quinta-feira, 27 de junho de 2013

Joana Leu: Reparação, de Ian McEwan

Joana Leu: Reparação, de Ian McEwan
Reparação
Ian McEwan
editora Cia. das Letras
444 páginas
"Na tarde mais quente do verão de 1935, na Inglaterra, a adolescente Briony Tallis vê uma cena que vai atormentar a sua imaginação: sua irmã mais velha, sob o olhar de um amigo de infância, tira a roupa e mergulha, apenas de calcinha e sutiã, na fonte do quintal da casa de campo. A partir desse episõdio e de uma sucessão de equívocos, a menina, que nutre a ambição de ser escritora, constrói uma história fantasiosa sobre uma cena que presencia. Comete um crime com efeitos devastadores na vida de toda a família e passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou."

O autor Ian McEwan consegue fazer de forma impecável uma descrição completa e minusciosa de cada um de seus personagens, além de dar detalhes dos ambientes onde se passa a estória, sem que isso deixe a narrativa monótona ou cansativa, diferente do que acontece em "O senhor dos anéis", por exemplo. Mas o mais interessante desse estilo de Ian é que todo e qualquer detalhe, por menor que pareça, ajudam o leitor a conhecer intimamente cada personagem, e entender suas ações através de seu modo de pensar. Isso permite que o leitor crie afinidade e se identifique com esse ou aquele personagem ao longo da leitura.

Essa habilidade do autor fica clara logo no início do livro, enquanto ele apresenta Briony, a protagonista da estória e a responsável pela série de acontecimentos confusos que mudarão toda a sua vida e das pessoas que a rodeiam: Ian vai nos mostrando a personalidade da menina inocente que sonha em ser escritora, e a sua maneira de ver o mundo, tanto que ele narra a cena da fonte sob a perspectiva dela, mas também descreve depois a mesma cena pelo ponto de vista de Cecília e  Robbie, que protagonizaram aquele momento. Depois de ver a irmã semi-nua entrar na fonte do jardim enquanto o rapaz a observa boquiaberto, Briony tem um acesso de raiva e se sente traída por Cecília, já que nutria um amor quase infantil por Robbie. 

Tentando se vingar do que a irmã lhe fez, Briony se aproveita de uma situação de desespero que ocorre durante o jantar da família: eles estão recebendo os filhos de uma tia de Briony que se separou e está tentando deixar as crianças longe das confusões geradas por isso, e também um amigo do irmão mais velho da menina, que está prosperando muito nos negócios vendendo barras de chocolate para o governo enviar aos soldados que estão servindo o país.

Os primos de Briony saem da mesa e vão para fora da casa, acabam se perdendo na mata que envolve a propriedade e, quando se dão conta disso, todos ficam apavorados e saem à sua procura. Em meio a essa busca Briony encontra a prima num lugar muito escuro e ermo, na companhia de um rapaz, de quem ela mal consegue ver o rosto, e tece uma trama incrível, cheia de drama, fazendo da menina vítima de um ataque. Briony revela à família a cena que presenciou e, tentando ganhar a confiança e a amizade da prima e ao mesmo tempo acabando com o romance entre Cecília e Robbie, ela acusa o rapaz de ser o autor do ataque a prima, e afirma veementemente tê-lo visto sair correndo do local quando ela os surpreendeu. Robbie, filho da empregada, não tem como provar sua inocência e acaba preso, mas promete a Cecília que sempre vai amá-la e ela, em resposta, diz que vai esperá-lo.

Esse é o grande acontecimento que amarra a trama e une, para sempre Briony, Robbie e Cecília numa vida cheia de sofrimentos, arrpendimentos, espera e muita esperança de que tudo possa ser resolvido e perdoado.

Ao final, depois de acompanhar toda a penitência de Briony tentando reparar o erro daquela noite, e a busca incansável de Robbie e Cecília pela felicidade, quando o leitor está envolvido emocionalmente com os personagens, acreditando que sabe quem é o vilão e quem é o mocinho, eis que o autor apresenta um desfecho surpreendente e nos deixa em dúvida sobre tudo o que aconteceu, sem saber se era verdade ou não, ao melhor estilo Machado de Assis em "Dom Casmurro".

