"Cemitérios de dragões"
Raphael Draccon
editora Fantástica
352 páginas
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"Em diferentes pontos do planeta Terra, cinco pessoas com histórias e origens completamente distintas desaparecem por motivos variados e acordam numa outra realidade. Em meio a guerras envolvendo demônios, dragões, homens-leão, seres fantásticos e metal vivo, os cinco precisam compreender os motivos de estarem ali e combater um mal que talvez não possa ser impedido. Em seu novo romance Draccon apresenta uma versão moderna e adulta de um universo inspirado por séries queridas por toda uma geração, como Jaspion, Changeman, Flashman, Black Kamen Rider e Power Rangers."
Essa é uma daquelas fantasias que prendem o leitor. E eu, que não sou uma consumidora voraz desse gênero, não conseguia largar o livro. É ação do começo ao fim, com um enredo fascinante.
Cinco pessoas, de partes distintas do mundo e que nunca se viram antes, acordam de repente num mundo estranho, sem saber onde estão e nem como foram parar ali. Só isso já daria uma estória incrível, mas Raphael Draccon enriquece ainda mais a trama concedendo a cada um desses personagens características únicas, que ajudam a construir uma trama sem igual.
Derek, um soldado americano de elite, Amber, uma jovem de Ruanda que cresceu oprimida pela guerrilha em seu país, Daniel, nerd brasileiro descendente de orientais, Romain, um dublê francês especialista em Parkour e Ashanti, a garçonete irlandesa que se mostra especialista em artes marciais, são os cinco elementos que vão compor esse grupo de heróis (e vítimas), onde um complementa o outro, e usam seus talentos em busca de um bem comum.
Num universo estranho, onde humanóides são governados por draconianos e demônios, e dragões são controlados por uma bruxa ambiciosa que quer dominar aquele mundo, o quinteto, a princípio, cada qual num lugar diferente, tem que sobreviver a inúmeras ameaças, enquanto tentam entender como foram parar num lugar tão insólito, buscando uma forma de voltar para casa.
Os perigos são muitos, e os personagens têm que enfrentar os mais impensáveis tipos de criaturas, lutando por suas vidas. Derek é muito determinado e se mostra logo um bom lider, enquanto Amber é mais forte psicologicamente. Daniel e Romain protagonizam as cenas mais divertidas do livro, com frases de efeito e algumas piadas que fornecem o alívio cômico necessário à estória, sem exageros. Ashanti, minha personagem preferida, é forte e determinada, e suas ações exalam essa força, até quando precisa demonstrar amor. É Ashanti quem forma com o rei Mihos o par romântico do livro.
O cenário onde se passa a estória é assustador, cheio de demônios, escravos que são ameaçados de morte constantemente e dragões. O metal vivo é quase um personagem da trama, e esse elemento é o responsável pela reviravolta na condição dos cinco humanos. Uma entidade muito avançada e conhecedora de tecnologias que estão muito à nossa frente mistura o metal com sangue de dragões e cria para eles um traje especial que os ajuda a lutar com os seres místicos que querem governar aquele universo. É aqui que o enredo deixa claro a influência do universo Tokusatsu, e séries como Jaspion, Changeman e Ultraman. Essa referência é usada de forma brilhante por Draccon, e, apesar de ser bem evidente, não é uma cópia.
O melhor do livro é a linguagem usada pelo autor, rápida, direta e que deixa a leitura muito fácil. Por se tratar de um universo totalmente novo, as explicações sobre ele poderiam carregar a narrativa, mas isso não acontece; Draccon consegue descrever tudo sem se prender demais a pequenos detalhes, e assim, aproxima da nossa realidade o cenário da sua fantasia. Não esperem descrições pormenorizadas de cada pedrinha como Tolkien (graças a Deus!), mas tenham certeza de que cada lugar ou criatura são bem apresentados, e isso conquista o leitor.
"Cemitérios de dragões" foi uma grata surpresa para mim, que não leio muita fantasia, e fiquei encantada por ele. Li rapidamente, adorei cada personagem, suas características diferentes, sua personalidade única, além de ter relembrado programas que eu via quando criança, como o Jaspion, do qual não falava há tempos. Foi uma das melhores leituras do ano e eu estou até agora apaixonada pela escrita de Draccon. Além disso, foi ótimo conhecê-lo pessoalmente, exatamente no dia em que terminei de ler o livro, e ouvi-lo falar sobre a criação da obra e suas inspirações.
Uma curiosidade sobre essa estória é que, durante a leitura, senti que algumas partes ficariam muito bem como história em quadrinhos, e tive a oportunidade de perguntar ao autor se isso está em seus planos. Ele revelou que algumas pessoas já tiveram essa mesma impressão, e que, futuramente, quem sabe, ele poderá enveredar por esse novo formato. Oremos!
Se não bastasse o enredo perfeito, o livro tem uma arte linda: a capa é maravilhosa, em tons de vermelho e azul, como se retratasse um pôr-do-sol muito bonito, em meio a um lugar abandonado, com alguns elementos da estória compondo o quadro. Ao abrir, a contracapa se destaca, em vermelho-vivo, e, depois de terminar de ler, é possível entender porque essa cor é predominante ali. Além disso, cada início de capítulo tem a figura de um dragão, reafirmando a participação deles na trama.
Não posso deixar de comentar sobre a forma como Draccon finaliza cada capítulo: há um quê de poesia em suas frases, um ar etéreo, com frases curtas, que fecham a cena acendendo no leitor a curiosidade para o próximo capítulo:
"Eram cento e cinquenta e oito pessoas.
Cento e trinta homens.
Vinte e oito mulheres.
Uma única regra."
