A poesia folk de Roberta Campos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A poesia folk de Roberta Campos

Cássia Eller, Zélia Duncan, Rita Lee, Ana Carolina, Elis Regina... Cantoras de estilos, épocas e atitudes diferentes, mas todas com extrema autenticidade e paixão pelo o que faziam. Qualidades essas, aliás, que melhor definem a obra de Roberta Campos. Nascida em Caetanópolis (Minas Gerais), a jovem cantora sempre partiu em busca da melodia perfeita, somando mais de 200 composições próprias, algo incrível para os padrões do pop atual, mas algo perfeitamente compreensível para quem ama folk e respira influências como Bon Iver, Neil Young, Beatles e Bob Dylan. É também algo comum para quem, como Roberta Campos, tem no violão sua fonte inesgotável de inspiração e poesia.

Recentemente lançado pela gravadora Deck Disc em vinil (o bom e velho LP ganhando cada vez mais força!), CD e CD digital, "Varrendo a Lua" é o primeiro trabalho oficial da cantora, absorvido por 10 faixas. A primeira coisa que chama a atenção em Roberta Campos é sua honestidade: quase todas as canções levam sua assinatura, mantendo uma sinceridade impenetrável. Apenas "Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor" não é sua: composta por Lô Borges e Márcio Borges, foi gravada pelo mestre Milton Nascimento no álbum "Pietá", de 2003. Apesar do muro sonoro claramente resvalar no folk, podemos ouvir a sussurros de MPB, pop, rock e nuances de reggae, cuja cadência pode ser sentida pulsando em "Mundo Inteiro".

Segundo a própria cantora, "Cada música deste disco foi escolhida porque uma completa a outra, uma mensagem dividida em histórias, em momentos, mas um único amor". Deve ter sido dureza mesmo garimpar apenas dez pérolas em meio a tantas outras que permanecem escondidas. A produção do álbum é caprichada e os músicos que acompanham sua delicada voz mostram criatividade, talento e bom gosto. Aliás, eu adorei o timbre da voz dessa cantora: é gostoso de ouvir, de sentir, de compreender e de viajar rumo à Lua em belos momentos como na pungente "Aqui e Ali" (a melhor faixa do disco); "Acabou"; "Sinal de Fumaça" e "Quando Vai Voltar", lançada como bônus para quem ouvir o CD em seu MySpace oficial. Nando Reis, um dos maiores compositores do país e dono de uma carreira fascinante, dá o ar de sua graça na romântica "De Janeiro a Janeiro", onde sua voz única concebe maior beleza a uma canção já marcada por uma intricada beleza.

Roberta Campos será o nome do momento no pop nacional. A qualidade de suas composições tem tudo para atingir o coração de muitas pessoas que buscam por sopros de novidades dentro de um universo que já nos presenteou com nomes inovadores como os citados no início deste texto. Pegando carona em um cometa rumo à Lua, a cantora aponta seu violão mágico para direções de infinitas possibilidades, abrindo uma extensa área iluminada de múltiplas partículas sonoras sem precedentes. Vale a pena conhecer e acompanhar a poesia folk de Roberta Campos.