Recomendo muito a leitura: a narrativa é simples e fluída, e prende o leitor do início ao fim. O livro foi adaptado para o cinema, então, para aqueles que preferem ver a ler, podem assistir "Desejo e Reparação", que ficou muito bom mas, como acontece na maioria das adaptações, não consegue refletir todos os detalhes da estória.

Joana Masen
@joana_masen

terça-feira, 25 de junho de 2013

Bem-me-quer - O vídeo

Bem-me-quer - O vídeo
Recentemente, nós fizemos o editorial Bem-me-quer para a divulgação da Antonieta Zumbi, a primeira e nova marca da Helen. Foi aí que surgiu a ideia de produzirmos um videozinho, por diversão. O resultado é o curta Bem-me-quer em que conseguimos gravar em 30 minutos. Um recorde. É claro, que muita coisa precisa ser melhorada. E por sermos marinheiras de primeira viagem neste curta, acho que nos saímos muito bem. O roteiro é meu e da Helen. E a edição é nossa também, mas o trabalho duro foi feito em boa parte pela Helen. A música é da nossa querida Nana, que aliás, combinou perfeitamente. Muito obrigada a todos que nos ajudaram.

Direção: Helen Quintans
Atores: Beatriz Quintans, Renata Cirigliano e Vinícius Novaes
Roteiro: Helen e Sandy Quintans
Câmera: Robson Reiz
Locação: Estação Cultura, em Campinas
Colaboradores: Angie Lucena,Vênia Silva, Nandara Suellen e Polly Resende (da Dixie Arte e Estilo, que nos emprestou os acessórios lindos que usamos no editorial)
Música: Hitchcock - Nana (quem quiser baixar tem aqui)



Sandy Quintans
@sandyquintans

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Só mais cinco minutinhos", disse o Gigante. #changebrazil

"Só mais cinco minutinhos", disse o Gigante. #changebrazil
Estamos todos perdidos. Isso é fato. Ontem, participamos da manifestação que aconteceu aqui em Campinas pela melhoria do transporte público, já que um dia antes o aumento da tarifa havia sido revogado pelo prefeito da cidade, Jonas Donizette. Aqui em Campinas, a tarifa aumentou no início do ano, e  ganhamos o título de tarifa mais cara do país, R$3,30. Provavelmente uma manobra para diminuir o impacto do protesto. Mas vamos ao que interessa, ao protesto e nossa experiência dos últimos dias. Vale lembrar que tudo que colocamos no texto é nossa opinião, de acordo com a nossa experiência durante a manifestação e que apoiamos o movimento. Porém acreditamos que existem algumas coisas que ainda precisam ser questionadas.
Foto por Virgínia Alves, nossa querida amiga.
Pra ficar mais fácil de acompanhar, vamos dividir o texto em partes: 

1. Ir ou não ao protesto?

De início entramos em uma dúvida enorme sobre se deveríamos ir a manifestação ou ficar em casa. Quando o evento foi criado, estávamos acompanhando a repressão policial que estava acontecendo em São Paulo. A chance de acontecer a mesma coisa, era grande. Apesar da grande vontade de participar, havia a dúvida. Até que, o jogo virou, o Brasil estava nas ruas e depois do que vimos na segunda-feira em todo o país, como não protestar? Segundo que usamos o transporte público todos os dias, sempre que penso no quanto gasto com transporte (no nosso é ônibus, não táxi) me dá vontade de ficar em casa só pra não gastar. Terceiro que, não ir seria uma grande hipocrisia da nossa parte, sofremos com um transporte público, ruim, precário e caro, muito caro. Se defendemos que todos devem ir às ruas protestar, como ficar em casa em um momento desses?

2. O que queremos?

Decisão tomada, chegou o momento de decidir nossos cartazes, nossas causas. Com tarifa reduzida, qual seria nossos discursos? O que queremos para nossa cidade? O foco do protesto no evento, estava claro. Mas parece que não estava entre os participantes. As enquetes diziam as mais variadas coisas, desde que roupas usarmos ou sobre o que reivindicar (apesar de estar claro no evento que iríamos fazer lá).

