quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Joana leu: Fortaleza Negra, de Kel Costa

"Fortaleza Negra"
Kel Costa
editora Jangada
424 páginas 
"De uma inóspita região da antiga União Soviética, vampiros, até então considerados criaturas lendárias, surgem inesperadamente e põem fim à Guerra Fria em 1985. Usando seu poder mental extraordinário e sua força sobre-humana, os Mestres da Realeza Vampírica exigem a rendição dos líderes mundiais e se autoproclamam senhores absolutos do planeta. Anos depois, vivendo num mundo de relativa paz entre humanos e vampiros, Aleksandra Baker, uma garota de 17 anos se ressente por não ter a mesma liberdade que os jovens do passado. Além de viver sob o jugo dos vampiros, Sasha, como é chamada por todos, está apavorada com uma nova ameaça, a invasão de predadores letais: os mitológicos. Em 2013, diante dos terríveis ataques de centauros e minotauros, a família Baker não vê outra saída a não ser se mudar para a Rússia e morar entre os muros do único lugar onde é possível viver livre dos ataques: a impenetrável Fortaleza Negra, reduto da Realeza Vampírica. Mas a ideia de se mudar para lá não agrada Sasha, ela não gosta de vampiros. Para surpresa de Aleksandra, os Mestres são fascinantes, em especial Mikhail, que desde o primeiro minuto em que se apresentaram na Fortaleza, pareceu ter uma implicância gratuita com ela, sempre impondo seu jeito arrogante e autoritário."

Ufa! Que sinopse grande! Mas se você leu e chegou até aqui, precisa saber que o livro "Fortaleza Negra" arrebatou meu coração. Eu o comprei na Bienal do Livro de SP, sem saber nada sobre ele, apenas porque todos estavam comentando e pedindo ao Grupo Editorial Pensamento uma continuação urgente. Então quando comecei a lê-lo, sem nenhuma pretensão, fui positivamente surpreendida com uma estória bem construída e personagens muito bem desenvolvidos.

Sou muito fã de estórias de vampiros, sejam elas clássicas ou mais modernas, e foi impossível ficar imune aos Mestres criados por Kel Costa. Os vampiros aqui são bem tradicionais, não podem sair ao sol e gostam de beber sangue humano. A diferença está no cenário em que a autora os inseriu, e a trama desenvolvida com vampiros convivendo com humanos pacificamente. Isso me lembrou um pouco  "True blood", mas o livro nem se compara à série, é infinitamente melhor.

Logo no início fica claro que os vampiros não são os inimigos dos humanos, e sim, criaturas que tomaram o poder do mundo e colocaram ordem na casa, acabando com guerras, disputas por terras e massacres religiosos. Isso pode parecer loucura, mas dentro do enredo, faz todo o sentido. Os 5 Mestres,  Klaus, Nikkolai, Mikhail, Nadia e Vladmir, comandam tudo com rigor, e não permitem que ninguém seja atacado por vampiros, todos devem se alimentar com a permissão do humano, e os Mestres recebem doações de sangue de voluntários para seu próprio consumo na Morada.

O perigo está nos ataques dos mitológicos: centauros e minotauros. Esses seres atacam os humanos, que não têm nenhuma defesa contra eles, e põem em risco o governo dos Mestres. É por causa desses ataques que Aleksandra e sua família se mudam para a Fortaleza Negra: seu pai está desenvolvendo uma arma contra os mitológicos, e os Mestres o querem por perto, para que possa terminar suas pesquisas com tranquilidade. Na Fortaleza só vivem aquelas pessoas que têm algo a oferecer aos Mestres que seja de grande importância, o que não é o caso da família da amiga de Aleksandra, Helena, que vai continuar à mercê dos ataques dos mitológicos.

Muito a contragosto, mostrando todo o seu lado adolescente rebelde, Aleksandra desembarca na Fortaleza, e, para sua surpresa, começa a se adaptar à nova vida facilmente. Ela faz amigos no primeiro dia de aula, que são o alívio cômico da estória. Kurt e Lara são divertidos e estão sempre ajudando Aleksandra a se meter em confusão. 

Aos poucos Aleksandra vai se envolvendo com o Mestre Mikhail: por mais que ela tente evitar, parece que desde o primeiro dia tudo faz com que ela acabe na presença dele, e fica impossível resistir à sua beleza e seu charme. Ainda que Mikhail, em alguns momentos, não faça questão de esconder seu lado menos humano, Aleksandra se vê apaixonada por ele, contrariando tudo o que ela acreditava até então. 

Há um início de envolvimento entre Aleksandra, e Blake, um jovem brilhante que está trabalhando com seu pai no desenvolvimento da arma contra mitológicos, mas, na minha opinião, o pequeno romance não teve tanta importância na estória. Talvez a melhor parte tenha ficado para o próximo livro.

O conflito fica por conta dos ataques dos centauros e minotauros à Fortaleza Negra, que vêm se tornando mais frequentes, colocando em risco a vida das pessoas. Até agora, a única coisa que mata os mitológicos são os Mestres, e eles defendem bravamente o lugar a cada ataque, mantendo a paz e a ordem. Esse conflito é o fio condutor para um segundo volume, que, de acordo com a própria autora, será lançado em maio de 2015.

O livro é muito bem escrito, e os personagens são cativantes. O romance entre uma humana e um vampiro pode parecer comum na literatura, mas Kel Costa consegue conferir a ele um diferencial importante: Aleksandra sabe o tempo todo com quem está se envolvendo, e Mikhail não tenta afastá-la ou transformá-la em vampira, ele apenas vai se deixando levar pelo momento, apesar de isso não condizer com sua posição de Mestre. Mikhail não namora como um humano, nem age como um, mas Aleksandra se acostuma com seu jeito e fica cada dia mais apaixonada.

O livro é permeado de momentos engraçados, com Aleksandra se metendo em algumas confusões com Kurt e Lara, ou quando ela tem algumas briguinhas com seu irmão Victor, dando leveza à leitura. Em contrapartida, há situações muito tensas em que parece que tudo vai desmoronar, deixando o leitor preocupado e torcendo para que as coisas se resolvam logo. Mas com certeza as melhores partes são quando Aleksandra está com Mikhail: é interessante acompanhar a mudança de atitude dele com ela, e como, lentamente, eles vão criando um laço forte e inabalável.

Assim como eu me surpreendi com o enredo, acredito que o livro possa conquistar muito mais leitores. Deem uma chance para a literatura nacional e para uma estória de vampiros que segue princípios clássicos, mas que tem uma linguagem moderna e que deixa o leitor a vontade com os personagens. É totalmente possível se imaginar vivendo dentro da Fortaleza Negra, sendo protegido pelos Mestres e convivendo com os vampiros naturalmente, Além disso, toda menina gostaria de ter uma amigo como Kurt.

Joana Masen
@joana_masen

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