Perdida
Carina Rissi
editora Verus
364 páginas
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"Sofia vive em uma metrópole e está acostumada com a modernidade e as facilidades que ela traz. Ela é independente e tem pavor à mera menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são aqueles que os livros proporcionam. Após comprar um celular novo, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século dezenove, sem ter ideia de como voltar para casa - ou se isso sequer é possível. Enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de retornar ao tempo presente, ela é acolhida pela família Clarke. Com a ajuda do prestativo - e lindo - Ian Clarke, Sofia embarca numa busca frenética e acaba encontrando pístas que talvez possam ajudá-la a resolver esse mistério e voltar para sua tão amada vida moderna. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos..."
No mundo em que vivemos hoje, é praticamente impossível pensar em viver sem toda a tecnologia disponível, não é mesmo? Então imaginem se, de repente, tudo o que temos desaparecesse e nós voltássemos um século no tempo? Foi o que aconteceu com Sofia: ela, que é extremamente dependente eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos, foi parar numa fazenda onde o banho era preparado por empregados e papel higiênico não existia.
Logo no início do livro já podemos perceber que Sofia é uma sonhadora: apesar de ser muito profissional e responsável com seus compromissos de trabalho, no fundo ela quer encontrar o príncipe encantando que ela conhece dos romances que lê. A Sofia é daquelas pessoas que guardam sua vida no celular, e toda essa confusão em que ela se envolve começa exatamente por um problema com o aparelho.
Depois de deixar o celular cair na água, ela vai até uma loja para comprar um novo, e é atendida pela vendedora mais estranha que já viu, com um ar misterioso que, a princípio, deixa Sofia intrigada, mas que no final a acaba convencendo a comprar um aparelho de celular um pouco estranho.
Saindo da loja, quando Sofia tenta ligar o celular, um clarão a envolve e a paisagem ao seu redor muda, então ela percebe que está num lugar totalmente desconhecido. Sozinha, num campo aberto e sem saber que direção tomar, de repente aparece um homem montado num cavalo, que parece ter saído de outra época, com roupas que lembram os figurinos de novela antiga. Esse homem, misteriosamente, para ajudá-la.
Ian é um perfeito cavalheiro, e se assusta com os modos de Sofia, além das roupas que ela está usando, que não são decentes para uma dama daquela época. Ian parece acreditar que a moça está perdida, e a convida para passar a noite em sua casa, até que ela consiga entrar em contato com alguém que possa ajudá-la a voltar para sua casa.
E assim começam as confusões: Sofia é uma mulher moderna, que fala algumas gírias e age do modo como todas nós agimos hoje, e isso é muito estranho para as pessoas daquela época, que não conseguem entender seu vocabulário nem aceitar algumas de suas atitudes. Apesar disso, um sentimento vai nascendo entre ela e Ian, e Sofia sabe que está ali só de passagem, e não pode se envolver com ele.
Mas Ian é tão lindo, gentil, charmoso, educado e compreensivo, que as coisas acabam saindo um pouco do controle de Sofia, e ela se vê caidinha por ele. O problema é que ela não pode revelar a verdade sobre sua situação para ninguém, ou jamais conseguirá voltar para casa.
A única ligação de Sofia com o tempo presente é o celular que a transportou no tempo. A mulher que lhe vendeu o aparelho entra em contato com ela de tempos em tempos, para dar dicas de porque fez aquilo e para tentar fazer Sofia entender que a tecnologia não é tudo na vida, que existem sentimentos mais importantes que seu celular ou seu computador.
A duras penas, Sofia vai percebendo que a vida na fazenda pode não ser tão ruim quanto ela imaginava, e chega até a cogitar viver o resto de seus dias sem tecnolgia, apenas aproveitando a companhia de Ian, por quem ela está cada vez mais apaixonada. Mas ele só sabe se relacionar com alguém dentro dos padrões da época, ou seja, respeitando a mulher até o dia do casamento. Enquanto Sofia já teve diversos namorados, já transou com mais de um homem, e é acostumada a tomar a inciativa, Ian nunca teve ninguém, e tem medo de se casar com alguém e não conseguir cuidar de sua irmã, que é a única que sobrou de sua família. Então Ian não pensa em se aproximar de mulheres, e quando o fizer, será para casar. Essa diferença coloca ainda mais lenha na fogueira, e a atração entre os dois fica cada vez mais forte.
O romance entre Ian e Sofia é fofo, e eu torci o tempo todo para que eles conseguissem ficar juntos, mesmo sabendo todas as impicações que isso envolve. Duas pessoas tão diferentes, vivendo em mundos tão distantes, têm tudo para dar errado, mas ainda assim, eles formam um belo casal. Algumas situações que eles vivem são hilárias, e eu ri alto lendo as trapalhadas de Sofia.
Na busca da pessoa que iria lhe ajudar a voltar para casa, Sofia acaba se envolvendo em algumas confusões, e Ian é o único que pode ajudá-la. Por isso, ela se vê obrigada a contar tod a verdade para ele, mesmo sabendo que corre o risco de perder tudo: o sonho de viver um amor ao lado de Ian e a possibilidade de voltar para sua casa.
É mesmo muito complicado decidir se torcemos para ela ficar por ali mesmo ou se o melhor para Sofia é voltar para o seu tempo, seu lugar no mundo. O leitor pode ficar dividido em alguns momentos, mas tenho certeza que, no final, a autora conseguiu agradar a todos. Carina Rissi fechou a estória com delicadez e muita perspicácia, e não é a toa que ela acabou escrevendo a continuação dessa estória. O que o destino reserva para Sofia (e talvez para Ian), só saberemos ao ler Encontrada.
Leitura super recomendada para quem gosta de um bom romance, e de personagens inteligentes, bem construídos e divertidos.
Joana Masen
@joana_masen
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