3. Concentração

Com cartazes prontos, chegou a hora de ir para a rua! A concentração para nós, foi o melhor momento. A democracia estava ali. Tínhamos famílias inteiras (inclusive, uma boa parte da nossa família foi), idosos, crianças, cachorros, estudantes de todas as idades e gente muito disposta a mudar o país. Nunca vou esquecer a cena de um senhor de idade chorando, emocionado. De certo, nunca tinha visto nossa cidade tão linda. Ninguém viu. Era de arrepiar. A vontade era de gritar de alegria, só de ver a cena. Todos se preparando, com seus cartazes, encontrando amigos, prontos para bravar o seu país. 

4. Hora da passeata.

A passeata começou. Não fomos logo de início, tínhamos que esperar todos os nossos conhecidos e uma parte da família. Seguramos nossos cartazes, participando, ainda que de fora. Assistindo as pessoas dos prédios apoiarem a causa (há quem ache que é melhor ir para as ruas, mas sinceramente? É melhor ir para as ruas quem sabe o que está fazendo lá), com suas bandeiras brancas. Até que, coisas estranhas começaram a acontecer. Mal escutamos pessoas reivindicando à respeito da tarifa, ou das melhorias do nosso transporte. Acredita que aqui não temos tarifa mais barata para universitários? É como se não fossemos estudantes. Cada grupo pedia uma coisa. Uns pediam impeachment da Dilma (o que é muito estranho, já que a culpa de tudo não é de um governante), outros contra a PEC 37 (até a gente pediu isso) e  tantos outras coisas que não diziam respeito ao movimento. A manifestação era de indignação. Todos queriam mudanças, e não sabiam por onde começar. Foi lindo ver tanta gente ir para as ruas (há reportagens que dizem que haviam 70 mil pessoas, não sabemos). Mas foi assustar saber que alguns encaravam como desfile de carnaval, e outros estavam perdidos, precisavam de liderança. Outra coisa que nos chamou a atenção, foi a quantidade de pessoas mascaradas e com o rosto coberto observando tudo acontecer, alguns no meio da galera, outros parados pelas calçadas.

5. Liderança

Pra ser sincera, até agora não sabemos quem foram os líderes dessa manifestação. Só sei que haviam pessoas do Movimento Passe Livre porque uma amiga que estava trabalhando pra um jornal da cidade os entrevistou. Se não fosse por isso, poderíamos jurar que este não era um movimento do MPL (que já participamos diversas vezes). Não havia carro de som para guiar a multidão. Alguns diziam que era para irmos para uma avenida, outros para outra e no final seguíamos o fluxo. Chegamos até a prefeitura, que depois fiquei sabendo que o destino correto, seria o Centro de Convivência da cidade.

6. Prefeitura

Pra quem não é de Campinas, o centro é feito por ruas estreitas. Na frente da Prefeitura da cidade, há uma avenida que é dividida em duas faixas, separadas por uma grade. Claramente, não há espaço para toda a multidão ficar, e alguns se refugiaram em várias ruas ao redor da prefeitura. A sensação era de estávamos encurralados. Com toda a multidão reunida, o que deveríamos fazer ali? Ficamos parados por um tempo, alguns pequenos grupos fazendo reivindicações diferentes e assim vai. Até que começamos a assistir o show do pequeno grupo, que insiste em vandalizar.

7. Manifestação pacífica, mas vândalos?

 Assistíamos de camarote os vândalos tacarem pedras, fogos de artifício e rojões dentro da prefeitura: queriam invadir. Muitas pessoas gritavam: "Sem violência", "Sem vandalismo". Queríamos manter a razão de estarmos ali. Depois tentamos sentar no chão, para que pudessem ver quem eram as pessoas que estavam fazendo aquilo. Tudo sem sucesso. O festival de gás lacrimogênio começou. 

