Esses dias estava lembrando de uma coluna que eu tinha no blog Backbeat, da minha amiga Izadora Pimenta, em que falava de trilhas sonoras maravilhosas (segundo o meu próprio conceito de maravilha, né). Naquela época tava no comecinho da faculdade de jornalismo e procurava formas de praticar a escrita, quando soube que a Iza queria colaboradores pra falar de música. Fiquei quase uma semana pensando no que poderia fazer - que misturasse algo que eu tivesse afinidade, mas que também fosse diferente do que eu já escrevia aqui - quando surgiu a ideia de falar sobre trilhas sonoras. Uma das coisas mais legais desse projeto é que eu pude criar alguns dos textos que são os meu preferidos e dos quais eu me orgulho de ter produzido. Foi relembrando dessas coisas que me dei conta de nunca escrevi nada sobre umas das minhas trilhas favoritas, que é Quase Famosos. Então, sim, esse texto vem cheio de nostalgia, pode apostar.
Eu demorei alguns anos pra assisti-lo e lembro que foi bem numa fase minha de ficar explorando a locadora de cabo a rabo tentando ver de tudo e querendo recuperar o tempo que passei não existindo. Quando terminei de ver minha cabeça estava fervendo, de um jeito bom, e senti que eu nunca mais seria a mesma. (É claro que isso é um completo exagero, mas sim, foi transformador). A parte mais curiosa é que apesar de ser um filme muito conhecido e ter um bando de fãs mundo afora, é também pouco reconhecido pelo grande público e sempre que converso com alguém sobre, boa parte olha pra mim com cara de desculpa, mas não sei do que você está falando. E tudo bem.
Então pra você que também não sabe do que estou falando, vamos trazer um rápido resumo deste clássico saído do início deste século: o filme conta a história de William Miller, um adolescente de 15 anos, que tem a ambição de ser um jornalista especializado em música e ganha uma estranha oportunidade de acompanhar a turnê de uma banda em ascensão. Tudo isso em plena década de 1970, naquela construção do rock n' roll que a gente escuta até hoje. Agora um fato curioso sobre a história, é que o roteiro é um híbrido de realidade com ficção, porque foi baseado na vida do diretor do filme, Cameron Crowe - que também é responsável por Say Anything, Elizabethtown e Jerry Maguire. Ele também começou a escrever com 15 anos sobre música, acompanhou turnês de bandas incríveis, como o Led Zeppelin e é colaborador da Rolling Stone até hoje.
É por isso também que a trilha sonora é um personagem indissociável da história. Se eu pudesse resumir a beleza dos dois universos nesse filme, da música e do cinema, eu diria que é em uma das primeiras cenas, em que a irmã do William está tendo uma discussão com a mãe deles - uma mulher conservadora e que luta pra criar os filhos sozinha -, quando resolve que vai sair de casa pra viver com o namorado. E sabendo que a mãe deles nunca iria entendê-la, ela coloca pra tocar America, de Simon & Garfunkel, para explicar sua decisão. Eu já ouvia Simon & Garfunkel nessa fase da minha vida, mas depois disso eu fiquei obcecada, principalmente por America que é uma músicas mais bonitas do universo pra mim.
Descontente em ter apenas um momento icônico no filme, Cameron Crowe ainda cria a famosa cena do ônibus, que eternizou Tiny Dancer, de Elton John. Depois de um momento de desentendimento da banda, naquela turnê louca que estamos acompanhando, eles retomam a estrada no meio daquele clima pesado. Até que Tiny Dancer começa a tocar e pra eles aquela é uma música que não dá pra ignorar. Quando chega no refrão, todo mundo já foi contagiado e cantam juntos, deixando os problemas de lado por algo que todos têm em comum naquele momento. Eu aposto que você conhece a mágica que é cantar junto com alguém ao mesmo tempo.
Mas não é só de Elton John e Simon & Garfunkel que a trilha sonora é composta (embora pudesse com tranquilidade, já que Cameron Crowe é mestre em tirar um Elton John da cartola sempre que necessário em seus filmes). Como dá pra imaginar tem muita coisa boa e que é cara da década de 1970 e da nossa concepção romântica do que é o rock. Como Led Zeppelin - principalmente o lado mais countryzinho que eu adoro -, The Who, Lynyrd Skynyrd, The Velvet Underground, Black Sabbath, Deep Purple, Jimi Hendrix, Iggy Pop. Também tem espaço pra rainha Joni Mitchel, Rod Stewart, Neil Young e outras milhares de coisas que poderia ficar descrevendo aqui até amanhã. Tudo isso, sem contar a banda fictícia que a gente acompanha no filme, Stillwater, que tem músicas muito boas e já até ouvi tocando por aí. Por isso, vou deixar o play aqui pra você acompanhar:
No final, eu acho que a beleza de Quase Famosos não está apenas na temática, no roteiro interessante ou no rock n' roll (ou a oportunidade perfeita pra exaltar toda a beleza de Kate Hudson), mas também por ser um filme sobre viagem, descobertas e desilusões. É também uma daquelas histórias cheias de camadas, que a cada vez que você assiste novamente descobre uma coisa diferente, um lado novo. E eu acho que conforme os anos passam, o roteiro conversa com uma parte nova da gente e a cada vez acontece uma identificação com um personagem. Deve ser por isso que ele é sempre citado entre as minhas listas de filmes favoritos e a trilha sonora é frequente alternativa pra quando estou em busca de inspiração e quentinho no coração.
Sandy Quintans
@sandyquintans
No final, eu acho que a beleza de Quase Famosos não está apenas na temática, no roteiro interessante ou no rock n' roll (ou a oportunidade perfeita pra exaltar toda a beleza de Kate Hudson), mas também por ser um filme sobre viagem, descobertas e desilusões. É também uma daquelas histórias cheias de camadas, que a cada vez que você assiste novamente descobre uma coisa diferente, um lado novo. E eu acho que conforme os anos passam, o roteiro conversa com uma parte nova da gente e a cada vez acontece uma identificação com um personagem. Deve ser por isso que ele é sempre citado entre as minhas listas de filmes favoritos e a trilha sonora é frequente alternativa pra quando estou em busca de inspiração e quentinho no coração.
Sandy Quintans
@sandyquintans
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