quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Joana leu: Cidade dos Ossos, de Cassandra Clare

Os instrumentos mortais - Cidade dos Ossos
Cassandra Clare
editora Galera Record
462 páginas
"Um mundo oculto está prestes a ser revelado... Quando a jovem Clary decide se divertir numa discoteca, ela nunca poderia imaginar que testemunharia um assassinato - muito menos um assassinato cometido por três adolescentes cobertos por tatuagens enigmáticas e brandindo armas bizarras. Clary sabe que deve chamar a polícia, mas é difícil explicar um assassinato quando o corpo desaparece no ar e os assassinos são invisíveis para todos, menos para ela. Tão surpresa quanto assustada, Clary aceita ouvir o que os jovens têm a dizer... Uma tribo de guerreiros secreta dedicada a  libertar a terra de demônios, os Caçadores das Sombras têm uma missão em nosso mundo, e Clary pode já estar mais envolvida na história do que gostaria."

Foi tanta expectativa criada em torno desse livro (e depois, do filme), que acabei não gostando muito dele. Até certa altura, a estória é bem interessante, mas depois do que deveria ser o ápice desse primeiro volume da série, a narrativa caiu num lugar comum desanimador.

Quando Clary vê três jovens belíssimos, cheios de tatuagens estranhas e carregando armas bem incomuns, matarem um rapaz dentro de uma boate lotada, ela fica apavorada e quer comunicar o crime à polícia. Mas enquanto tenta processar a cena que viu, ela acaba descobrindo que só ela pode ver os assassinos, e mais ninguém. Aparentemente, essa situação também é estranha para eles, que não esperavam ser vistos ali. Os jovens então fogem da boate e o corpo do adolescente de cabelo azul desaparece sem explicação.

Então, com a cabeça cheia de dúvidas, Clary também se desentende com a mãe super protetora, e sai de casa com o amigo inseparável Simon. Inesperadamente, um dos três jovens da boate aparece, e novamente, só Clary pode vê-lo. Nesse momento a mãe de Clary telefona e pede para que ela não volte para casa, o que causa estranheza na adolescente, que sai correndo para ver o que se passa com Jocelyn. Jace (esse é o nome do rapaz "invisivel") a acompanha e, chegando em casa, percebe que foi bom ficar ao lado de Clary, pois ela se depara com um demônio conhecido como Ravener e não encontra sua mãe na casa. Jace se identifica como um Caçador de Sombras e passa a ajudar Clary na busca por Jocelyn.

A partir daí Clary começa a descobrir sentimentos estranhos, que se confundem com lembranças remotas que ela nem sabia que tinha: marcas estranhas na pele, lugares e pessoas das quais ela não se lembra, e tudo vai ficando cada vez mais familiar na presença dos Caçadores de Sombras.

Clary vai com Jace para o Instituto, um lugar onde os Caçadores são educados e treinados, mas lá só estão Isabelle, seu irmão Alec, seu instrutor Hodge e o próprio Jace, que passam a explicar para Clary sobre o mundo que nem ela nem outros mundanos - ou humanos - não podem ver: cheio de bruxas, demônios, vampiros, lobisomens, anjos e todo o tipo de criaturas imagináveis. Mesmo chocada com tanta informação, Clary se mantém firme no propósito de encontrar sua mãe, e vai usando esse novo conhecimento para tentar descobrir onde ela está.

A estória gira em torno da clássica luta entre o bem e o mal, com um único homem que quer comandar tudo e todos, tentando obter o poder de criar novos Caçadores de Sombras para servir a seus intuitos. Para isso, Valentine precisa da Taça Mortal, o objeto que lhe concede esse poder. A taça sumiu há anos e ninguém na Clave sabe onde ela está. Aos poucos, Clary vai juntando pequenas peças e acaba desvendando esse e outros mistérios.

Em paralelo à busca pela Taça e por Jocelyn, começa a nascer um pequeno romance entre Clary e Jace, apesar da resistência do rapaz que sofreu demais com a perda do pai e tem dificuldades de se relacionar abertamente com outra pessoa. A primeira dificuldade que eles enfrentam é Simon, que se declara apaixonado por Clary e causa muito ciúme em Jace. E tudo ainda fica pior...

Gostei da forma como a Taça Mortal foi escondida, e também dos vampiros, bem clássicos, que não podem sair ao sol e bebem sangue, como tem que ser. Mas gostei principalmente dos Irmãos do Silêncio: imaginá-los me causou arrepios, assim como os dementadores da série Harry Potter: eles são guardiões muito antigos e poderosos que têm as bocas costuradas e não falam através delas, mas emitem uma voz assustadora.

O desfecho desse livro foi um ponto fraco para mim: assim que Jace se vê numa situação que pode mudar totalmente sua vida, a estória fica meio monótona, com o rapaz tentando convencer Clary de que ele está do lado certo. As revelações feitas por Valentine deixam no ar uma sensação de que ele pode ser muito pior do que se imaginava, ou apenas uma vítima de uma grande farsa envolvendo muito mais pessoas.

O peso de todas essas decisões e informações duvidosas causam um efeito devastador em Clary e Jace, que terminam sem entender seus próprios sentimentos e sem saber como agir diante da nova situação que se desenha. Mesmo tendo o apoio do amigo Simon, que é decisivo em momentos importantes da estória, de Isabelle e Alec, e até de Luke, velho amigo da mãe de Clary, eles têm que decidir por si mesmos se aceitam sua nova condição passivamente ou se vão lutar para descobrir a verdade que ficou enterrada num passado distante.

O livro é médio, tem um começo bem empolgante, mas se perde no final. Sei que ele tem continuação e que nada foi  definido aqui, mas a estória teve um início tão interessante que eu esperava que continuasse até o último parágrafo. Veremos no próximo volume que rumo essa trama vai tomar.

Joana Masen
@joana_masen

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