8. Gás e Vinagre até enjoar

A nossa sorte foi o Vinagre. Ainda bem que um dos Quintans que estavam com a gente foi esperto e levou. De fato resolve. Usávamos e doávamos de monte. Todos ali estavam sendo desmerecidos por uma minoria que não representava ninguém. E vale dizer, minoria sim, mas em grande número. E mesmo assim, não desistiam. O festival continuava.

9. Cadê a PM?

Depois da repressão que aconteceu em São Paulo, a PM passou a agir de forma estranha. De tanto mandarem eles tomar no cú, eles resolveram que deveríamos fazer o mesmo. Durante todo o protesto, não vi nenhum um policiamento (inclusive, muita gente foi roubada). PMs são funcionários, que deveriam trabalhar para nos proteger e não deveriam ser objeto de repressão. E não é tão difícil compreender. Por isso, se vou a um evento que reúne a quantidade de pessoas que estava para ser reunido neste, quero me sentir protegida, e não com medo de policial e bandido, (bandido sim, manifestante não vai para depredar ou roubar outros manifestantes). Mas não se preocupem, o choque foi lá dar jeito.

10. Bombardeio? 

De tanto ficar encucada com a história da PM, o choque entrou em ação. Depois de nossa prefeitura destruída, postes arrancados e até fogueira, começou o verdadeiro bombardeio. Era lançado gás lacrimogênio um atrás do outro. Todo mundo correndo, em pânico. Aqueles que não sabiam o que reivindicar, obviamente, também não sabia o que fazer. Daqui pra frente foi cada um por si. 

11. O gigante não acordou

O que antes era desconfiança, depois do protesto virou certeza: o gigante não acordou. Demos um passo importantíssimo indo para as ruas. Assumindo que existe algo tremendamente podre no reino da Dinamarca e fomos ouvidos. Aqui e lá fora. Mas falta muito pra esse tal gigante acordar. Acredite ou não, enquanto estava dormindo tinha muita gente lutando, reivindicando e fazendo protesto sim! Você só não viu, não deu bola, deixou passar. Inclusive muitos partidos políticos de esquerda em busca de causas pela minoria, que tanto insistem em mandar pastar. É como se essa gente nova, que tá aprendendo a protestar, tomasse o lugar de alguém que já está há muito tempo fazendo isso. Só vamos acreditar que esse gigante acordou quando vermos uma manifestação tão grande e tão linda como estas que estão acontecendo, quando elas forem pelas minorias. Pelo prol do feminismo, pelo aborto, pelas causas LGBT e por pautas esquecidas. Causas que há tempos muita gente luta e que você não notou.

12. #vapracasa

Já é hora de sair das ruas. O MPL anunciou, não irá mais convocar manifestações por enquanto. E fazem bem. Conseguiram sua principal reivindicação, e agora está cheio de oportunistas pegando carona. Agora, dentro das manifestações está cheio de divergências. É hora de ir pra casa, escrever propostas, escolher suas lutas e apresentar aos representantes. Já é tempo de cancelarmos as manifestações genéricas e de discursos prontos. Vamos nos organizar, Brasil! Pra esse gigante, enfim, acordar.

Sandy e Helen Quintans
@prontousei

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Joana leu: O teorema Katherine, de John Green

Joana leu: O teorema Katherine, de John Green
O teorema Katherine
John Green
editora Intrínseca
304 páginas
"Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o rabecão Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam. Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem enter Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera."

Então vamos falar sobre mais um ótimo livro escrito pelo maluco  John Green. Para quem perdeu, semana passada resenhei aqui o fofo "A culpa é das estrelas".

Colin é um menino super inteligente, porém, carente na mesma medida. Por ser sempre considerado acima da média, ele se cobra muito e acha que deve fazer alguma coisa muito importante que faça dele uma pessoa marcante na história mundial, assim, sua vida faria sentido.

Ele é um nerd típico, no início me lembrou um pouco Sheldon Cooper, do seriado "The big bang theory", mas aos poucos essa impressão foi se desfazendo, já que Colin é mais carismático que Sheldon, e bem menos irritante. Acho até que ele é bem mais humano que Dr. Cooper.