(capítulo 2, página 18)
Sou toda elogios para esse livro, e confesso que a escrita de Raphael Draccon definitivamente me conquistou. Ao final de tudo, ficou a ansiedade pela continuação, já que "Cemitérios de dragões" se trata de uma trilogia. Super recomendo a leitura, para todas as pessoas.
Joana Masen
@joana_masen
Essa é uma daquelas fantasias que prendem o leitor. E eu, que não sou uma consumidora voraz desse gênero, não conseguia largar o livro. É ação do começo ao fim, com um enredo fascinante.
Cinco pessoas, de partes distintas do mundo e que nunca se viram antes, acordam de repente num mundo estranho, sem saber onde estão e nem como foram parar ali. Só isso já daria uma estória incrível, mas Raphael Draccon enriquece ainda mais a trama concedendo a cada um desses personagens características únicas, que ajudam a construir uma trama sem igual.
Derek, um soldado americano de elite, Amber, uma jovem de Ruanda que cresceu oprimida pela guerrilha em seu país, Daniel, nerd brasileiro descendente de orientais, Romain, um dublê francês especialista em Parkour e Ashanti, a garçonete irlandesa que se mostra especialista em artes marciais, são os cinco elementos que vão compor esse grupo de heróis (e vítimas), onde um complementa o outro, e usam seus talentos em busca de um bem comum.
Num universo estranho, onde humanóides são governados por draconianos e demônios, e dragões são controlados por uma bruxa ambiciosa que quer dominar aquele mundo, o quinteto, a princípio, cada qual num lugar diferente, tem que sobreviver a inúmeras ameaças, enquanto tentam entender como foram parar num lugar tão insólito, buscando uma forma de voltar para casa.
Os perigos são muitos, e os personagens têm que enfrentar os mais impensáveis tipos de criaturas, lutando por suas vidas. Derek é muito determinado e se mostra logo um bom lider, enquanto Amber é mais forte psicologicamente. Daniel e Romain protagonizam as cenas mais divertidas do livro, com frases de efeito e algumas piadas que fornecem o alívio cômico necessário à estória, sem exageros. Ashanti, minha personagem preferida, é forte e determinada, e suas ações exalam essa força, até quando precisa demonstrar amor. É Ashanti quem forma com o rei Mihos o par romântico do livro.
O cenário onde se passa a estória é assustador, cheio de demônios, escravos que são ameaçados de morte constantemente e dragões. O metal vivo é quase um personagem da trama, e esse elemento é o responsável pela reviravolta na condição dos cinco humanos. Uma entidade muito avançada e conhecedora de tecnologias que estão muito à nossa frente mistura o metal com sangue de dragões e cria para eles um traje especial que os ajuda a lutar com os seres místicos que querem governar aquele universo. É aqui que o enredo deixa claro a influência do universo Tokusatsu, e séries como Jaspion, Changeman e Ultraman. Essa referência é usada de forma brilhante por Draccon, e, apesar de ser bem evidente, não é uma cópia.
O melhor do livro é a linguagem usada pelo autor, rápida, direta e que deixa a leitura muito fácil. Por se tratar de um universo totalmente novo, as explicações sobre ele poderiam carregar a narrativa, mas isso não acontece; Draccon consegue descrever tudo sem se prender demais a pequenos detalhes, e assim, aproxima da nossa realidade o cenário da sua fantasia. Não esperem descrições pormenorizadas de cada pedrinha como Tolkien (graças a Deus!), mas tenham certeza de que cada lugar ou criatura são bem apresentados, e isso conquista o leitor.
"Cemitérios de dragões" foi uma grata surpresa para mim, que não leio muita fantasia, e fiquei encantada por ele. Li rapidamente, adorei cada personagem, suas características diferentes, sua personalidade única, além de ter relembrado programas que eu via quando criança, como o Jaspion, do qual não falava há tempos. Foi uma das melhores leituras do ano e eu estou até agora apaixonada pela escrita de Draccon. Além disso, foi ótimo conhecê-lo pessoalmente, exatamente no dia em que terminei de ler o livro, e ouvi-lo falar sobre a criação da obra e suas inspirações.
Uma curiosidade sobre essa estória é que, durante a leitura, senti que algumas partes ficariam muito bem como história em quadrinhos, e tive a oportunidade de perguntar ao autor se isso está em seus planos. Ele revelou que algumas pessoas já tiveram essa mesma impressão, e que, futuramente, quem sabe, ele poderá enveredar por esse novo formato. Oremos!
Se não bastasse o enredo perfeito, o livro tem uma arte linda: a capa é maravilhosa, em tons de vermelho e azul, como se retratasse um pôr-do-sol muito bonito, em meio a um lugar abandonado, com alguns elementos da estória compondo o quadro. Ao abrir, a contracapa se destaca, em vermelho-vivo, e, depois de terminar de ler, é possível entender porque essa cor é predominante ali. Além disso, cada início de capítulo tem a figura de um dragão, reafirmando a participação deles na trama.
Não posso deixar de comentar sobre a forma como Draccon finaliza cada capítulo: há um quê de poesia em suas frases, um ar etéreo, com frases curtas, que fecham a cena acendendo no leitor a curiosidade para o próximo capítulo:
"Eram cento e cinquenta e oito pessoas.
Cento e trinta homens.
Vinte e oito mulheres.
Uma única regra."
(capítulo 2, página 18)
Sou toda elogios para esse livro, e confesso que a escrita de Raphael Draccon definitivamente me conquistou. Ao final de tudo, ficou a ansiedade pela continuação, já que "Cemitérios de dragões" se trata de uma trilogia. Super recomendo a leitura, para todas as pessoas.
Joana Masen
@joana_masen
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