o autor consegue desenvolver sua narrativa de forma que não canse o leitor, e não fique repetitiva, apesar de o protagonista estar boa parte do livro nos mesmos ambientes que o primeiro, como a Universidade, por exemplo. Mesmo Kvothe passando mais alguns períodos letivos com extrema dificuldade para pagar a taxa escolar e sem condições de comprar roupas ou sapatos novos, a estória se desenvolve e começa a abordar outros conflitos, mostrando a versatilidade do autor e envolvendo ainda mais o leitor nos dramas e confusões do personagem.

Os desentendimentos com Ambrose acabam obrigando o jovem Kvothe a deixar a sua querida Universidade por um período. E, como ele tenta há muito tempo encontrar um mecenas para patrocinar sua música, ele segue uma dica de um amigo e viaja para a cidade de Vintas, que fica bem longe da escola e dos amigos com quem ele já estava tão habituado. Lá, ele é recebido por um rei que pede que Kvothe o ajude a conquistar uma mulher. O jovem Ruh usa seus talentos como músico para escrever belos poemas à moça, que não resiste aos galanteios e se casa com o rei. Nesse meio tempo, o jovem também salva o rei da morte por envenenamento, e ganha sua confiança. Mas, se ele acreditava que com isso seria premiado, se enganou: o rei lhe dá outra missão, que é encontrar e matar alguns bandidos que estão agindo na região. Então, na companhia de um grupo de mercenários briguentos, Kvothe sai em busca desses bandidos e acaba aprendendo muito mais coisas do que na Universidade: além de ter que conviver com pessoas muito diferentes entre si e conciliar algumas brigas que acabam surgindo, ele aproveita o tempo para absorver a maior quantidade de conhecimento possível, desde informações sobre árvores e ervas existentes na mata até entender a complicada técnica de treinamento do ademriano que viaja com o grupo.

É durante essa viagem que Kvothe se encontra com Feluriana, ser encantado que é a mulher mais bonita do mundo e de quem nenhum homem nunca conseguiu escapar antes: quem se deixa levar por seus encantos ou morre ou fica louco. Mas nosso jovem personagem usa toda a sua astúcia e seu poder de controle mental para se livrar das garras dela e ainda deixá-la esperando por sua volta.

Com todas as estórias sobre Kvothe se espalhando rapidamente, ele acaba se tornando uma lenda viva, e descobre que ouvir absurdos sobre si mesmo contados pelas pessoas não é muito agradável. Depois de revelar ao rei que ele é parte dos Edena Ruh, um povo que não tem uma boa reputação, ele acaba sendo expulso do castelo e resolve que é hora voltar para a Universidade.

Mais uma vez o livro termina mostrando um lado surpreendente de alguns personagens, e o leitor continua com a sensação de que o mocinho nem sempre é mocinho, e que no final da trilogia muitas máscaras vão cair.

O faz essa estória de Rothfuss ser tão interessante é que ele criou um mundo de fantasia totalmente diferente: existe magia - não aquela comum feita com varinhas ou poções - e as criaturas fantásticas também não se limitam a dragões, duendes, fadas ou algo parecido. Ele conseguiu construir um ambiente mágico e envolvente, com personagens distintos e um enredo fascinante.

Para quem ainda não conhece, esse livro é a segunda parte de uma trilogia, que começou com "O nome do vento", já resenhado aqui, e vai terminar com o lançamento do terceiro livro, "Os portões de pedra" (nome provisório) que ainda não tem previsão de lançamento. Indicado para os leitores usuais de fantasia, mas também para aqueles que querem conhecer um universo totalmente diferente e apaixonante, com personagens densos e cheios de estórias que nos conquistam rapidamente.

Joana Masen
@joana_masen

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