Depois de ter 19 namoradas chamadas Katherine, ele acredita que seu momento 'eureka' será criar um teorema que permita saber o final de um relacionamento mesmo antes de começar. Colin acha que isso, não só explicaria por quê foi dispensado pelas ex-namoradas, mas também iria prever o resultados de um futuro namoro.

Seguindo a sugestão de seu único e inseparável amigo, Hassan, ele sai numa viagem sem rumo, a fim de esquecer a decepção da última Katherine e tentar se recuperar de mais um fora. Enquanto Colin vai anagramatizando tudo o que pode (ele é viciado em fazer anagramas) e usando seus infindáveis conhecimentos para explicar a Hassan as coisas menos interessantes que se possa imaginar, eles encontram uma placa que indica o túmulo de um famoso arquiduque, e decidem visitá-lo. A partir dai, tudo começa a mudar.

Eles chegam a uma cidadezinha chamada Guntshot e conhecem Lindsey, uma jovem muito bonita, que toma conta da mercearia e faz as visitas guiadas ao túmulo do arquiduque. Imediatamente, os três ficam amigos e a mãe de Lindsey, dona da única fábrica da cidade e responsável pela sobrevivência da maioria dos moradores do lugar, contrato os dois garotos para visitar os mais antigos trabalhadores da fábrica e entrevistá-los, a fim de registrar a história da cidade para as futuras gerações.

Durante o tempo em que são obrigados a conviver para fazer essa pesquisa, eles vão conhecendo uns aos outros e se conhecendo pessoalmente; Hassan, que nunca tinha namorado ninguém, acaba se envolvendo com uma amiga de Lindsey e, mostrando que realmente é muito amigo de Colin, acaba lhe dizendo umas verdades quanto ao seu modo de agir e de pensar apenas em seus problemas; Lindsey percebe que, apesar de sua vontade de passar a vida toda ali na pequena cidade onde nasceu, ela não faz nada pelo lugar nem pelas pessoas, se dedicando apenas a satisfazer seus próprios desejos, como por exemplo, namorar o menino mais desejado do colégio, astro do time de futebol americano e que, mais tarde, se mostra um grande idiota. Já o prodígio Colin descobre que, na sua ânsia de ser aceito pelas pessoas, principalmente pelas namoradas, ele acabou bloqueando algumas lembranças que o fariam mudar totalmente de opinião sobre seus antigos relacionamentos. Além disso, após a briga que teve com Hassan, Colin passa a respeitar os sentimentos daqueles que estão à sua volta, e deixa de se importar somente com seus problemas.

Colin tenta de todas as formas terminar o teorema, mas a certa altura ele descobre que tinha deixado passar um pequeno detalhe que era crucial para construir os gráficos de seus relacionamentos passados. Com a ajuda de Lindsey e Hassan, ele vai aos poucos percebendo que existe vida além de seus namoros e que ele não precisa ser super inteligente durante 100% do tempo; ele pode se divertir e cometer alguns erros como qualquer menino da sua idade.

Em certo ponto da estória, fica claro para onde caminha a amizade de Colin e Lindsey, mas John Green deixa a coisa tão romântica, de um jeito tão singelo, que, mesmo você desconfiando do que vai acontecer, você não se importa e quer continuar lendo para saber como eles chegarão até lá.

Os personagens criados por John Green aqui são muito 'gracinhas', e durante toda a narrativa dá para perceber o estilo do autor bem presente: a narrativa rápida, cheia de pormenores, curiosidades muito bem explicadas e a criação de algumas expressões únicas, como o 'fugging' que os personagens usam a todo momento, deixam claro quem foi o responsável por juntar essas peças e construir uma bela estória, com romance, aventura, um pouco de drama e até alguns momentos engraçados.

Leitura super recomendada, divertida, prazerosa, e que ainda ensina! É verdade, o livro é cheio de cálculos e fórmulas (que para mim são grego, rs), e informações interessantes sobre assuntos que Jô Soares classificaria como aleatórios.

Joana Masen
@joana_masen

terça-feira, 18 de junho de 2013

Bem-Me-Quer - A coleção de estreia da Antonieta Zumbi!

