terça-feira, 21 de março de 2017

Juntas somos mais fortes, sim

Eu me senti bastante surpresa quando me deu vontade de escrever esse texto em 2017. Foi inusitado porque há muito tempo deixei essa questão pra trás, o que me fez acreditar que talvez fosse assunto superado, mas não era. No início do mês estava em sala de aula, em uma turma nova aqui na Irlanda, e a professora passou um exercício que tínhamos que responder algumas perguntas bem básicas e discutir com alguém nossas respostas. Um trabalho de conversação mesmo. 

Uma das questões dizia pra gente escrever quem era o nosso amigo mais antigo e uma das meninas da sala escreveu o nome de sua melhor amiga. A professora ficou surpresa quando ela disse que eram amigas há 12 anos. Ela disse: "Isso é uma coisa muito rara de se ver entre mulheres, geralmente estão sempre competindo entre si. Não são como os homens". Ela estava genuinamente surpresa. E eu também. Apenas respondi que não concordava. 


Existe uma palavra dentro do feminismo, que é muito complicada, porque certas vezes ela é deixada de lado e utilizada de uma forma muito seletiva: sororidade. Isso significa mulheres apoiando mulheres e é uma das coisas mais poderosas que o movimento tem, porque sem esse suporte o feminismo provavelmente não estaria a ganhando a força que tem. Infelizmente, em muitas discussões essa é uma palavra que pode ser usada como forma de acusação, ou até, ser omitida quando ela deveria estar sendo espalhada em todos os lugares.


Eu acredito nisso porque sei que a construção dessa Sandy que está aqui, escrevendo esse texto, é a prova de somos mais fortes quando mulheres apoiam outras mulheres. O Pronto, usei! nunca existiria se eu a Helen não acreditássemos uma na outra, se nunca tivéssemos unido quem nós somos pra construir um projeto que tem tanto a dizer. Eu não seria eu, se as maiores inspirações da minha vida não tivessem surgido das mulheres que me cercam todos os dias. Eu nasci em um lar de mulheres poderosas.

Eu fui a adolescente que enchia a boca pra falar que ter amizade com meninos era muito melhor. Mas a grande verdade é que eu sempre tive o apoio incondicional de mulheres na minha vida inteira, enquanto que apoio vindo de homens nunca foi bem uma realidade. Tratava-se apenas de algo que existia apenas dentro da minha cabeça, que fazia com que aquilo parecesse verdade. Até nos momentos mais complicados da vida, eram mulheres que sempre estavam ao meu lado. Não havia competição alguma ali, apenas em minha imaginação. 


No ano passado, eu cheguei a escrever um texto que falava sobre o quanto as histórias de outras mulheres me fortaleciam e me traziam coragem pra seguir em frente quando as forças me faltavam. É muito conveniente que seja imposto a competição entre nós mulheres, porque isso nos enfraquece e nos impede de contestar o que está errado. Então, eu convido você mulher que ainda acredita que a competição entre as mulheres é natural a refletir sobre o quanto nossas vidas podem ser mais incríveis quando nos apoiamos. E eu tenho certeza disso.


Pra ajudar nessa reflexão, espalhei por esse post um montão de vídeo pra dizer que juntas podemos ser muito mais fortes, sim. Então, depois de tudo isso, eu espero que a próxima vez que você olhar pra uma mulher, parta do princípio de que está olhando pra alguém que você pode confiar e não em rivalidade. Devagar, vai perceber o quanto isso vai te fortalecer. Vamos ouvir mais, falar mais, ter menos medo, ter mais força. Vamos viver uma nova maneira de existir, juntas.

Sandy Quintans
@sandyquintans

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