Bem-Me-Quer - A coleção de estreia da Antonieta Zumbi!
Esse é um projeto muito especial para mim. Um projeto que tem o apoio de amigos muito especiais que me ajudam, me motivam e participam ativamente do meu sonho. Então, antes de mais nada, meu muito obrigada à todos. 

A Antonieta Zumbi nasceu como um trabalho interdisciplinar da faculdade de Moda e depois de algum tempo guardada, resolvi resgatá-la do fundo da gaveta, apostar e desenvolver a primeira coleção oficial da marca.
Antonieta Zumbi é moderna, divertida e sofisticada. Recebe fortes influências do Indie e do street fashion europeu. 
Batizei a coleção de "Bem-Me-Quer", porque assim como a brincadeira, a menina que usará Antonieta não é previsível. Ela gosta de ousar e não se importa em chamar a atenção. Gosta de arte, música e poesia. É rebelde sem perder a delicadeza, doce sem ser enjoativa. A partir dessa inquietude, desenvolvi peças únicas, confeccionadas em tecidos nobres, com recortes e volumes que dão uma pitada rocker, num sofisticado divertido. E aí, se identificaram? 


Todos os desenhos foram feitos com entusiasmo, para agradar quem quer fugir do óbvio. Espero que gostem.

Helen Quintans
@helenquintans

Fotos: Helen Quintans
Modelos: Renata Cirigliano e Beatriz Quintans
Produção: Helen e Sandy Quintans
Styling: Helen Quintans e Vênia Silva
Make: Nandara Suellen
Assistente: Vinicius Novaes
Acessórios: Dixie Arte e Estilo e Vênia Silva

terça-feira, 11 de junho de 2013

Por que gostei de O Grande Gatsby.

Por que gostei de O Grande Gatsby.
Ler uma critica negativa de algo que quero muito assistir, ler ou ouvir, geralmente, me faz bem. Quando há mais ou menos um ano atrás eu fiquei sabendo dos rumores de lançamento de O Grande Gatsby, criei uma expectativa enorme, com razão. Sou fã do Leonardo DiCaprio desde criança, do tempo em que minhas tias colecionavam cartazes e recortes de revistas desse lindo, e fala sério, como esquecê-lo em Romeu + Julieta? Depois tinha Carey Mulligan, outra linda que está no meu coração desde Educação (embora já conhecesse desde Orgulho e Preconceito). E por último, Baz Luhrmann, o cara que deu vida (me deixe citar duas vezes)  a Romeu + Julieta e Moulin Rouge. Esses detalhes da vida não devem passar despercebidos. 
Depois da estreia em Cannes e nos Estados Unidos, criticas negativas sobre do filme não faltaram (aliás, não li nenhuma positiva). Mas uma coisa é certa, o frisson em torno do filme foi tão grande, que todos criaram uma expectativa enorme. Uns esperavam algo mais próximo da versão de 1974 e outros esperavam um musical no melhor estilo Moulin Rouge. Diversas marcas lançaram coleções inspiradas no filme e a trilha sonora virou estrela de muitos artigos, antes da estreia.
Finalmente chegou a vez de tirar minhas próprias impressões. Fiquei impressionada com o fato de que os dois grandes cinemas da cidade (em Campinas), só ofereciam uma sala do filme que está com uma bilheteria de $136 milhões de dólares, nos Estados Unidos, ou seja, poucos horários disponíveis. Segunda decepção em relação aos cinemas: só estava disponível a versão em 3D. Particularmente, eu detesto assistir filmes em 3D, não pelos efeitos, mas pela dor de cabeça, pelos óculos e por não conseguir prestar atenção aos detalhes do filme. Sem contar que é um desrespeito com as pessoas que não podem assistir na versão tridimensional, por problemas de visão. Ou seja, tem que estar com muita vontade de assistir ao filme. 
Eu confesso que não assisti a nenhuma das versões anteriores do romance. Também não li o livro que é de leitura obrigatória nas escolas americanas, embora pretendesse, mas decidi ser surpreendida pela história. Não queria chegar ao cinema e ficar comparando, como geralmente faço. Fui ao cinema conhecendo a história, esperando pelo pior, mas com o coração aberto.
Versão de 1974, com Mia Farrow e Robert Redford
Por todos esses contras, eu amei o filme. Com o 3D, com o excesso, e com toda a incoerência, eu amei. Como disse no começo, as criticas negativas me fazem bem. Principalmente porque busco encontrar os pontos positivos daquilo que quero tanto conferir e que os outros não puderam falar. Carey Mulligan conseguiu (me) transmitir a ambiguidade da personagem, que te faz ama-la e também odiá-la. Leonardo DiCaprio estava sendo, bem, Leonardo DiCaprio (por que esse homem ainda não ganhou um Oscar?). E Tobey Maguire, também estava sendo Tobey Maguire, narrando a história e conduzindo o mistério por trás de o Grande Gatsby.
O recurso em 3D foi brilhantemente bem utilizado nas festas dadas no grande palácio de Gatsby, que nos passou as ideias de orgias e de toda aquela bagunça. Já a trilha, por mais que seja boa, foi coadjuvante. Foi boa, mas só. Digo isso, porque em outros filmes de Luhrmann a trilha sonora costuma ser personagem, de tão presente. O meu ponto negativo, fica nas cenas entre Gatsby e Daisy, afinal é uma história de amor. Acredito que deveriam ter sido mais bem exploradas, não pelos atores, mas pelo roteiro. As cenas nos fazem acreditar no amor entre os dois, mas não nos cativa. 
Por fim, o que posso dizer sobre o filme, sem fazer spoiler, é que é espetacular, como Baz Luhrmann deve ser.


Sandy Quintans
@sandyquintans

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Helena Bonham Carter para Vogue UK

Helena Bonham Carter para Vogue UK
A Vogue britânica acertou em cheio ao trazer Helena Bonham Carter na capa da edição de junho, em um editorial no melhor estilo Vogue: cheio de glamour. Nunca conheci ninguém que dissesse não gostar da atriz  conhecida por suas excentricidades e pelo seu grande talento. Principalmente, por causa de suas atuações nos filmes de seu marido, Tim Burton, e por papéis como a inesquecível Bellatrix Lestrange em Harry Potter e como a Madame Thénardier de Os Miseráveis. Porém, Helena não é atriz de um papel só, pelo contrário, já encarou a esposa dedicada do rei da Inglaterra George VI em o Discurso do Rei e no ano que vem lançará o filme para TV, produzido pela BBC, Burton & Elizabeth em que viverá a bela Elizabeth Taylor. 
As imagens são da dupla Mert Alas e Marcus Piggott.

Sandy Quintans
@sandyquintans

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Joana leu: A culpa é das estrelas, de John Green

Joana leu: A culpa é das estrelas, de John Green
A culpa é das estrelas
John Green
editora Intrínseca
288 páginas
"Dois acolescentes se conhecem e se apaixonam em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu parte da perna para o esteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas. Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, esse livro é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar." 


Hazel Grace tem apenas 16 anos e é impedida de levar uma vida normal de adolescente por causa do câncer no pulmão, que não deixa que ela faça muita coisa sem sentir falta de ar e cansaço, então, ela pouco vai à faculdade ou sai com os amigos. Sua mãe praticamente a obriga a frequentar o grupo de apoio, para que lá ela possa socializar com outras pessoas que passam pelo mesmo drama que Hazel e troquem experiências, além impedir que a garota entre em depressão. É numa dessas reuniões que ela conhece Augustus, lindo de morrer, e que teve a perna amputada do joelho para baixo em decorrência de um câncer chamado osteosarcoma. Isso o impede de jogar basquete normalmente como ele fazia antes, já que, agora, ele usa uma prótese na perna. Logo de cara os dois já se dão bem, e Gus convida Hazel para assistir em sua casa o filme "V de vingança", pois acha que ela é muito parecida com a atriz Natalie Portman, e ela discorda. Depois de verem o filme, Hazel vê alguns livros de Gus e eles acabam compartilhando seu gosto pela literatura. É ai que ela fala sobre seu livro preferido, "Uma aflição imperial", que ela já releu centenas de vezes, apesar de não se conformar pela estória não ter um final. Ela empresta o livro a Gus, que também fica tentando achar uma explicação para o desfecho que não explica nada. A partir dai, eles passam a buscar um nexo para aquele livro sem final, e assim sua amizade se fortalece.

Depois de muitos questionamentos, eles conseguem um contato com a secretária do autor do livro, e com a ajuda de algumas pessoas, viajam até a Holanda, onde ele mora atualmente, para tentar conversar diretamente com ele e esclarecer suas dúvidas cruciais. Sim, cruciais, já que Hazel usa sua interpretação do livro como apoio nos momentos mais difícies da sua doença. Gus, apaixonado por ela, também quer a qualquer custo descobrir por que o autor deixou o livro inacabado. O encontro entre eles é frustrante, pois o escritor não revela nada e ainda os trata extremamente mal, tentendo convencê-los de que a vida não faz sentido e que eles não devem mais se iludir sobre a existência de um significado oculto naquele 'não final'.

Apesar disso, a viagem deles é mágica, mesmo Hazel tentando manter a relação dos dois apenas como amizade, já que ela sabe que vai morrer a qualquer momento e não quer fazê-lo sofrer. Mas, não há como resistir ao charme de Gus, e ela cede. O amor dos dois floresce plenamente na Holanda, em meio à primavera e aos confetes que caem das árvores, como a coroar a entrega dos dois. è muito romântico!

Em paralelo com esse romance adolescente, o autor mostra um lado mais real de Hazel, que, apesar da pouca idade, tem uma visão muito adulta do mundo e plena consciência de que sua vida é limitada por causa da doença. Por isso, em alguns momentos ela se rebela, grita com os pais, trata tudo com uma frieza impressionante, mostrando que, mesmo parecendo adulta, ela não tem a maturidade suficiente para encarar a dura realidade em que vive e que acaba se extendendo a sua família. Do outro lado está Gus, que sempre tenta ver o lado bom da vida, não se tornando escravo da doença nem do tratamento, desafiando seus limites e usando metáforas para deixar situações mais leves ou mais irônicas.

Não posso deixar de comentar sobre o melhor amigo de Gus, Isaac, um garoto que ama vídeo game e que perdeu um olho pro câncer. Ele é muito apaixonado pela namorada, mas, após descobrir que está prester a ficar sem o outro olho, pois a doença se alastrou, a menina simplesmente some, deixando o pobre Isaac numa tristeza sem fim, cumulada com a depressão por estar prestes a ficar cego. 

A contracapa do livro traz uma citação do "The New York Times" sobre a estória que diz: 'Um misto de melancolia, doçura, filosofia e diversão. Green nos mostra um amor verdadeiro... muito mais romântico que qualquer pôr do sol à beira da praia'. E é isso mesmo: o livro é sobre amor, um amor incondicional, não apenas amor entre homem e mulher, mas amor entre pessoas. O amor entre Augustus e Hazel é romântico, lindo e fofo, daqueles que todo mundo deveria ter pela menos uma vez na vida. Dá vontade de juntar os dois para que eles fiquem assim para sempre. Além do câncer e das dores e das dificuldades que tudo isso acarreta em seu dia a dia, eles conseguem viver o sentimento que têm um pelo outro, do jeito que sabem e até onde podem, mas sem deixar de se divertir.

Depois de ler esse livro, passamos a refletir sobre várias coisas em nossas vidas, principalmente aquelas bem pequenas, que parecem não ter importância. E por causa dele, alguns gestos e algumas frases passa a ter um sentido diferente, como por exemplo o "OK" que eles usam sempre. Não posso dizer mais nada sobre isso, mas quem ler o livro vai entender do que estou falando.

A estória é muito fofa, e não dá pra parar de ler. O enredo é carregado de sentimento, do início ao fim, e me levou às lágrimas em alguns momentos. É impossível não se comover com a história de Gus e Hazel, tão bem escrita por John Green. Se ele queria emocionar os leitores, conseguiu. Espero que ele também tenha conseguido passar aos leitores a mensagem maior dessa estória: que o amor está acima de todas as coisas.

Joana Masen
@joana_masen
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